Daniel Campos

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06/04/2015 - Canteiros

Ando pelos canteiros do tempo
Pisando por entre folhas verdes
E terras afofadas pelas mãos
Entregues ao balé do vento
Vou por canteiros sem paredes
Em meio a uma sementeira
Que raia a terra inteira
Cheirando a manjericão,
Alfavaca, poejo, capim-santo,
Melissa, salsinha e salsão,
Arruda e corta-quebranto
Cebolinha, canela, alecrim,
Caminho pelo cominho,
Pelos cheiros e temperos
Impregnados em mim
Cresço, floresço, verdejo
Pelos canteiros que vejo
Mirra, gengibre, hortelã
Orégano, tomilho, guiné
E a manjerona da manhã,
Anda como eu pela lavanda,
Por cravos da índia mulher,
Pelo aroma e fé da mirra
E do mais pagão orégano,
Trilha pelo que o gosto acirra,
E como eu vá pelas pimentas,
Sálvias, carquejas e mentas,
Enroco no guaco e ora pro nóbis
E sigo pelos trevos como nobre
De três ou quatro folhas roxas
Ou verdes estendidas como lençóis
Beijo as folhas tal e qual as moças
Ardo pelos canteiros de gengibre
Abraço os braços, sinto-me livre
Voo pelo vento mesmo com raízes
De aromáticas e enfáticas matizes
E assim faço os meus viveiros
Pelos mais diversos canteiros
Nos quais cheiros sabores dão moda
Em flores, hastes, sementes e cordas
Como amor nos dedos violeiros


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