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Encontrados 60 textos de junho de 2014. Exibindo página 2 de 6.
25/06/2014 -
Menina que não cresceu
Alma rosa choque. Menina que não cresceu. Estrelas no teto. Pelúcias que conversam sobre você e eu. Mãos que não sabem dizer adeus. Príncipes encantados sob sua janela. Música alta. Choro quieto. Travesseiro embebido de segredos. Sonhos sustenidos. Pés beijados. Amores encantados. Liberdade sem tramela. Roupas de poesia. Vestidos de palavras. No lugar do sangue, corre lava. Rimas pela maquiagem. Intuição perfumada. Borrifos de ilusão. Cama soprada ao mar aberto. Coração em alta-voltagem. Desejo nada discreto. Par de asas. Pele em brasa. Unhas ousadas. Cabelos noturnos. Olhos gatunos que roubam o que bem querem. Prosa adocicada. Boneca animada. Medos que ferem. Sapatos e raptos. Braços e pernas em dobraduras. Costas para aportar depois da adrenalina. Maestrina das loucuras. Abraços em farturas. Carne dura bailando, rodando, dançando por um amor de menino e menina. Santa demônia. Tremores de prazer e querer tempo adentro. Insônia do bem. Noite no alto firmamento. Suores essenciais. Conjunções carnais. Signo de rapina. Alma rosa choque. Menina que não cresceu.
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25/06/2014 -
Temporando
O tempo é um beijo roubado
Que se dá quando menos se espera
Começa e acaba no passado
Mesmo que prometendo outra era
O tempo é futuro mais-que-perfeito
O presente inconsequente
Pulsos e impulsos de expectativa
Numa oitiva entre o errado e o direito
O tempo é o que ainda não veio
É o corvo no campo de centeio
É o corpo distraído da moça
Que quebra louça num olhar proibido
O tempo é o sal da arrebentação...
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24/06/2014 -
Não há segredo
Você sabe quem eu sou, de onde venho e pra onde vou. Não é proselitismo inconsequente, mas não é preciso dizer mais nada. Eu sou exatamente o que sinto. E eu amo, e eu amo, e eu amo mesmo que perdido no seu labirinto. Você conhece a minha estrada e as minhas saídas. Meus gestos atestam meu romantismo. Meu silêncio grita por mim. Meus olhos verdes atraídos, hipnotizados, transados nas suas unhas carmim. Suas retinas nas minhas são testemunhas do sonhadeiro que baila cá dentro. Modestamente, sou o viveiro dos seus sonhos. Por quantas vezes suas borboletas voaram em mim. Suas mãos se lembram das minhas que eu sei. No seu reino de princesa quem tem coração é rei. Nossas bocas ainda não saíram das rinhas. Navegamos em rios de arrepios. Desconhecemo-nos nos conhecendo; conhecemo-nos nos desconhecendo. E tudo o que foi dito e escrito ainda move moinhos, e como move. Nosso mundo é tão bonito. E tudo o que vem de nós ainda é capaz de transformar espinhos em pétalas. E você me absorve, comove, ai, i love, i love you, e o amor seu me faz romeu. De novo um novo romeu e julieta, você e eu. Você tem certeza do que sou capaz. Ao contrário de um ás, trago um verso na manga. Só não sei blefar, sou de assumir, de declarar, de apostar cegamente tudo o que exponho abertamente e apaixonadamente como amor que sangra sem medo, sem segredo, sem se importar se já é tarde ou ainda é cedo. Você sabe quem eu sou, como me doo e onde estou.
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24/06/2014 -
Divisões e multiplicações
Véu por véu, luzes do céu
Espalham-se sobre nós
Irradiando o amor, o amor
Incondicional
Que não nos deixa só
Dia a dia, pétalas de energia
Unindo mentes e corações
Num sentimento, sentimento
Espacial
Que eleva nossas vibrações
Tempo tempo de mudança
Vozes abnegadas de estrelas
Mensageiras da esperança
Sobrenatural
Que da paixão ergue fileiras
Cantos e encantos medianeiros...
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23/06/2014 -
Cadê minha estrela?
Tempo fechado. Céu carregado. Olhos nublados. Cadê minha estrela, cadê? Camadas e mais camadas de nuvens grossas. Um vento na cadência de bossa. E um frio que na alma roça. Cadê minha estrela, cadê? Anunciam o final dos tempos. Meu coração se contrai ao relento. Um reino de fantasia para habitar eu invento. Cadê minha estrela, cadê? São tantas e tantas cobertas. São tantas horas incertas. São tantas trilhas desertas. Cadê minha estrela, cadê? No horizonte nem sol nem avião. Pelas encostas um extenso barradão. Tudo parece vir ao chão. Cadê minha estrela, cadê? Estenda as velas, pois o barco é a própria cama. Tente ouvir, mas não há ninguém dizendo que ama. Há uma solidão generalizada queimando como fria chama. Cadê minha estrela, cadê? Ninguém conversa alto. Mulher alguma passa de salto. E o destino não sofre sobressalto. Cadê minha estrela, cadê? Pelas paredes uma brancura de neve. Pelas ruas ninguém se atreve. E a cabeça se enche do que não deve. Cadê minha estrela, cadê? Pedidos por um bolo de chocolate. Pedidos pela vermelhidão de um esmalte. Pedidos de que nunca assim falte. Cadê minha estrela, cadê? Os pássaros fecham suas asas. Os amantes internam-se em suas casas. Os esperançosos sopram suas brasas. Cadê minha estrela, cadê? Toma gosto pelo que não vê. Pega as entrelinhas da atmosfera e lê. Para ser feliz ignore da vida cada por quê. Cadê minha estrela, cadê?
