Daniel Campos

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Encontrados 207 textos. Exibindo página 13 de 21.

02/07/2012 - Diretrizes

Não faça piada do que não tem graça. Não corra do que não quer fugir. Não busque amor se não tiver amor pra dar. Não se jogue se tiver medo de cair. Não saia do que não tem saída. Não fale o que não consiga engolir. Não aposte se não for para ganhar. Não invente o que não possa assumir. Não responda o que não foi perguntado. Não adivinhe o que não é para ser revelado. Não alinhe o que não foi feito para ser alinhado.

Não prometa o que está além do seu impossível. Não se meta com o futuro se tem pendências com o passado. Não procure à frente se ainda não olhou para o lado. Não regue sementes de pedra esperando flores. Não fale a verdade se não existe verdade. Não sonhe se não quiser ficar viciado em ilusão. Não quebre se não souber colar. Não pegue o que não der conta de carregar. Não prenda nada nem ninguém se um dia quiser se libertar....
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01/06/2012 - Dez anos sem Mário Lago

Há dez anos perdemos o artista que conseguiu unir com maestria o popular e a elegância em um mesmo palco. Há uma década estamos órfãos daquele que foi traído pelo tempo, com o qual tinha um acordo de viver eternamente. Perdemos o artista do coloquial, do improviso, do riso engajado. Há dez anos a partida do ator, do compositor, do jornalista, do escritor, do militante da política e da poesia nos deixou um vazio não preenchido. Sem Mário, sofremos de uma espécie de enfisema que não nos causa falta de ar, mas falta de arte. ...
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25/05/2012 - Diz que me ama

Diz que me ama, pula o muro, me beija no escuro. Diz que me ama, arrepia o meu coração. Diz que me ama, me condena como seu ladrão eterno. Diz que me ama num grito louco num sussurro capaz de transformar céu em inferno. Diz que me ama sem parar feito carrossel. Diz que me ama fazendo do meu corpo a sua cama. Diz que me ama, me atazana, encama, me chama. Diz que me ama e me santifica e me codifica e me edifica nesse sentimento que é metade desejo metade saudade do que ainda não vejo.

Diz que me ama, embaralha meus dias, ignora minhas falhas, forja meu destino em sua fornalha. Diz que me ama e me arranha e abocanha minha solidão me apanhando em suas mãos. Diz que me ama me embalando na canção da sua boca. Diz que me ama sendo muita mesmo pouca. Diz que me ama sem demora, sem dizer adeus. Diz que me ama em público como os fieis e em segredo como os ateus. Diz que me ama, me chora, me engana, me enfeitiça e me reboliça criando e recriando em feito de deus. ...
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16/04/2012 - Dona Pomba-Gira

Dona Pomba Gira me convidou para rodar na barra da sua saia, laiá. Com as bênçãos de Oyá, me põe para girar pra lá e pra cá, sem parar, sem parar, sem parar de rodar, laiálaiá.

Dona Pomba Gira vira feito pião, roda virando pelo céu, pelo chão. Cheirando a álcool e cigarro, roda no barro do terreiro baixando as cartas do baralho indicando atalhos no destino.

Dona Pomba Gira me chamou para rodar nos seus rodados. A roda da dona Pomba Gira é roda cantada, ponteada, bordada e marcada por fitas avermelhadas. ...
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10/04/2012 - Deuses da morte

Que venham os Ceifadores. Que venha o apocalipse e o Anjo do Abismo. Que do Egito venha Anubis e comece a conduzir as almas ao julgamento. Que venha Azrael, enviado por Alá, para recolher as almas. Que venha o Barão Samedi, o Vodu que controla a passagem entre o mundo dos vivos e dos mortos. Que venham Cizin e Ereshkigal, as deusas maia e acadiana dos mortos. Que venha a senhora do fim dos tempos. Que venha o Juízo Final. Que venha a dama dos pesadelos. Que venha aquela que ninguém engana.
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06/04/2012 - Diferentes sextas santas

Hoje há quem encene a Paixão de Cristo e quem viva suas próprias paixões, teatrais ou não. Hoje há quem faça jejum e quem cometa o pecado da gula. Hoje há quem passe o dia em silêncio de convento e quem resolva cantar igual pássaro ao vento. Hoje há quem faça Via Sacra e quem trilhe vias profanas e, quiçá, humanas. Hoje há quem dê provas de fé e quem coloque a fé à prova.

