Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 53 textos de dezembro de 2014. Exibindo página 3 de 6.

17/12/2014 - Coração esvaído

Dói
Não ter você
Não ter porque
Não ter buquê
Algum
Em lugar nenhum
Não há festa
Não há casamento
O sentimento
Que a tudo infesta
É o tormento
O tormento de amar
E de ficar
Solto no ar
A espera do próximo vento
Que não se sabe pra onde vai
Levar
Um coração que só se esvai


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16/12/2014 - Ela passou

Ela passou e nem me olhou. Ela passou fingindo não me conhecer. Ela passou e me ignorou. Ela passou com tanto a dizer não dizendo nada. Ela passou num tão grande sofrer. Ela passou e me fincou sua decepção. Ela passou e mesmo calada me disse um tamanho não. Ela passou sem me descobrir como se eu fosse um camaleão. Ela passou e me deixou tantas mágoas. Ela passou como um rio passa com suas águas – sempre em frente. Ela passou e nem me abraçou. Ela passou e nem me pediu um beijo. Ela passou e nem se lembrou de tudo o que fomos, o que somos. Ela passou e me revirou sem encostar um dedo em mim. Ela passou e esburacou meu jardim do sossego. Ela passou e nem se dignou a perguntar como estou. Ela passou como um vento que passa sem tomar conhecimento do que está na estrada. Ela passou deixando um perfume de angústia. Ela passou cega ao meu coração. Ela passou dando nós em minha garganta. Ela passou evocando minhas lágrimas num ritual sem explicação. Ela passou materializando a saudade que de tão concreta pesou sobre meu corpo. Ela passou mortal como bala de canhão. Ela passou dramática, enfática, bombástica. Ela passou roubando-me o ar. Ela passou pisando firme mesmo sem saber que caminho seguir. Ela passou e me confundiu. Ela passou e, querendo ou não, certeiramente me atingiu. Ela passou como um cometa que não se sabe quando vai passar novamente. Ela passou e nem sorriu. Ela passou honrando seu luto. Ela passou intensa até demais. Ela passou como os amores passam, deixando rastros de dor e vazio.


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16/12/2014 - Dois mundos

Sou de dois mundos
Como o vagabundo
É das ruas
E o poeta da lua
Sou de dois mundos
Sem fundos
Estou em queda livre
Suspenso no espaço
Estou onde vive
A estrela amada
E onde meu passo
Marca a caminhada
Sou de dois mundos
O profundo
E o mais profundo
Sou do mundo que habito
E também do que orbito
Sou do mundo carnal
E do mundo sentimental
Dois mundos
Que se cruzam segundo a segundo...
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15/12/2014 - Canto binário

O homem que é metade amor metade razão
Sabe muito bem que mais dia menos dia
Tais metades serão matemática sem explicação
Porque não se equilibra dois pratos realidade e fantasia
Sem que um deles venha fatalmente ao chão

O homem que é metade amor metade razão
Tem que rezar muito para que seu destino
Seja mais dia menos dia um copo de perdão
Porque a guerra entre o real e o imaginário
Entre o concreto e o lendário
Vai corroendo sua vida interior num canto binário ...
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15/12/2014 - Cheiro de café

O cheiro do café infesta todas as frestas da casa, do corpo, do tempo. As essências do café coado na hora vão impregnando no hoje, misturando-se ao ontem. A alma encorpada vai preenchendo o copo da vida. E tudo se encontra numa xícara de café. Sabores acumulados, guardados ao longo da existência, gostos que nunca nos deixaram, mergulhados no aroma do café. Um cheiro que enche o ambiente, que dá vida ao que muitos já julgavam esquecido, perdido, caído... O café e o prazer. O café e o querer. O café e o poder. O café de cada um definindo cada qual. Ralo, forte, doce, amargo, intenso... Quantas memórias seguem concentradas num gole de café? Café, encontro e reencontro de homem e mulher. Café, um cheiro de fé como vela a ser bebida. Um perfume propenso a ser bebido e vivido a partir da ruptura dos véus do tempo.


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14/12/2014 - O senhor da cidade

O senhor da tempestade
Chegou com pés de vento
À cidade
Tombou árvore, caiu casa
Anjo da guarda perdeu asa
Deu inundação
De terceiro grau
E muita destruição
Pelas mãos do senhor
Veio dor e solidão
Água virou punhal
Correu sangue, correu lama
Criança foi pra debaixo da gama
Gente feito gato foi pro telhado
E veio vento e veio raio e veio pedra
E veio grito e veio correria e veio queda
Foi como se o mar tivesse virado...
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14/12/2014 - Julgando

Dizem-me absurdos. Acusam-me. Colocam o dedo na minha cara. Julgam-me. Condenam-me. O chão se abre e surgem inquisidores e mais inquisidores. Bradam contra mim. Gritam-me. Batem-me com palavras. Não acreditam no que eu sou. Lançam-me aos lobos. Trazem-me lágrimas. Devastam meu ser. Destroem meu dia. Tacam fogo no que construí. Chamam-me dos nomes mais cruéis. Tentam manchar minha história. Atiram pedras. E eu continuo de pé.


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13/12/2014 - Lua e terra

A terra podia ser quadrada, triangular, hexagonal, mas quis o deus do princípio que ela fosse redonda, como a lua que ronda meus olhares em tantos e quantos luares como se minguantes ou crescentes fossem meus radares para o que há de fantástico nesta redondice que me move em direção às novas ou cheias numa terra de ninguém e de sonhos em que o Santo Jorge salvou a princesa do dragão, em que os noivos se deleitam em mel, em que os ratos comem como queijo, em que o homem ousou pisar quando devia por lá chegar ter ajoelho como um altar sagrado aos poetas que viajam à lua todo bendito redondeando aquele território que é a parte romântica da terra, até os piratas com seu rum a namoram querendo conquistá-la, lua e terra ligadas por um cordão umbilical de poesia, cordão prateado, amarelado, azulado, rosado e até esverdeado quando a lua de Olorum é visitada pelos caboclos da alvorada numa festa de energia que renova a lua, a lua, a lua, coração de deus por nós flutua.


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13/12/2014 - Do micro ao macro

Pelo sim pelo não
Eu sou só coração
Um canal aberto
Entre o tempo
E o sentimento
Que há por perto
De tudo o que há
Da grande Gaia
Que o raio arraia
Até o zóio da sabiá
Que ainda no ninho
Nunca que sossega
O amor pelo amor
É o meu caminho
Micro-macro-mega
O amor que enxerga
E de tanto amor cega


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12/12/2014 - O grande cacique

O grande cacique
É da tribo das nuvens
Não é de fazer piquenique
Nem ter medo do que ruge

O grande cacique
Tem sangue de mato
Não cai em sobressalto
E ainda aposta no amor
Sem precisar de alambique

O grande cacique
É do tempo que não havia tempo
Tem olhos de condor
E coração de pau-a-pique

O grande cacique
Conhece a sua caça e os seus caçadores
Entende dos amores de cachoeiras...
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