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Encontrados 31 textos de julho de 2011. Exibindo página 2 de 4.
21/07/2011 -
Tem gente...
Tem gente que vai, tem gente que vem, tem gente que sai, tem gente que tem, tem gente que cai, tem gente no trem, tem gente que some, tem gente que esquece, tem gente com fome, tem gente que enlouquece, tem gente que dorme, tem gente que ganha, tem gente que come, tem gente que apanha, tem gente que intriga, tem gente com sanha, tem gente que briga, tem gente que acanha, tem gente com figa, tem gente que assanha, tem gente que liga e gente que desliga.
Tem gente que fantasia, tem gente que morre, tem gente que adia, tem gente que corre, tem gente que assovia, tem gente com sorte, tem gente que chia, tem gente do norte, tem gente que queria, tem gente que quer, tem gente homem, tem gente mulher, tem gente lobisomem, tem gente sequer, tem gente astuta, tem gente maluca, tem gente sem cura, tem gente dura, tem gente pura, tem gente sem vergonha, tem gente que sonha e gente que enfadonha. ...
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20/07/2011 -
Traição sórdida
Beija-me a face como Judas, traição sórdida. Apunha-la pelas costas como Brutus, traição sórdida. Arma-me uma emboscada como Caim, traição sórdida. Inventa histórias como Cleópatra, traição sórdida. Açoita como Lúcifer, taição sórdida. Manipula como Calabar, traição sórdida.
Traidor, traidora, traidores. Atraiçoam. Engagam. Traem. Traem por prazer, por instinto, por vocação. Traem profissionalmente e de coração. Traem a sangue frio e no calor das emoções. Traem e se alimentam da própria traição. Traem uma, duas, três, quantas vezes preciso for. Traem como ladrões, como covardes, como egoístas, como mesquinhos, como traidores que são....
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Comentários (2)
19/07/2011 -
Majestade sertaneja
Mais do um só rei, no singular, Sérgio Reis. O cantor, que toca suas canções com voz suave, transfigura-se como o divino espírito do sertão. Sérgio é grande em corpo e alma. Dá pra imaginar o tamanho do coração estradeiro que traz guardado dentro do peito. O coração de um menino, menino da porteira. O cantor-boiadeiro que é afinado até ao tocar berrante e que não se separa do chapéu é feito de estradas, poeira, ventos, boiadas, chuva, sementes, cancelas, violas...
Canta fácil. Seu cantar é como animal cavalgando solto pelo pasto, como curió riscando céu, como água correndo rio abaixo. Sérgio, mesmo exibindo vastas e profundas raízes, é a personificação da natureza em movimento. É a essência mais pura do sentimento caipira. É a viola e a sanfona nos convidando ao arrasta-pé. Ao ouvi-lo surge uma vontade de botar o pé na terra, de pegar fruta no pé, de deitar à sombra de uma árvore, de pegar o trem do pantanal......
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18/07/2011 -
Chama o Chico que ele resolve
Faltou drible. Falou precisão de flecha e folha seca. Faltou delicadeza. Falou magia. Faltou coração. Faltou leveza. Faltou personalidade. Faltou sentimento. Faltou mistério. Faltou majestade. Faltou ilusão. Faltou chama. Faltou ineditismo. Faltou fôlego. Faltou beleza. Faltou romance. Faltou a finta. Faltou ginga. Faltou ritmo. Faltou arte.
Para as crônicas de Nelson Rodrigues, faltou quem pudesse superar nosso complexo de vira-latas. Para os textos de Armando Nogueira, faltou quem tivesse nascido bola. Para Fiori Gilliot, faltou quem lhe tirasse um grito de gol. Para as marcações de Telê Santana, faltou quem concretizasse que somos melhores e desse espetáculo. ...
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17/07/2011 -
Engraçadinha
É de verdade ou de mentira essa mulher que me vira à cabeça? Será que ela vem do chão ou do céu? Será que nasce da sequidão ou da chuva? Será que se movimenta como um girassol ou um pirilampo? Será que vem do vento ou do relâmpago? Será resultado de uma experiência secreta ou de uma barriga indiscreta? Será um fruto solene ou uma licença poética? Será que veio de longe ou simplesmente acordou em mim?
Será que essa mulher se refugia nas curvas da minha alma, por detrás das minhas pálpebras fechadas se sono? Será que é o peso que me prende ao chão ou a leveza que me leva a conversar ao pé do ouvido das estrelas? Será que é sólida como pedra ou líquida como as palavras que esvaem das minhas mãos. Será conciliadora ou inconciliável como a humanidade?...
