Daniel Campos

Poesias

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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 60 de 248.

14/04/2015 - Coração espinhado

Brota atrás da porta
Inesperada e linda
Beleza que corta
Balé que não finda
Bela bem-vinda
Vem e se importa
Com o meu jardim
De floração deserta
Vem e ainda liberta
O coração espinhado
Do leão encarcerado
Que existe em mim

Brota atrás da porta
Em feitio de brotoeja
E ainda não me solta
Me deseja e me beija
Nos canteiros do além-mar
Nos veleiros de ninguém
Na enseja do se apaixonar ...
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13/04/2015 - Ilumeia

O pássaro de lata
Leva em suas costas
Não um par de asas
Mas a finita chama
Que enquanto viva
Por dentro clareia
Aos olhos de deus
Quem nela (por ela)
Seu ser se ilumeia


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12/04/2015 - Deixa

Vai, tristeza minha
Deixa de pose de rainha
E roda, ai roda a baiana
Subindo nas tamancas
E aí vê se se manca
Deixa toda a banca
Deixa até dessa gana
De sofrer de solidão
Deixa de ser sozinha
Vá viver uma paixão
Deixando-me só
Sem nenhum nó
Pode seguir adiante
Sem olhar pra trás
Deixa de ser amante
Vá ser triste em paz


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11/04/2015 - Estranhezas

Toda estrela tem que morrer para iluminar mais longe
Assim como o coração tem que se despedaçar pra chegar
Aonde nosso sentimento quer porque quer nos levar
É preciso ouvir o som ensurdecedor do claustro do monge
Pra poder entender o que é preciso fazer pra não sofrer
O amor é um salto no escuro, o encontro com o puro
Dos puros que para render precisa dividir, e cair
No mais fundo do fundo do fundo para ganhar asas
E num sopro, rir tendo seu corpo tomado por brasas ...
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10/04/2015 - O tempo não tem hora

Pela vida afora
Não pergunte
Quiçá assunte
O tempo do tempo
Pois o tempo
Não tem hora
Para o tempo
É somente
Tempo ao tempo
Independente
Se alguém o chora


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09/04/2015 - Crê, vê, lê, sê

Não há mais nada a pedir
Tampouco a fazer. Crê
Que o amanhã há de florir
E vamos em frente. Vê
O desabrochar do mundo
E o quanto é profundo
O olhar de que ama. Lê
A fundo esse romance
Que foge ao alcance
Nos labirintos dos olhos
Dependura-se na lua. Sê.
Elástico suspensório
Entre o escrito e o lido
Morando ao pé do ouvido
Do tempo sem porquê.


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08/04/2015 - Seu descarte

Eu sou
O que você jogou fora
O que mandou embora
O que já não mais chora

Eu sou
O sonho que você desistiu
A sua esperança que partiu
Quem não caiu no seu funil

Eu sou
O que você já nem cobra
O que tirou como sobra
O avesso da sua obra

Eu sou
O que você não acreditou
O que você desconjurou
O que você me provocou

Eu sou
O que você de si não espera...
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07/04/2015 - Asas ao infinito

Por não saber para onde vou
Já fico dessabido
Por não querer o que querem
Me ferem
E então pro maldigo bendigo:
Não, não, não esperem
De mim nada mais do que sou
Julguem ou não bonito
Sou asas rumo ao infinito


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06/04/2015 - Canteiros

Ando pelos canteiros do tempo
Pisando por entre folhas verdes
E terras afofadas pelas mãos
Entregues ao balé do vento
Vou por canteiros sem paredes
Em meio a uma sementeira
Que raia a terra inteira
Cheirando a manjericão,
Alfavaca, poejo, capim-santo,
Melissa, salsinha e salsão,
Arruda e corta-quebranto
Cebolinha, canela, alecrim,
Caminho pelo cominho,
Pelos cheiros e temperos
Impregnados em mim ...
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05/04/2015 - O sacrifício do coelho

E se o Coelho da Páscoa se apaixonasse
Numa paixão que o arrebatasse
Os ovos de chocolate seriam destinados
Todos, todos, todos, à coelha amada
Triste sina desse coelho
Que para levar a Páscoa ao mundo
Precisa negar seu sangue vermelho
Fugindo do amor raso e profundo
Porque nunca se sabe onde está
A paixão que o faria largar sua missão
De criar e entregar ovos à civilização
Simbolizando paz e ressureição
Quando seu coração está vazio...
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