Daniel Campos

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Encontrados 62 textos de outubro de 2013. Exibindo página 6 de 7.

06/10/2013 - Passe por mim

Passe por mim
Sem receio
Passe por mim
Dizendo ou não
A que veio
Passe por mim
Feito canção
Feito floreio
Feito clareio
Passe por mim
Inteira
Sementeira
Em meus veios
Passe por mim
Pelo meio
De mim
Passe por mim
Enquanto vagueio
Pelo começo
E recomeços
Do seu fim.


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06/10/2013 - Vá em frente

Vá em frente, como rolha de champanhe. Vá em frente, como pedra na mão de menino. Vá em frente, como flecha saída do arco. Vá em frente, como um passo adiante outro passo. Vá em frente, como avião de papel. Vá em frente como papagaio em dia de vento. Vá em frente, como semente dentro do pássaro. Vá em frente, como barquinho na enxurrada.

Vá em frente, como cruz de procissão. Vá em frente, como olho de curioso. Vá em frente, como moleque de recado. Vá em frente, como homem bala. Vá em frente, como bala perdida. Vá em frente, como serpentina no salão. Vá em frente, como língua de sogra. Vá em frente, como bucha de canhão. Vá em frente, como estrela guia. Vá em frente, como isca.


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05/10/2013 - Corrente, correnteza

Desperto
Com céu vazio
Mar deserto
E tempo imenso
Denso, tenso
E corrente
Como um rio
Que arrasta com gana
O que sobrou de mim
Da minha metade humana
Da minha metade serafim
Pela correnteza
Entre as garras persas
Da saudade
E a delicadeza
Da realidade
Ou vice-versa.


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05/10/2013 - Quando chove

Quando chove, sementes de semeaduras passadas ainda brotam em mim. Quando chove, os pássaros trocam o silêncio por uma algazarra que ecoa por toda minha extensão. Quando chove, as braquiárias verdejam para alimentar arrobas e mais arrobas de sonhos que vivem em minhas invernadas. Quando chove, a cigarra que vibra dentro de meu coração se alvoroça ainda mais. Quando chove, abro os braços para a chuva, tiro a roupa na chuva, abro a boca em busca de chuva.

Quando chove, abro todas as minhas janelas para que a chuva alcance cada cantinho meu. Quando chove, ganho cor e sentido renovado. Quando chove, sinto os deuses mais perto de mim. Quando chove, sinto uma vontade incontrolável de bater um bolo de fubá com erva-doce de coar café. Quando chove, o vento me enche de perfumes. Quando chove, não há quem me faça fugir da chuva. Quando chove, o meu eu feito de barro se remodela, pois viro lama.


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04/10/2013 - Língua

Que língua, que língua, que língua você fala? Será a língua, a língua
Das fadas, das estrelas, dos peixes de néon, das encantadas,
Dos corações de crepom, das centelhas, das luas de batom?
Língua de menina, língua menina, menina língua, língua em e de meninices...
Será, será que será, será que fala a língua dos deuses antigos,
Das civilizações ainda não nascidas? Será alguma língua proibida,
Esquecida, perdida? Será uma língua de prazeres ou de perigos?...
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04/10/2013 - Florida

Ela passou por jardins, por canteiros, por parques e se vestiu de flores. De flores amarelas, verdes, vermelhas. Ela esverdejou e floriu, como florem as mulheres primaveris, de tempos em tempos, em diferentes sentimentos. De uma saia negra, um universo sem estrelas, brotou ramos e pétalas num blazer furta-cor. Ela saiu espalhando pólens, como um beija-flor que trocou bicos por lábios.

Ela passou com os olhos em botão, com asas abertas como rosa que quer voar. Ela passou falando a língua das flores, sendo entendida e sentida pelo mundo dos ramos. Ela passou, voou, mergulhou pelas ruas espalhando e se deixando, como que se entregando sem querer, em perfumes e cores. Ela passou despertando ciúmes, causando invejas, numa floração que chegou ao cume da paixão.


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03/10/2013 - Vestida de negro

Ela amanheceu
Vestida de negro
Dos pés à cabeça
E eu me dependurei em seu corpo
Correndo minhas mãos
E minha boca
Por seus braços e pernas
Rocei meu rosto nas folhas
Finas e delicadas
Claras e escuras
De suas faces
E eu beijei e bendisse seu pé
Querendo carregá-lo comigo
Por todos os dias
E tempos
De minha existência
Eu a mordi, a mordisquei
Eu a mastiguei e a engoli
Quis ter aquele doce ...
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03/10/2013 - Índio

Tem um índio dentro de mim. Um índio que quer vida. Um índio alto, gigante, que escapa pelos meus poros. Um índio que fala todas as línguas. Um índio que se entende com as estrelas. Um índio que ama o que é do mato. Um índio que fala forte. Um índio que pulsa em mim. Um índio contemplativo e guerreiro. Um índio que chora pelos pássaros caídos, pelas árvores tombadas, pelas terras queimadas. Um índio que reina num reino sem dono.

Tem um índio que festeja e guerreia em mim. Um índio que toma de conta de tudo o que sou, o que sonho, o que faço. Um índio pintado com cores e desenhos trazidos dos céus. Um índio de rituais ancestrais. Um índio que conhece cada uma das minhas trilhas. Um índio que é da lua, do rio, da mata. Um índio com asas espalhadas pela pele vermelha. Um índio que anda descalço pelo meu território em respeito ao sagrado que existe em meu mundo particular.


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02/10/2013 - Amor a Piaf

Piaf
Viveu e morreu
De amor
E para ela não havia amor
Impossível de se viver
Ou de se morrer
Piaf
Falando ou cantando
Tricotava
Emoções e canções
Como quem aconselhava
Meninas e mulheres:
Ame, ame, amem...
Piaf
Não tinha medo da morte
Mas do corte
Frio e bravio
Da solidão
Piaf
Não via porque existir
Ou fingir ser o que não é
Longe dos palcos, do seu lugar...
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02/10/2013 - Direcionamentos

Ande um pouco mais por essa corda bamba da realidade. Vá um pouco além da mesmice. Capricha no chorinho da ilusão. Insista em avançar por terrenos desconhecidos e, quiçá, proibidos. Continue em busca do sonho. Não se esqueça de superar a si próprio. Mais uma pitada de fantasia, por favor. Uma dose extra de ineditismo não vai fazer mal. Que tal viver uma overdose de sim no mundo do não?

Viva e morra positivamente. Engula os lamentos. Livre-se das lembranças ruins. Se está cansado de caminhar, começa a voar. Tire o que lhe faz triste como quem tira uma roupa. Troque de hábitos sempre que for necessário. Não troque o seu destino. Traga o tempo para o seu lado, pois de nada adianta ter passado, ou presente ou futuro como inimigo. E jamais passe a sua vez de viver, de ser, de acontecer...


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