Daniel Campos

Texto do dia

Se você gosta de textos inéditos, veio ao lugar certo.

Arquivo

2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Encontrados 60 textos de setembro de 2013. Exibindo página 1 de 6.

30/09/2013 - Soneto da confissão

Confesse que me acha chato, bobo, idiota
Que me quer longe, como Vênus de Netuno
Confesse que está louca pra bater a porta
Nesta cara pouca num instante oportuno

Confesse que optou por bem melhor companhia
Que nem se lembra do sonhador que cá existe
Confesse que voltou as costas à fantasia
De repente e sem culpa de me fazer triste

Confesse o não sentir falta desta presença
Que tudo não passou de uma vaga ilusão
E em silêncio, deu-me a solidão por sentença...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

30/09/2013 - Outro tempo

Eu queria ter chorado no Olympia com Edith Piaf. Eu queria ter bebido um uísque, ao menos um uísque, com Vinícius de Moraes. Eu queria ter aplaudido Paulo Autran, olhos nos olhos, de pé. Eu queria ter conversado, numa prosa onde mais escutaria do que falaria, com Tia Neiva. Eu queria ter aprendido as pedras do caminho com Carlos Drummond. Eu queria ter caminhado no Jardim Botânico e depois pelas teclas do piano ao lado de Tom Jobim. Eu queria ter subido o morro de Mangueira pelas mãos de Cartola e Cavaquinho. Eu queria ter pegado o trem das onze com Adoniran. Eu queria ter marchado impulsionado por Chico e Caetano. Eu queria ter tomado um café com Fernando Pessoa. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

29/09/2013 - Seu Antônio Catireiro

Seu Antônio Catireiro chega batendo as mãos e os pés. E é nessa batida que ele se comunica, conversa e versa. Seu Antônio Catireiro conta causos de fé, de bicho e de mulher. Sapateando pra lá e pra cá, com seu cateretê seu Antônio só falta fazer chover.

Seu Antônio Catireiro já foi carreiro, roceiro, relojoeiro e taxista, mas foi na batida da catira que ele virou artista de janeiro a janeiro. É nessa batida que ele chega pra mor de cuidar, de encantar, de festejar... Sinônimo de alegria, seu Antônio Catireiro vem na cantoria. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

29/09/2013 - Escuta aqui ó

Eu grito às tuas paredes
Que de concreto me calam
Eu me embolo em tuas redes
Que me deitam e me embalam
Eu pergunto aos teus verdes
Que pelas matas me ralham
Matas-me ou me matam
Nesta sede
De teus óleos que saltam
Vim e vede
Como teus olhos me faltam.


Comentar Seja o primeiro a comentar

28/09/2013 - Menu reforçado

É bom caprichar no bife acebolado porque hoje vai ter trabalho dobrado. Mas nada de exagero para não virar prisioneiro da preguiça, que a tudo e a todos enguiça. Coma por dois para depois trabalhar por quatro. No prato, muito arroz, feijão com calabresa, e uma dose extra de sobremesa. E antes de sair da mesa, suspire fundo para enfrentar o mundo. O mundo da fome, o mundo do lobisomem, o mundo que some, o mundo que nos come, o mundo de tantos nomes...

É bom tomar muita água para encarar o sol, que mata mais do que repercol. Por mais apaixonado na branquinha ou na amarelinha, deixe a cachaça de lado sem faze graça ou gracinha. E vamos pelo tempo pardo tomar o trem da vida, cada um com seu fardo, cada qual com sua lida. E vamos em frente quebrar pedras e correntes com nossos bicos de papagaio. E vamos puxar a carruagem do tempo, e vamos arrastar o contêiner de sentimento, e vamos de taio em taio, de cara para o vento...


Comentar Seja o primeiro a comentar

28/09/2013 - Deixa o verde verdejar

Deixa a árvore crescer
Deixa o rio correr
Deixa o índio apitar
Deixa o mundo girar
Deixa a semente brotar
Deixa a nuvem chover
Deixa a mata fechar
Deixa a lua aparecer
Deixa o sol reinar
Deixa a estrela cair
Deixa a terra falar
Deixa a ave cantar
Deixa a flecha voar
Deixa o tempo gemer
Deixa a água nascer
Deixa a pedra quebrar
Deixa o vento assoviar
Deixa o pólen subir
Deixa o mal sucumbir...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

27/09/2013 - Amorando

Amor
Amorou
Amorante
Amoril
Amora
Amoração
Amorasse
Amoria
Amorita
Amorente
Amorida
Amorada
Amoruda
Amorar
Amoré
Amorena
Amorisse
Amoreca
Amorua
Amoricada
Amorói
Amorana
Amoreta
Amorene
Amorila
Amorélia
Amorel
Amoraça
Amoru
Amorite
Amorinho
Amorão
amoreva
Amorata
Amoró...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

27/09/2013 - Agradecido

Agradeço pelas dificuldades que me forjaram mais forte do que podiam imaginar. Agradeço pelos golpes que me preveniram sobre tudo e sobre todos. Agradeço pelas quedas que me ensinaram a levantar. Agradeço pelas tristezas que me fizeram valorizar os momentos de felicidade. Agradeço pelas secas que me fizeram delirar com a chuva, sentindo-a antes mesmo de sua chegada.

Agradeço pelas saudades que não me deixam esquecer quem fui, quem sou. Agradeço pelos obstáculos que me levaram a superar os meus próprios limites. Agradeço pelo tempo que me trouxe, ao seu tempo, sabores mais que especiais. Agradeço pelo silêncio que não me disse nada de errado na hora errada. Agradeço pela cegueira diante do que eu ainda não pude ver. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

26/09/2013 - Pedala

Pedala
Pelas
Estradas
Peladas
De estrelas

Pedala
Pelos
Pêlos
Apelos
Cabelos

Pedala
E fala
E embala
Sem frear
Sem voltar

Pedala
Pelos
Caras
Pelas
Caras

Pedala
Girando
Circulando
Desenhando
Revelando

Pedala
Em trajes
De gala
No ultraje
Que cala.


Comentar Seja o primeiro a comentar

26/09/2013 - Tolice

Por que insistimos em nos ferir, em nos agredir, em reagir ao amor que emana de diferentes pontos? Insistimos nas trincheiras, nos ataques, no conflito puro e simples sem razão alguma de ser e, até mesmo, de acontecer. Por quê? Insistimos em agressões baratas que custam tão caras no final das contas e por quê? Porque somos tolos insistimos em machucar, em maltratar, em golpear de forma baixa quem sempre nos colado para o alto.

Por que insistimos em trocar farpas quando deveríamos dar e receber o que há de melhor em cada um de nós? Insistimos em remoer o que já está pra lá de moído, em ressuscitar fantasmas e provocar uma guerra zodiacal. Por quê? Insistimos em destruir, em ruir, em fugir quando devíamos edificar, restaurar e encontrar, e por quê? Porque somos tolos insistimos em falar e ouvir o que não se deve, fazendo de nossas línguas e ouvidos armas mortais.


Comentar Seja o primeiro a comentar

      1  2  3  4  5   Seguinte   Ultima