Daniel Campos

Poesias

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19/01/2016 - Entre poemas e trapos

Escrevo poemas no espelho do banheiro
Nos azulejos, no guardanapo,
Nas paredes, no seu corpo inteiro
Só para os seus olhos de trapo
Ler o que diz meu coração bandoleiro


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29/07/2013 - Entregas

Entrega-se
Com simplicidade
Sem perder tempo com lucubrações inúteis
Ou discussões fúteis
Entrega-se
Fazendo do antes, durante e depois
Do momento dessa entrega
Plena saudade
Entrega-se
Sem dramas de consciência e com total inocência
Numa anticiência
Que funde mistério e beleza
Entrega-se
Com total lirismo e delicadeza
Na poética da caridade
De se doar por amor e sem vaidade.


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15/08/2013 - Envia olhares

Envia olhares
Pelas vias
Que passam esguias
Entreolhares

Envia recados
Por sopros aos corpos
Das meninas
Dos olhos de assopro

Envia sinais
Sub ou sobrenaturais
Por meio de piscadelas
De olhos aquarelas

Envia olhares
Pelas crias
Das retinas de enguias
Em choques oculares.


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Enxame

Quantas semanas
Vão levar os dias
Onde fui e vivi
De fotografias
Que não existiam
Tantos os momentos
Passados ou não
Que eu prendi
Em porta-retratos
Da imaginação
Dias que me trancavam
Em meu próprio corpo
Num total desprazer
Dias de tantas semanas
Onde os meus olhos
Não iam além
Das suas imagens
Perdidas em meu pensamento.


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02/03/2016 - Época de quê?

Época de figo, desista
Eu não ligo
Se for de jiló, insista,
Tenho dó
Época de goiaba
De jabuticaba
De marmelada
Vem toda bonita
Doce e mulher
Da estação
Pois fico romântico
Época de pitanga
Pelos matos
Ovaciono
E me apaixono
Meu coração
Quântico
Fica aos fiapos
Como manga
Chupada no pé


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Equações

E se forem quatro os sóis
Quantas serão as nuvens
Submersas no ar.

Mares, mares, mares, mares
Piratas sem fantasias
Navegantes de sal.

As nossas vidas
São quatro esquinas partidas
Que se cruzam e nunca se dão.

E são tantas as taças quebradas
De drinques flambados
No sabor de quatro chamas.

São quatro os profetas
Que andam sem amuletos
Numa profecia que fica para depois.

Se forem quatro os sóis...
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Era de aquarius

O sol cruza o equador
E em seus olhos
Pupila um rosáceo
Em seus lábios
As bolhas
De um beijador
Vão manchando
Em seu batom
No seu colo
Uma legião
De acarás
Vão levantando
Suas bandeiras
E nas suas costas
Um tuburão-de-cauda-vermelha
Vai ganhando o seu mar
Enquanto um peixe-japonês
Entrega-se ao xadrez
De sua saia
E os néons
Vão se perdendo e se achando
Nos seus cabelos...
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Eroscentrismo

Quero que todos sumam
Desapareçam no olho de vidro de um furacão
Pirata da perna de pau
Não importa nome, sobrenome
Parentesco
Primeiro, segundo, terceiro grau
O que vale é o inferno dantesco
Que some
De nossas vidas

Não é necessário haver despedidas
Basta que sumam mundos
E fundos em segundos
Basta que os cordões umbilicais
E artificiais
Sejam cortados
E no mais
Que o passado
Dessa gente que desde já deve se fazer ausente...
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Esclerose

Quando eu falar o que sinto
O que desejo
E o que um dia quis
Irá compreender
Que meus olhares
Não foram em vão
Porque só é vã
A vida que não se sabe
E nós vivemos de forma intensa
O que fingíamos não saber.




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25/04/2017 - Escolha fundamental

Me ame ou se vá
De uma vez
Da minha vida,
Pois cá em mim
Só há espaço
Ao que é amor.

Não cultive espinhos
No meu jardim,
Não se engane
Ou me ame
Ou fim,
Siga seu caminho.


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