Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 31 textos de dezembro de 2011. Exibindo página 3 de 4.

11/12/2011 - De caçar leão

Está vendo aquele cachorro? É de caçar leão. Valente como só. Olha os dentes dele. Furam qualquer tipo de couro. Patas grandes e fortes pra agüentar o tranco. Costas largas. Pernas esguias que correm como flecha lançada. E o latido então? O leão treme de medo só de escutar o barulho que esse cachorro faz. Olha o pelo dele, brilha igual um sol de verão, meio amarelo meio vermelho. Saúde? Isso é o que não falta. O pai dele morreu com mais de cinqüenta anos. E olha que só morreu porque foi morto à bala. Foi preciso dois tambores de revólver para derrubar o bicho. Era parceiro de um caçador de marfim lá da África. Pegava embalo e pulava nas costas do elefante. Derrubava o grandão em menos de dois minutos. Não tinha medo de nada. ...
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10/12/2011 - Amor que medra

Deixe de lado esse medo latente de amar. Já dizia o poeta que amor e sofrimento caminham parelhos por uma estrada cheia de armadilhas. Então, não se acovarde. Dispa-se de todo e qualquer receio. Fique nua como uma lua de sentimento. Uma lua que dá a cara à tapa. A saudade é um pêndulo que na ida ou na vinda vai lhe pegar. Ame fazendo planos, mas sem se preocupar com o amanhã. Projete-se prioritariamente no dia de hoje. Trate de seu amor como se trata de um santo de altar. E jamais confunda amor com felicidade. Nem todos os prazeres oferecidos pelo amor são propriamente felizes....
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09/12/2011 - Outro dia noutro

Outro dia ela aparecia, ela sumia, ela bebia um drinque de lichia. Outro dia ela queria, ela pedia e não se ouvia. Outro dia ela falava fantasia, vivia de poesia e se lambuzava de ambrosia. Outro dia ela abria a janela, persuadia o vigia e fugia. Outro dia ela sabia, ela conhecia, ela se queria. Outro dia ela escurecia, ela reluzia, ela não se entendia. Outro dia ela fingia, ela sorria, ela sobrevivia. Outro dia ela fazia advocacia, engenharia, magia. Outro dia ela sumia numa anorexia. Outro dia ela benzia o meu nome, noutro ela não me sabia......
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08/12/2011 - Que me enterrem na lua

Quando eu morrer que me enterrem na lua bem longe do que restou da humanidade. Não quero ser enterrado ao lado de quem banalizou o amor, de quem viveu para falar da vida alheia, tampouco de quem saiu da vida pela porta dos fundos. Se estando vivo eu já não me dou com tanta falsidade, morto então... Não quero defuntos falando de futebol ao lado da minha cova. Também não vou suportar morar pelo resto da eternidade tendo como vizinhos aqueles que nunca viveram um amor Shakespeariano, nunca leram Vinícius de Moraes, nunca ouviram Tom Jobim. ...
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07/12/2011 - Não e não e não

Não me peça, não me mande, não me obrigue. Não me diga não nem sim muito menos talvez. Não me aborreça, não teime, não ligue. Não me fale o que devo ou não fazer. Não me dite, não me irrite, não me faça convite. Não me espere e não me atrase. Não me deixe e não se vá. Não leve e não traga. Não mie e não lata. Não moa e não remoa. Não me renda e não me faça oferenda. Não me obrigue e não peça licença.

Não pense em mim. Não reze por mim. Não se lembre de mim. Não me ofereça comida. Não me levante um brinde. Não abuse nem use meu nome. Não me traia e também não caia por minha causa. Não brigue, não me vingue, não me provoque. Não me sufoque, não me toque, não me doa. Não me tinja, não me restrinja, não me induza. Não me iluda, não me pode, não me puna. Não me enlouqueça, tampouco me esqueça. ...
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06/12/2011 - Eu, cegonha

