Daniel Campos

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Maternidade

A filha que eu queria ter
Brincaria de boneca
Vestir-se-ia com lacinhos
Faria beicinho
Choraria
E logo que chegasse ao teu colo
Sorriria
De um jeito que só você sabe fazer...
Ela teria as tuas teimosias
Mas nada que eu não cumprisse
Com toda disposição
E prazer...
A filha que eu queria ter
Ficaria me olhando quietinha
Do berço
Como se entendesse a linguagem
Do silêncio...
Ela adoraria vestidos
E começaria a andar
Na ponta dos pés
Feito bailarina...
A filha que eu queria ter
Cresceria
Mas nunca deixaria de ser
Aquela menininha
De olhar doce
Que olharia para você
E falaria ma-mãe
De uma forma que me faria
Deixá-las um pouco sozinhas
Como duas rimas em um só poema...
A filha que eu queria ter
Adoraria chocolate
Ouviria bossa-nova
E teria uma graça
Tão natural
Que me faria achar graça
Em carregar a filha
Da mulher que um dia
Eu chamei de poesia...
E não seria menos poético
Trocar fraldas
Preparar mamadeira
Embalar o berço
E virar um boêmio
Por conta dos choros da madrugada...
A filha que eu queria ter
Seria uma flor tímida
E rara
Tão rara que me faria ficar bobo
Como os apaixonados
Que já não existem mais...
E nas histórias de ninar
A cinderela, a rapunzel, a branca-de-neve
Teriam papéis secundários
Diante daquela mulher
Que eu conheci
E vivi
Num amor que não cabe nos livros...
Ah! A filha que eu queria ter...


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