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Encontrados 31 textos de julho de 2011. Exibindo página 3 de 4.
11/07/2011 -
Não confunda os pássaros
O pássaro quando vai cantar não carece de cenografia, de efeitos especiais e de outras carestias. O pássaro, quando sabe cantar, simplesmente canta como que se fosse sorrir ou chorar. O pássaro não usa maquiagem não veste figurino ultrachique não dá chilique porque ele só quer se alimentar e sua música é sua comida, seu apetite. Cantar, para o pássaro, é tão simples como voar. Cantar, para quem, de fato, sabe cantar, é tão simples como sonhar mais um sonho.
O novo álbum de Caetano Veloso e Maria Gadu é assim, dois pássaros sem asas fazendo do palco o seu céu. Dois banquinhos e dois violões, duas vozes e dois corações. Não há necessidade de dançarinas seminuas, de imagens reproduzidas em telões, de laquê, buquê e fumacê. Não há motivo para esconder a atração principal porque os pássaros sabem cantar de verdade, da forma mais simples e pura que há, como se cantassem para voar, como se sonhassem para cantar. ...
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10/07/2011 -
Expressões...
É hora de abrir o coração, de abrir o jogo, de abrir os olhos a alguém. É hora de se deitar à sombra da bananeira e de agarrar seu sonho com unhas e dentes. É hora de arregaçar as mangas e ir armado até os dentes. É hora de jogar as cartas na mesa, de parar de andar feito barata tonta, de jogar um balde de água fria na situação. É hora de por as barbas de molho e de por mãos à obra. É hora de riscar do mapa e falar cobras e lagartos.
É hora de ficar com a faca e o queijo nas mãos, de parar de andar com a corda no pescoço e de dar com o nariz na porta. É hora de baixar a bola e de parar de bater na mesma tecla. É hora de colocar a cabeça de vez nas nuvens e de dar o braço a torcer. É hora de dar com a língua nos dentes, de dar o troco, de fazer um negócio da china. É hora de por os pontos nos is e de tirar a pulga detrás da orelha. É hora de uma mão lava a outra. ...
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09/07/2011 -
Cardápio aéreo
Andam dizendo por aí que os aeroportos brasileiros se transformaram em grandes rodoviárias em razão do número e da diversidade de freqüentadores. É uma pena que os responsáveis pela parte gourmet das companhias aéreas ainda não adotaram esse pensamento. Ao contrário de barrinhas de cereais, bolachinhas e sucos diet, as comissárias deveriam servir sanduíche de mortadela, torresminho, frango a passarinho e suco de groselha ou uma boa limonada.
Não há motivo para reclamações, pois as refeições seriam atrativas tanto para o bolso dos empresários quanto para o estômago dos clientes. É preciso mudar o conceito de alimentação aérea uma vez que não é só a elite saudável que viaja de avião. Como complemento, dever-se-ia servir fatias de melancia ou rodas de abacaxi. Tudo muito nutritivo. Já imaginou a sensação de paraíso ao comer uma fritada de sardinha sobre as nuvens. Coisa dos deuses. ...
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08/07/2011 -
Um convite a Inês Pedrosa
Depois de me possibilitar conhecer Vinícius de Moraes, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Dante Alighieri, Fiódor Dostoiévski, José Saramago, Pablo Neruda, Fernando Pessoa e tantos outros poetas e escritores que, ao longo da minha infância e adolescência, forjaram a minha alma, meu pai me apresentou Inês Maria Margarida Pedrosa, ou simplesmente, Inês Pedrosa.
Com a certeza de que havia descoberto mais uma pérola, colocou em minhas mãos o romance “Fazes-me Falta” da escritora portuguesa contemporânea. Uma obra que mistura literatura e poesia com carregadas doses de lirismo e sotaque lusitano. Adentrei a noite lendo aquelas linhas que chegavam a tirar meus pés do chão numa narrativa capaz de fazer brotar uma infinidade de asas em minha alma. ...
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07/07/2011 -
Cinco ou mais sentidos
Eu quero sentir o perfume de um limão galego, ver as roupas quarando no quintal, ouvir um canário da terra conversando com um canário do reino, saborear um sorvete macio, falar com um cupido na linguagem do arco e flecha, tocar a flor da pele de uma flor...