Como cegonha, vou voando e levando um amontoado de filhos presos em meu bico. Meus rebentos são feitos de palavras. São contos, são poemas, são crônicas, são romances que eu carrego comigo por onde for. Muitos se espalham pelo vento, chegando assim a olhares desconhecidos. Porém, ao primeiro assovio, eles já estão todos ao meu lado novamente. São narrativas crianças armando um berreiro. São versos meninos brincando de rimar. São sentimentos que nascem herdando as minhas asas e a minha vontade de voar cada vez mais alto. ...
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05/12/2011 - Conquistado mais

Eu devia ter conquistado mais. Mais espaço. Mais micros e macros espaços. E também mais tempo. Mais tempo psicológico, sobretudo, pois o tempo físico é limitador por natureza. Eu devia ter conquistado mais lembranças, posto que são as lembranças que movem o homem. Ah! Conquistado mais sorrisos e prantos alheios. Um castelo se faz com fiadas alternadas de alegrias e tristezas. Se eu tivesse conquistado mais perdões não estaria mendigando clemência.

Mais e mais de tudo um pouco é o que eu devia ter conquistado ao longo desses anos de guerra. Mais e mais canções. Mais e mais lirismo. Mais e mais sementes. Mais e mais partos. Mais e mais paisagens. Mais e mais comida. Mais e mais prazer. Mais e mais ânimo. Mais e mais paredes. Mais e mais olhares. Mais e mais passos. Mais e mais bocas. Mais e mais luas. Mais e mais encantarias. Mais e mais detalhes. Mais e mais vidas e sobrevidas. ...
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04/12/2011 - Saudade infinda

Ah! Que falta me faz sua presença física, seu Líbio. Desde sua morte, ò meu avô, estou sem rumo certo, sem chão firme, sem sentido algum. É como se meu mundo, feito um castelo de cartas, viesse ao chão numa ventania. Devo confessar que até hoje eu não consegui juntar as cartas. Sem sombra de dúvida, o meu reino por um abraço seu. Um abraço de carne e osso. Meu deus, como é difícil tocar a boiada da vida sem tê-lo ao meu lado. Muitas porteiras se fecharam para mim depois da sua partida. E a saudade machuca mais do que arame farpado. Mesmo depois de tantos meses ainda consigo sentir seu perfume, escutar sua voz, adivinhar seus pensamentos. ...
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03/12/2011 - Quem sou?

Quem sou eu? Sou alguém que não vale nada. Não valho seu dinheiro, seu tempo, sua atenção. Não valho sua insônia, sua fome, sua piedade. Não valho seu olhar, seu gostar, seu falar. Não valho seu corpo inteiro ou sua alma pela metade. Não valho o céu que está lá fora ou o rio que corre longe daqui. Não valho o canto dos pássaros, a luz da lua ou a dor de um parto. Não valho o suor, a seiva, o sangue de ninguém.

Não valho uma gota sequer de orvalho. Não valho um telefonema, um dilema, um poema. Não valho uma sílaba ou qualquer coisa que saia da sua boca ou da sua mão. Não valho sua chegada, tampouco sua partida. Não valho seu hoje, seu ontem e certamente não irei valer seu amanhã. Não valho seu sonho nem seu pesadelo. Não valho sua promessa ou sua reza barata. Não valho o buraco, a cachaça, o oráculo. ...
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02/12/2011 - Mais sobre a mulher amada

A mulher amada foge das premissas mais básicas do mais básico amor. De insípida, de inodora, de incolor essa criatura não tem nada. Em sua boca, notas ácidas, doces, amargas e picantes se misturam e se individualizam e se sobressaem. Embora intensa, a mulher amada é de uma leveza capaz de andar sem tocar o chão. Seus lábios, vermelhos como hibisco, trazem toques de tâmara, gengibre e patchouli.

Pelas entranhas da mulher amada, hortelã, menta, flor de laranjeira, amora. Uma fonte de aromatização capaz de inebriar os mais céticos. Seus olhos contêm flores in natura e pétalas em infusões. Alma cítrica, doce como laranja lima ou suave como limão siciliano. Uma alma a ser bebida sem pressa. Confere sabor, refresco e energia a quem a bebe. E o que dizer de seus cabelos de erva-cidreira, açúcar e mel? ...
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