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16/07/2011 -
Coração de vento
Ela não quer nada com nada da vida, apenas um pouco de ar. Um gole de ar, um trago de ar, uma gota de ar, um signo de ar, um beijo de ar, uma flor de ar. E tudo isso só porque lhe faltava o ar. O ar que dá sustentação à lua, o ar que abraça o vôo do pássaro, o ar dos balões de gás que andam nas mãos das crianças que gargalhavam se engasgando com ar. Quer sempre e para sempre todas as janelas abertas para que pudesse respirar plenamente pelo nariz, pela boca, pela pele...
Ela tem pânico de morrer sufocada, trancada numa masmorra sem ar. É claustrofóbica de nascença, tanto que veio à luz aos seis meses de gestação. Até hoje sofre com pesadelos se vendo num útero apertado ou na incubadora que lhe aprisionou por semanas numa UTI neonatal. Não usa roupas apertadas, cintos ou gargantilhas, tampouco se sente bem com os apertos financeiros no final do mês. Seus sapatos são sempre folgados fazendo-a caminhar de um jeito nada delicado. ...
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15/07/2011 -
O homem que se perdeu
Ele não tinha mais nada para perder, quando se perdeu. Se não tivesse perdido a própria história, era uma vez o homem que se perdeu de vez. Já havia perdido mulher, trabalho, dinheiro e a memória. Vivia solitário numa espécie de ilha quando perdeu o coqueiro, o horizonte e o mar. Suas vontades, seus desejos, seu gostar caíram pelo caminho. Ficou sem carinho, sem cama, sem quem ama, sem o vinho que tanto gostava. O homem que entoava canções de um tempo sem fim ficou num silêncio da cor de carmim. ...
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14/07/2011 -
Pedaços, buracos, vazios...
Era como se lhe faltasse um pedaço. Ele tinha dois braços, duas pernas, um nariz, uma boca. Parecia completo. No entanto, só parecia. Levava um vazio no peito. Tinha uma esposa, filhos, parentes, amigos. Trabalhava no que gostava e viajava pelo mundo. Mas isso não era suficiente. Faltava algo que ele não sabia explicar. Talvez um perdão. Mas ele não fazia mal a ninguém e também não guardava rancor. Era difícil roubar-lhe a paciência, o sono, o sorriso.
No entanto, seu sorriso tinha sempre um pontinho amarelo. Faltava-lhe algo. Mas como? Casou-se com a mulher pela qual é perdidamente apaixonado desde a juventude. Mora na casa que construiu do seu jeito, no lugar que queria. Tem a coleção completa dos Beatles e todos os sonetos de Shakespeare. Como o que tem vontade, bebe até se dar por satisfeito, fuma quando lhe dá na telha. Conta com uma quantia gorda em sua conta bancária e é motivo de inveja. ...
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13/07/2011 -
Eu amo a filha de...
Eu amo a filha da deusa dos mistérios, dona de muitos búzios e deveras anos. Eu amo a filha daquela que é, ao mesmo tempo, o princípio, o meio e o fim. Eu amo a filha daquela que é formada pelo encontro da água com a terra. Eu amo a filha daquela que se farta de uvas de todas as espécies. Eu amo a filha daquela que rege o nascimento, a trajetória e o desencarne de tudo o que é vivo. Eu amo a filha daquela que é a própria história do homem sobre a terra. Eu amo a filha da água parada, da água da vida e da morte. Eu amo a filha daquela que traz em suas mãos um ibiri, feito com palitos de dendezeiro. ...
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12/07/2011 -
Universo particular
De repente, as estrelas enfeitam o céu da sua boca e seus lábios orvalham junto aos meus. É verdade que por sobre as nuvens dos seus olhos mora um deus? Ah! Querida, põe os anjos aos seus pés, chuta os demônios da sua vida e me flecha pelas costas no melhor estilo dos cupidos. Passa pelo meu dia como um cometa, cai no meu mundo feito um meteoro, embaralha as minhas constelações. Signatária do meu signo, futuro benigno, antígeno mais puro das minhas divagações.
Planeta oculto, cruzada sideral, universo em curto, avesso do mapa astral. Criatura extraterrena, cruzada interestelar, viagem amena, astronauta do luar. Cuidado com os piratas de plutão, com os dentes do dragão, com os bilhões de anos luz do coração. Vamos inventar uma nova teoria cosmológica, vamos refutar as leis de Einstein, vamos morar num foguete. Deixa-me perder a gravidade em seu corpo celestial. Deixa-me sucumbir as suas forças espaciais. Deixa-me beber do leite da sua via láctea....
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