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Encontrados 34 textos de outubro de 2009. Exibindo página 1 de 4.
31/10/2009 -
Gastronomia amorosa
Meu amor, ò vamos ceifar o trigo, vamos amassar o pão. Vamos assar, cozer, ferver nossos desejos em óleo bem quente. Vamos nos dividir como gomos de laranja e nos encontrar no fundo da boca. Vamos encontrar, misturar e acorrentar nossos nomes nas colheradas de uma sopa de letrinhas. Vamos cantar o nosso amor comendo guloseimas, pulando amarelinha. Vamos nos amar entre cartas de vinho e tarô. Vamos deixar a rotina insossa escorrer das grelhas e nos grelhar deitados nas telhas sob o sol ou à mercê das centelhas das estrelas. ...
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30/10/2009 -
Outubro rosa
Alguns meses têm cores próprias. Dezembro, incorporando o Natal, combina verde e vermelho. Janeiro veste branco, como as oferendas de Iemanjá e as promessas de paz. Julho é acinzentado por conta do inverno e setembro, colorido por conta da primavera. Já outubro é rosa. Rosa? Neste mês que está prestes a se esvair pelos meandros de novembro o Cristo Redentor e as famosas lojas paulistas da Oscar Freire foram iluminadas de rosa. Aliás, monumentos foram iluminados de rosa em várias partes do mundo. ...
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29/10/2009 -
Pobres profetas
Salvem-se! Há uma série de profetas soltos pelas ruas espalhando a notícia de que Jesus vai voltar. São pessoas de diversas religiões e, até mesmo sem fé alguma, pregando a volta do filho de Deus. É fácil reconhecê-los. Os anunciadores se vestem de forma estranha, empunham bíblias sagradas ou não e gritam o caos. Abordam quem passa por eles, seja por meio de palavras ou de chacoalhões. Mais do que trazer paz, trazem desconforto e medo. São raros os que lhes dão atenção. A maioria aperta o passo, desvia o caminho e ignora tais profecias....
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28/10/2009 -
This is it
This is it, here I stand
I’m the light of the world
É isso, eu estou aqui
Sou a luz do mundo
Este é o primeiro verso da música que Michael Jackson deixou órfã. Ao contrário de morrer esquecida em um canto, a canção tomou conta de um exército de bocas que a assoviam pelas ruas sem começo nem fim. É como se tudo de inédito que Michael tinha a dizer, a fazer, a revolver estivesse nessa letra que não é branca nem preta. A música tem a cor de uma espécie de paixão e paixão tem todas as cores ao mesmo instante que não possui cor alguma. Mérito da canção, afinal, mesmo com todo seu contorcionismo, Michael nunca conseguiu tal feito....
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27/10/2009 -
Vamos pro fundo do mar
Vamos meu amor, vamos pro fundo do mar. Tudo o que tem aqui, tem também no fundo do mar. Tem gérberas, abelhas e avenidas. Tem, tudo tem no fundo do mar. Tem uma biblioteca com todo o romantismo das águas de Tom Jobim e até um cálice de vinho do porto esperando nossos olhos, nossas bocas. Podemos ficar juntinhos entre os corais e colocar na vitrola, bem baixinho, o último álbum das sereias do além-mar. Vamos meu amor, ouvir as histórias dos marinheiros. Vamos meu amor viver o amor-corriqueiro no fundo do oceano. Vamos meu amor, o mar já está passando. ...
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26/10/2009 -
A morte de um semeador da cidadania
RIO - A morte de Evandro João da Silva, coordenador de projetos sociais do Grupo AfroReggae, no último dia 18, nos leva mais uma vez a repensar o porquê da violência, da guerra humana. Ao protagonizar mais uma tragédia do cotidiano do Rio de Janeiro, Evandro chama a atenção para a falha do sistema de segurança, para a luta pela sobrevivência a qualquer preço.
