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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 179 de 248.
Martírio
Ama
Mas ama da nossa forma
Com toda a plenitude do conceito
Quer seja de forma quieta
Quer seja bem distante
Ama
Para não fazê-la sofrer
Mesmo que você sofra mais
E mais por isso
Ama
E ama sem pré-ensinamentos
Esqueça-se dos velhos sentimentos
E encontre o ponto
Entre a razão e o prazer
A razão que o faz
Insistir em um amor triste
E o prazer
De ver que a amada existe
Porque e só porque
O faz sofrer...
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Más línguas
Por mais que insistam
As más línguas eu não quis
Trazer o choro ao teu rosto
Tampouco fazer do prazer
O desgosto
De uma vida incerta
Ou infeliz
Olha, meu bem
Eu a amo como nunca amei
Ou hei de amar
Algo ou alguém
Uma vez ou novamente...
Sem você
Não quero mais essas coisas
Do coração
Tudo será só pó e solidão
Quantas provas quiser
Eu lhe darei
Quantas trovas mulher...
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Mascarada
Você
Que leva as minhas palavras
De um simples eu te amo
Até livros completos
E não deixa nada dentro de mim
Você
Que embaralha meus olhares
Como num carteado bêbado
Que conta com todos os naipes
E às vezes me deixa ganhar.
Você
Que fala das minhas histórias
Como se as tivesse em suas mãos
Como se me observasse de uma janela
E soubesse o fim que eu não sei
Você
Que se esconde em gestos...
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Masmorra
Quando acordar no seio da noite escura
E vazia
E alguém lhe dizer: cala-te na tua solidão
Porque ela é tua e de mais ninguém
Não adianta correr
Porque só vai cair, cair em si
E ver que é tarde
Pra um amor que arde
Na febre da saudade.
Quando a solidão lhe invadir
Por completa
Sem respeitar as fronteiras
Que você nunca deixou de criar
Sem respeitar as barreiras
Impostas por seu pensamento
De nada valerá...
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Maternidade
A filha que eu queria ter
Brincaria de boneca
Vestir-se-ia com lacinhos
Faria beicinho
Choraria
E logo que chegasse ao teu colo
Sorriria
De um jeito que só você sabe fazer...
Ela teria as tuas teimosias
Mas nada que eu não cumprisse
Com toda disposição
E prazer...
A filha que eu queria ter
Ficaria me olhando quietinha
Do berço
Como se entendesse a linguagem
Do silêncio...
Ela adoraria vestidos...
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Meca
Que me apedrejem
E me torturem
E me condenem
À solidão
Mas eu assumo
Que mesmo infiel
Do tempo e dos limites
Sucumbi
Ao corpo sagrado
Da mulher amada
Que é uma espécie de meca
Para poetas de todo o planeta
Em seu corpo
Testemunhei a minha fé
Orei o amor
Cinco vezes em sua direção
Jejuei por longas semanas
De todos os desejos
Desse ou de outro mundo
Pratiquei a caridade...
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Mecenas
Quem é a mulher que em noite escura
Nasce como se quebrasse
A própria moldura
E antes de se acabar no chão
Seu corpo, ou melhor, sua tela
Flutua
Feito barco à vela
Em lua
De solidão...
Quem é a mulher que acontece
Na imensidão de um porquê
Feito paisagem de Monet
Quem é a mulher que se tece
Dos cabelos aos tornozelos
Toda tridimensional
Na imaginação de Chagall...
Quem é a mulher que prende
Feito ilusão de Miró...
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Meditação
Cala-te a mente
E nua
Entre o poente
E o oriente
De uma lua
No sétimo mês
De gestação
Abona-se da insensatez
E chora de perdão
Como um grão
De areia
Volitando
No mar
Em passos de sereia
Sob a luz
De um sol de âmbar.
Cruza as pernas
E cruza pares de fantasia
E hiberna
Em mim sonhos de poesia
E me mede e me medita
E me incita
Com olhos de flor...
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Medra
Quando se ama
É preciso enfrentar um medo por dia
Medo de alguém
Medo de algo
Medo de ser aquém
Aquém ao próprio amor
Que a cada dia vai mais e mais além.
Medo de ficar sozinho
Medo de fazer e se fazer sofrer
Medo de ser tudo mentira.
Alguns medos
São domados
E até dopados
Outros, aniquilados em um só golpe
Mas alguns não morrem de vez
E agonizantes
Marcam-lhe feito tatuagem às avessas.
Alguns medos são falíveis...
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Meio-dia
Meio-dia
Para meia noite
Hora de acordar
Da sexta-feira
Sonolenta
Do último beijo.
Meio-dia
Sol no telhado
Gato na almofada
E eu meio chorado
E eu meio revirado
E eu meio estrela
Sem noite
À procura
De uma meia amarela.
Meio-dia
No meio das conversas
No meio da canção
Que me deixou
Metade silêncio
Metade medo.
Meio-dia
Hora de tomar café
Tomar banho
Tomar cuidado...
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livros
