Daniel Campos

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Oito de março

A uma mulher que cultuo com o ardor de uma seita
A uma mulher que se faz perto quando longe e longe se perto
A uma mulher física e mentalmente doce
A uma mulher que faz do tempo uma ilusão a mais em nossas vidas
A uma mulher de uma simplicidade complexa demais para ser entendida
A uma mulher feminina em quaisquer circunstâncias
A uma mulher que provoca os mais estranhos medos
A uma mulher que se diz como se fosse tímida
A uma mulher que pulsa
A uma mulher de traços cuidadosos
A uma mulher que, sobre todas as coisas, é arte
A uma mulher capaz de quebrar o feitiço de qualquer espera
A uma mulher que entediada das fantasias cotidianas, dorme
A uma mulher de olhares suspensos e submersos
A uma mulher que se deixa só para provocar o desejo da própria volta
A uma mulher que discreta, esconde as asas
A uma mulher que anuncia a tristeza e, em seguida, traz o contentamento
A uma mulher que ao sorrir exorciza a dor
A uma mulher que cura
A uma mulher de tantos começos e sem nenhum fim
A uma mulher que surge como a mais bela criatura de um conto de fadas
A uma mulher que os astros ainda não conseguiram prever
A uma mulher que causa atitudes impensadas
A uma mulher que acontece sempre como um bom presságio
A uma mulher que desconhece ou faz pouco dos seus poderes
A uma mulher que, na ponta dos pés, invade o mais secreto dos pensamentos
A uma mulher capaz de criar calafrios sob o mais angustiante dos sóis
A uma mulher que se permite ser amada, mesmo quando o amor foge aos padrões
A uma mulher que abarca deus
A uma mulher que sorri cada sorriso como se fosse o último
A uma mulher cujo nome repito inúmeras vezes em tom de segredo
A uma mulher que se faz em tantos detalhes (assumo-me colecionador dos seus detalhes)
A uma mulher que me transforma em seu espectador
A uma mulher que por mais que eu acredite e testemunhe seus passos, não existe (ou parece não existir)
A uma mulher que permite que lhe ofereçam um dia
E que na forma de sonho ou lembrança toma para si todos os outros dias do calendário.


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