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23/06/2014 -
Jeito do mato
Eu tenho esse jeito do mato
Essa alma, de fato, caipira
Tenho seiva nos olhos
E água do ribeirão nas veias
Eu tenho pulmão de corruíra
E um retrato verde no fundão
Das retinas
E um cardume de lambari
Beliscando meu coração
Tenho pé de vento
E mão de violeiro
Vejo a lua como uma menina
Sinto o seu perfume
E a ela faço minhas toadas
E a chamo de namorada
Dando-lhe um buquê de vagalumes
E meus passos nesse estradão...
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22/06/2014 -
Saudade caipira
A saudade canta rangida como um carro de boi. A saudade se esparrama como ramas depois da chuva. A saudade fecha como tempo em tarde de temporal. A saudade balança como cavaleiro no lombo do animal. A saudade ronca como trator em marcha pesada arrastando grades pela terra selvagem. A saudade assovia como vento solto pelo estradão. A saudade mancha por dentro e por fora como amora. A saudade aperta como caju. A saudade caleja como mãos no cabo da enxada. A saudade orvalha os olhos de quem sente. A saudade esquenta como fogão de lenha. A saudade respinga como casa sem forro em dia de chuva. A saudade chicoteia como cavalo xucro. A saudade é locomotiva puxando tantos e quantos vagões de lembranças. A saudade troveja e faz clarão. A saudade escorre como água de mina. A saudade afia como corte de canivete amolado na pedra. A saudade madura como fruta no pé. A saudade vai fundo, e mais que mais fundo, como raiz. A saudade dá arrepio como causo de assombração. A saudade é estação sem trem. A saudade estala como fogueira ao luar. A saudade valsa como pés que se põem a rodar. A saudade corta como capim napier. A saudade dá fisgada como peixe que morde sem morder a isca. A saudade é como a galinha que mesmo sem ovos continua choca. A saudade chora como leite na pele verde do mamão. A saudade vai encorpando como uma boa polenta. A saudade é visível e invisível e por isso engana como teia de aranha. A saudade é o cisco que não quer sair do olho. A saudade rói até a lua no céu. A saudade açucara o que temos de mais doce. A saudade é boiada estourada. A saudade nos trança com mãos de saci. A saudade pinica como folha de milho. A saudade faísca como casco na pedra. A saudade espinha como arroz-do-diabo. A saudade ponteia o que não terminou.
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22/06/2014 -
Pássaro verde
Chapéu de palha
Dourado de sol
Um par de botas
Avermelhado
Da terra que brota
E talha
Na alma de rouxinol
Que canta pelo verde
A liberdade
De viver sem paredes
Coração rural
Amor de outra realidade
Quiçá sobrenatural
Patativa do campo
Canário do reino
Nó de pintassilgo
Pequeno curió
Galo da campina
Ave que voa só
Por trás das colinas
Do além-sentimento
Eu sigo seus voos...
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21/06/2014 -
Um só beijo
Era só um beijo
Perdido
Na multidão
Um beijo só
Caído
Na contramão
Um só beijo
Partido
Na meia-estação
Só um beijo era
O pedido
Ao deus garçom
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21/06/2014 -
Lua de Prometheus
Pelas vielas de prometheus a lua marcha sentinela dos dias meus. Tem sempre um luar específico que me acompanha sem cessar. Lua cheia me faz uivar. Lua minguante me deixa distante. Lua nova me põe à prova. Lua crescente me faz seguir em frente. Lua rosa me deixa prosa. Lua azul me deixa nu. Lua em chamas me leva à cama. Lua de mel me arranha, me arranha, me arranha-céu. Lua de prata me faz vira-lata. Lua de eclipse dá vão ao disse-me-disse. Lua de crepom vem marcada de batom. Lua de seda me joga em veredas. Lua de cetim descobre você pra mim. Lua de São Jorge nem o diabo com ela pode. Lua de renda pede uma prenda. Lua amarela me visita na janela. Lua branca tem ares de santa. Lua de faz-de-conta sempre apronta. Lua de filme de terror inspira agarros de amor. Lua de pirata evoca uma falta. Lua de inverno enlaça vestido e terno ao longo da rua de prometheus onde nunca há adeus.
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