Daniel Campos

Poesias

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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 195 de 248.

Oito de março

A uma mulher que cultuo com o ardor de uma seita
A uma mulher que se faz perto quando longe e longe se perto
A uma mulher física e mentalmente doce
A uma mulher que faz do tempo uma ilusão a mais em nossas vidas
A uma mulher de uma simplicidade complexa demais para ser entendida
A uma mulher feminina em quaisquer circunstâncias
A uma mulher que provoca os mais estranhos medos
A uma mulher que se diz como se fosse tímida
A uma mulher que pulsa
A uma mulher de traços cuidadosos ...
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Olha ela

Olha,
Olha ela
Que passa por mim
E não diz nada...
Olha,
Olha ela
Que passa e deixa a vida
Enciumada.
Olha,
Olha ela
Tanta graça, encanto
E cor...
Olha,
Olha ela
Tanto riso esconde
A dor.

Olha,
Olha ela
Olha,
Olha ela
Ela...

Olha,
Olha ela
Que leva o sol
Em seu caminho...
Olha,
Olha ela
Que leva tantos
Em seu andar sozinho......
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Olhar de fora

Teu olhar
De fora
Pela rua afora
Aflora
O desejo
De eu mordê-la
Como quem morde uma maçã do amor
E tê-la
Num beijo
Suspenso
Propenso a amor
E paixões
A ponto de levá-la pelo ar


Pelo ar a voar
Em um buquê de balões
Tudo por culpa
Do seu olhar
De fora
Que pela rua afora
Me devora
Me chama
Me ama
Depois, me manda embora
Olhar de encanto...
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Olhos a óleo

Ela
Ela
Ela
Como uma aquarela
Voando
E pincelando
E tatuando
Suas asas
Sobre a tela
Da sala de estar.

Desenhos abstratos da cidade
Auto-retratos da saudade
E uma gravura
Meio pintura meio tontura
Querendo voar,

Voar nos meus olhos
De rapaz
Só para misturar
Os óleos
E criar um olhar
Verde-lilás.


Comentários (1)

Olhos azuis

Se a folha amarelada é outono
Se a renda esverdeada é primavera
Se o branco vazio é inverno
Se o vermelho é verão
Se a negridão é noite
Se o rosa é a boca de outra
É porque deve andar por perto o azul
O azul do azul no azul.

O amarelo flutua no azul
O verde brota no azul
O branco se preenche de azul
O vermelho se estanca no azul
O negro se afoga no azul
O rosa volta para o azul
O azul do azul no azul.
...
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Olhos de dolo

Pense no choro incrédulo
Dos agnósticos
Pense no choro quebrado
Da quebra de decoro
Pense no choro arrependido
De um confessionário
Pense no choro vendido
De um falsário
Pense no choro em coro
De um condenado
Pense no choro da apartheid
Dos tóxicos
Pense no choro da saudade
Que enreda em rede uma cidade
Que um deus
Numa arquitetura
Feita nos volteios
De sua tontura
Resolveu erguer...
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Olhos de giz

Quanto mais me busco
Mais me perco em seus olhos

Olhos de giz
Que me esboçam ilusão...
Olhos de solidão
Que refletem nos meus
Tão desesperados
Tão dilacerados
Pelo amor dos ateus...

Olhos de giz
Que somem no ar...
Olhos distantes
Que se afogam infantes
Nas ondas bravias
Sem calmarias
Do verde do meu olhar...

Olhos de giz
Que não me escrevem...
Olhos de licor
Que não me embriagam...
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Olhos de mármore

Até amanhã de manhã.
Uma tarde e uma noite.
Logo estaremos
Juntos novamente.
Menos de um dia
Mais de uma chama
De vela
Que escorre na cera
Das abelhas
Que roubam
O açúcar
De olhos
Que podiam ser melados
Se não fossem
Pardos.

Podiam
Se não os tivesse
Em teu rosto
Como duas poesias de mármore
Tão belas
Quão frias.


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Olhos de sisal

Eu não tenho boiada
Não tenho nenhuma rés
Vou tangendo estrada
Aboiando corações
Esperando a minha vez
De ver o sertão virar mar
Numa onda de sal
Capaz de banhar
Seus olhos de sisal

Meu canto agreste
Que é rouco e sofrido
Vai dar maré cheia
Em seu vestido florido
E a lua de meia
Vai gemer em seu ouvido
Minha boca vai ser sua embarcação
Vou ser teu pirata da perna de pau
E a ilusão...
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Olhos fundos

Será que seus olhos fundos
Ainda guardam tanta dor
Será que seus olhos fundos
Já descobriram o que se faz lá fora
Será que não é mais a mesma
De tempos atrás
Será que é a filha
Irmã, prima, conhecida
Dos fundos olhos fundos
Que nasciam lá dentro
Daquela mulher.

Será que na sua janela
Abrem-se rosas
E ainda não vê,
Será que já acordou
Será que é a continuação do sonho
Será que é o recomeço de outro sonho...
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