Hoje há quem se entregue ao sofrimento de Cristo e quem não abra mão de ser feliz independentemente de data ou da história. Hoje há aqueles que fecham o corpo com simpatias rituais e quem abra o corpo de um jeito nunca dantes aberto. Hoje há quem preencha o dia com orações e quem fique alheio à linguagem de deus e de santos. ...
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18/03/2012 - Deus customizado

Deus está de cara nova. Deus agora é paz e amor. Esqueçam aquele deus bíblico, das pestes do Egito, da crucificação de seu filho, do apocalipse. Deus deixou de ser rock’n roll e está mais light. Um deus manso, bossa-nova. Deus não anda mais com um trovão na mão, mas com uma varinha de condão. Deus não senta no trono, mas na geral, no meio da multidão. Deus deve até mesmo vibrar com algum time de futebol já que o mundo virou uma bola. Deus anda tão zen que não pega mais no pesado, tampouco arranca os cabelos por conta de suas criações. Deixou o mundo a cargo do livre-arbítrio, que funciona como uma espécie de piloto automático. ...
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Comentários (1)

16/03/2012 - Desburocratize-se

Descomplique o que não tem solução. Diariamente transforme pelo menos um de seus tantos não em sim. Desamarre a cara. Fale de felicidade como se ela – a felicidade – estivesse em suas mãos. Não perca tempo, tampouco se perca dele. Pelo contrário, encontre-se no tempo. Nem fale demais nem escute de menos. Respeite, na medida do possível, as medidas, as divididas, as partidas. Nem aceite tudo nem rejeito o mundo. Mergulhe fundo na alma humana e desdobre cada segundo.

Se for para sofrer que sofra com arte. Reinvente receitas de viver e de morrer. Deguste dose a dose de seu dia em diferentes cidades. Lembre-se: nem todo vinho é fácil. Transforme o ato de sorrir, mas sorrir com gosto, num fenômeno natural. Quebre as pedras de sal até encontrar um quê de açúcar. Convide seus dramas para uma dança. Absorva o mínimo necessário para viver. Quanto mais peso menos frequentes e mais baixos seus voos. Chacoalhe o silêncio até ele virar música; a sua música.


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28/02/2012 - Dumont

Existem sobrenomes que mais parecem nomes, são como locomotiva, com brilho e forças próprias. Dumont, sobrenome que voa e, que mede o dia e a noite e que desenha com meadas de linha. Dumont é um sobrenome sonoro, chega a cantar na língua, estalar nos ouvidos. Sobrenome que desvirginou o céu dos homens. Santos 14 Bis Dumont. Sobrenome de asas e ponteiros, de liberdade e relógios. Uma grife do tempo que anda no pulso de homens de negócios e de mulheres atemporais.

Nome de aeroporto, de cidade do interior, de praça, de rádio, de matizes. Dumont, das linhas e das agulhas, dos pontos e das tradições, das bordadeiras mineiras. Dumont, sobrenome de visconde, de pé de valsa, de rei do café, de escritor de novelas, de donzela. Sobrenome de quem, em francês, é do monte, do morro. Sonoramente, pode ser casado perfeitamente com Drummond, com Leblon, com batom, com Saigon. Dumont, mais do que uma nomenclatura, um som.


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27/02/2012 - Detesto segunda-feira

Eu detesto a segunda-feira. Detesto o cheiro, a luz, o ambiente, a conversa, o sorriso amarelo de uma segunda-feira. Detesto o comportamento e o sentimento contidos numa segunda-feira. Eu detesto a falta de gosto e o desgosto e o mau-gosto de uma segunda-feira. Eu detesto o artificialismo, o cinismo e o entreguismo que reinam numa segunda-feira. Eu detesto os indicadores e os atores da segunda-feira. Eu detesto a preguiça que é associada à segunda-feira. Eu detesto o politicamente incorreto de uma segunda-feira....
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