Daniel Campos

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25/05/2012 - Diz que me ama

Diz que me ama, pula o muro, me beija no escuro. Diz que me ama, arrepia o meu coração. Diz que me ama, me condena como seu ladrão eterno. Diz que me ama num grito louco num sussurro capaz de transformar céu em inferno. Diz que me ama sem parar feito carrossel. Diz que me ama fazendo do meu corpo a sua cama. Diz que me ama, me atazana, encama, me chama. Diz que me ama e me santifica e me codifica e me edifica nesse sentimento que é metade desejo metade saudade do que ainda não vejo.

Diz que me ama, embaralha meus dias, ignora minhas falhas, forja meu destino em sua fornalha. Diz que me ama e me arranha e abocanha minha solidão me apanhando em suas mãos. Diz que me ama me embalando na canção da sua boca. Diz que me ama sendo muita mesmo pouca. Diz que me ama sem demora, sem dizer adeus. Diz que me ama em público como os fieis e em segredo como os ateus. Diz que me ama, me chora, me engana, me enfeitiça e me reboliça criando e recriando em feito de deus.

Diz que me ama pedindo nada e ao mesmo tempo tudo em troca. Diz que me ama, pisa nos meus passos, aperta nossos laços, coloca o que sou, o que tenho e o que quero em seus braços. Diz que me ama sem negativas ou tratativas, mas num tom afetivo impositivo. Diz que me ama e tatua esses dizeres em cada célula. Diz que me ama de dentro pra fora e de fora pra dentro, a favor ou de encontro ao vento. Diz que me ama como quem declama uma confissão, como quem emana ilusão ou como quem proclama um furação.

Diz que me ama e não diga mais nada.


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