Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 62 textos de outubro de 2013. Exibindo página 3 de 7.

21/10/2013 - Dia desazulado

O dia amanheceu menos azul. Um dia mais cinza, mais desbotado, mais triste. Um dia descorado. O azul vivo, que brincava em seus tantos tons e semitons, não apareceu. Um dia surgido como uma caixa de lápis de cores sem os azuis. Falta azulidade. O azul não pulsa mais. O azul não canta mais. O azul não vira mais de ponta cabeça. O azul não escorrega, equilibra ou salta mais pelo seu céu particular.

Ao contrário do que muitos diziam, o azul tinha coração. Um coração de asas inquietas. Um azul que gostava de voar, de ralhar, de dançar desafiando a gravidade. E agora, por onde anda o azul? Podem procurar pelos cantos e contracantos do dia empalidecido. O azul bebê, o azul feminino, o azul pássaro e outros tantos azuis se perderam de uma só vez, deixando tudo e todos num silêncio desazulado.


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21/10/2013 - Barulha

Barulha
Barulha sentindo falta
De alguém
Que se foi
Sendo seu bem
Corre pelo espaço
Escorre pelo braço
Morre de cansaço
De tanto barulhar
Grita
Apita
Agita
Querendo reclamar
Denunciar, falar
De amor perdido
De amor partido
De amor doído
Barulha
Borbulha
Entulha
Corações de dobradura
Que querem voar
Amar e barulhar
Pelas veredas
De um céu...
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20/10/2013 - Hora de verão

Sono virado
Olho pesado
Corpo cansado
Tempo adiantado
Dia forjado
Horário virado
Futuro passado
Sol enluarado
Relógio mudado
Coração desencontrado.


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20/10/2013 - Meus quatro caveleiros

Desde sempre, toda noite, antes de dormir, rezava pelos meus quatro avós. Rezava para que nada de ruim acontecesse com eles. Rezava agradecendo por tê-los perto de mim. Rezava para que eles continuassem vivos. Liberato e Adélia e, Antônio e Ofélia, foram durante minha infância, juventude e início da fase adulta meus quatro cavaleiros. Aqueles que estavam sempre comigo. Cada qual com seu jeito, com suas características e particularidades, me ensinaram, me forjaram, me amaram. Quatro caminhos que se cruzaram, de formas distintas e bonitas, no meu caminhar. ...
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19/10/2013 - Cem Vinícius

Não conheci Vinícius, que morreu um mês depois do meu nascimento, mas é como se eu o tivesse vivido durante todos esses anos. O poetinha é como uma espécie de sol, de lua, de estrela que se faz presente todos os dias da minha existência. Já li, já vivi, já bebi Vinícius de Moraes de tantas e quantas formas. Vinícius foi uma espécie de poeta da guarda, que sempre me aconselhou a ir por aqui ou por ali nos assuntos do coração.

Vinícius está na minha estante, no meu rádio, na minha memória. Samba da Benção, Pela Luz dos Olhos Teus e Eu Sei Que Vou Te Amar correm em minhas veias assim como Soneto da Fidelidade e A Brusca Poesia da Mulher Amada. Sou tão cheio de Vinícius, que ele chega a sair dos meus poros. A imagem do poeta, bem como suas palavras e ritmos, sempre me foram familiares. É como se Vinícius fosse minha casa. ...
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19/10/2013 - Quadrinhas pra Vinícius

Tem um Vinícius que canta
Perto da tramela
Da minha janela
Toda vez que a lua se levanta

Tem um Vinícius que gira
Na minha bebida
Feliz da vida
Bebendo e fazendo lira

Tem um Vinícius que compõe
Na minha banheira
Pela noite inteira
Enquanto estrelas se interpõem

Tem um Vinícius que abençoa
Em feitio de orixá
Em versos de saravá
Cada vez que a alma voa

Tem um Vinícius que acende...
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18/10/2013 - Oxossi me chamou

Meu pai Oxossi me chamou e eu estou aqui para o que der e vier, para chorar e sorrir. Eu estou nas árvores, com meu pai. Eu estou nas matas do meu pai. Eu estou nas águas que correm com meu pai. Eu estou sempre ali na companhia de meu pai. Sou arco e sou flecha nas mãos de meu pai. Sou pena, sou poema, sou cantilena, sou o que diz respeito ao meu pai e em nome dele exijo respeito e o que é meu por direito.

Meu pai Oxossi me chamou e eu ouvi, respondi e atendi seu chamado. Eu estou na magia encantada de meu pai. Eu vou nas forças de meu pai. Eu vôo com os pássaros de meu pai. Eu galopo com os cavaleiros de meu pai. Eu sou verde por dentro como meu pai. Sou o passo, sou o laço, sou o traço de meu pai. Estou na luz, estou no raio, estou no campo que é a casa de meu pai. Sou de Oxossi e estou a serviço de meu pai.


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18/10/2013 - Nunca diga nunca

Nunca diga nunca
Nem com os olhos
Nem com a boca
Nem com a nuca
Nunca diga nunca
Nem para você
Nem para a sã
Nem para a maluca
Nunca diga nunca
Nem pela manhã
Nem pela tardinha
Pois atrai forte uruca
Nunca diga nunca
Se quiser sorte
Se quiser amor
Nunca traz muvuca
Nunca diga nunca
Nunca pense nunca
Nunca traga nunca
Livre-se desta arapuca
Nunca diga nunca...
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17/10/2013 - Anjo da boca

Não diga
Mais nada
Nada a mais
Nem o meu nem o seu
Nome
Apenas tome
A estrada
Escolhida
Preferida
Proibida
E siga
Sem olhar pra trás
E mendiga
Por um quê a mais
E bendiga
Um anjo lilás
Que briga
Pra existir
Na solidão rouca
Pra não sumir
Por entre uma e outra
Pra não cair
Do céu da sua boca.


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17/10/2013 - Ouça bem

Ouça a lua em cada uma de suas fases. Ouça as estrelas em cada uma de suas pontas. Ouça as pedras em cada uma de suas lapidações. Ouça os insetos em cada uma de suas profecias. Ouça os pássaros em cada um de seus vôos. Ouça as mulheres em cada um de seus sapatos. Ouça as criaturas extintas em cada uma de suas lembranças. Ouça as bruxas em cada um de seus feitiços.

Ouça a água em cada uma de suas corredeiras. Ouça a terra em cada um de seus tremores. Ouça os antepassados em cada um de seus passados. Ouça as noivas em cada uma de suas caudas. Ouça os travesseiros em cada uma de suas confissões. Ouça os espelhos em cada um de seus reflexos. Ouça as rodas em cada uma de suas voltas. Ouça o silêncio em cada uma de suas infinitas faixas. ...
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