É difícil de acreditar que ele, Evandro João da Silva, que sempre buscou combater a violência por meio do trabalho social que desenvolvia, foi calado pela violência. Há 10 anos atuando junto à população de Parada de Lucas, de Vigário Geral, do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho. Evandro procurou sempre levar cidadania a cada um daqueles jovens que participavam dos projetos desenvolvidos pelo Grupo AfroReggae nas favelas do Rio. Dentre os projetos pelos quais foi responsável está o Rebelião Cultural, promovido pelo F4 – pool de organizações não governamentais formado por AfroReggae, Cufa, Nós do Morro e Observatório de Favelas – cujo objetivo é levar cursos e oficinas para dentro de presídios cariocas....
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26/10/2009 -
Os mantenedores da guerra
Um tiro não faz a guerra, mas mata uma dúzia de sonhos de um sonhador. Uma arma de fogo não faz a guerra, precisa de mãos para segurá-la, com gana e destreza, como um punhal. Uma bala de revolver sem segundas intenções é tão inofensiva quão uma bala de hortelã. Até mesmo para ser expulso do paraíso alguém teve que empunhar uma maçã. As armas são a extensão do corpo do próprio homem. É seu desejo interior que mira, que atira e tira a vida alheia. É ele quem tece e cai na própria teia.
Quem é que está empunhando essas armas? Qual a razão desse carma de matar e se matar? Que exército é esse que se levanta? De onde vem essa força tanta? De onde vem essa mão que se agiganta no gatilho? Mãos de pai, mãe e filho? Que exército é esse que não tem nome? Mata, some e remata... Pra onde vai essa violência que maltrata a gente? Será que dá cria ou nasce de semente? Será que é natural ou um acidente genético, cultural, trans-espacial? ...
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25/10/2009 -
Fonte dos Desejos
Entre a Europa e a Groelândia, uma fonte jorra águas geladas no meio de uma dessas pracinhas pitorescas. Em meio a esse cenário de cinema-arte, uma menina, islandesa de nascimento e tradição, deposita seus sonhos interioranos naquela fonte erguida no centro da capital Reiquiavique. Trezes séculos já haviam transcorrido desde que os primeiros povos - os monges eremitas irlandeses - ocuparam aquelas terras pela primeira vez, mas Kata Petursdottir, castigada pelas coisas do coração, insiste em ser uma fonte de solidão. ...
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24/10/2009 -
Céu e mar
Que as estrelas do mar se enrosquem em seus cabelos molhados enquanto as estrelas do céu serenam pedaços de lua em seus olhos. Que entre Tritão e Urano haja um altar onde eu possa lhe adorar e me entregar. Que tenha os pés no paraíso e a cabeça no inferno. Que seduza enquanto me tenta, e me enfrenta enquanto me perdoa. Que construa um foguete para explorar o fundo dos oceanos e ice velas em busca dos sete céus.
Entre aves e peixes, ò mulher, responda-me de quem é o seu espírito. Seja em harpas ou em conchas cante esse amor lírico. Ah! Mulher que seduz águas e ares renda a terra em seus andares. Que ao seu passar, o mar fique negro como o céu que nunca foi azul. Que ao seu balançar, o sol esfrie seus pensamentos nas ondas que já passaram pelo sul dos seus tornozelos. Que Iemanjá e Olorum ouçam seus apelos. ...
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23/10/2009 -
Disse-me-disse
Pode falar, dizer o que quiser, mas eu não cedo um milímetro sequer em minha posição. Pode me classificar como oposição ou me tratar como situação que eu não mudo de opinião. O seu sim é o meu não, o meu fim é o começo de sua canção e não estou preocupado se cantamos o mesmo refrão. Pode espernear que eu não ligo. O que eu quero dizer, eu digo. O meu mundo não é o seu umbigo. É só depois de muita sova que o trigo vira pão, então, ai meu Deus que bom que eu degusto a crítica como fruta cítrica da estação. ...
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