Eu quero cheirar o cangote da lua cheia, enxergar o que há por trás dos olhos de uma mulher, escutar o que diz um criado mudo, mordiscar a boca da noite, dialogar com quem já se foi, deslizar as mãos sobre as costas oceânicas da criatura atlântica......
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06/07/2011 -
Mulher melódica
Milímetro a milímetro, um novo pedaço de mulher desponta à medida que o silêncio é quebrado por suspiros, sussurros e gemidos. Violinos e pianos vão despindo-a a cada nota. É um desbravamento rítmico e totalmente melódico que vai absorvendo seus tons vivos e pastéis, seu equilíbrio, sua suavidade. Ora ela se mostra em meio ao som do vento ora em uma algazarra de gaivotas. Ela tem faces de bossa, feições de valsa, expressões de jazz, variações de blues, manhas de bolero e um chorinho sincopado.
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05/07/2011 -
Angus Mac Oc
Botox? Lipoescultura? Peeling? Ao contrário de abusar dos tratamentos estéticos e achar que tudo acaba em plástica, ela rezou por beleza e juventude. Foi muito além das simpatias que estampam as revistas de fofoca. Não rezou por um santo ou por uma das tantas denominações de Nossa Senhora. Também não apelou para os anjos mais distantes ou para os demônios mais próximos. Foi ainda mais longe.
Não sei onde aprendeu fazer isso, mas rezou para Angus Mac Oc em uma língua estranha. Era devota fervorosa do deus da juventude e da beleza dos celtas da Irlanda antiga. Ela nunca cruzou o atlântico, mas se considerava parte daquela civilização mágica. Assim como Angus Mac Oc transformava seus bejios em pássaros para transportar suas mensagens de amor, ela dava asas aos seus pedidos. ...
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04/07/2011 -
Pardon
Pardon, se ultimamente tenho dito menos eu te amo do que eu gostaria de dizer ou do que você gostaria de ouvir. Pardon pela minha pressa, pela minha constante falta de tempo, pela brevidade de tudo. Pardon por tantas reclamações, por tantas indefinições, por tantas divagações. Pardon pelo que fiz e também pelo que não fui capaz de fazer. Pardon pela cara fechada, pelo humor impreciso. Pardon pelo excesso de choro e pela escassez de sorrisos.
Pardon pelas promessas não cumpridas e pelas sucessivas despedidas. Pardon por pensar que você pode se perder ou se quebrar a qualquer instante. Pardon por tentar lhe proteger a qualquer custo. Pardon pelos vôos altos e pelos pousos forçados. Pardon por eu viver num mundo irreal, abstrato e puramente sentimental. Pardon por querer que você acredite no que eu acredito. Pardon se eu não sou um conto de fada ou uma comédia romântica, mas um drama pesado. ...
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03/07/2011 -
Mulher dos ventos
Apaixonante é a mulher dos ventos. Quem observa sua continentalidade, sua maritimidade, sua latitude, sua altitude e amplitude térmica, sabe do que estou falando. Sua natureza é propícia ao vento, basta ver sua linha do litoral delineando o horizonte mesclado. Ela é extremamente sensível a esse fenômeno. Pudera, é o vento em carne e osso. Não me espanta o fato dela ter como ascendente algum signo ligado ao ar, isto é, ao ar em movimento. Essa mulher é como um dínamo vivo, fazendo o vento bailar sobre si mesma. ...
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02/07/2011 -
Falta de fé na paz
Eu quero paz, mas não tenho fé. Abandonei ou fui abandonado, não sei bem a ordem desses feitos, pelos deuses da esperança. Sou um ateu em matéria de justiça. Acredito que o fim do mundo não será pela água ou pelo fogo, como dizem os livros sagrados, mas pelo sangue. Pelo sangue derramado. Homem versus homem. A humanidade se digladiando num planeta, ou melhor, num coliseu azul.
Os cavaleiros do apocalipse já estão soltos. E não são quatro como versam os apóstolos. São milhares, milhões, bilhões. Como resultado do pecado original, há uma semente desses cavaleiros adormecida em cada ser humano. E ela desperta facilmente quando regada por ira ou ódio, por egoísmo ou inveja, por vingança ou gula. Desperta e toma conta do corpo que a hospeda como uma espécie de câncer. ...
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