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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 139 de 248.
Boulevards
Deixa eu lhe seguir
Pelos boulevards
Pelas ruas sem saída
Pelos mares de Atlântida
A cidade proibida.
Deixa eu lhe seguir
Deixa eu lhe pedir
Deixa eu lhe sorrir
Até que suas pegadas
Sejam noites enluaradas.
Deixa eu lhe seguir
E lhe compor
Um choro
E lhe propor
Um outro caminho
Com tijolos de ouro.
Deixa eu lhe seguir
Como aventureiro
E aprendiz
Seguir-lhe como se seu
Rastro fosse...
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Brasília
Do alto da asa norte
Tudo se faz de ilusão
A torre é de tricô
A praça é de pedra
A catedral é de trigo...
Do alto da asa norte
Os jardins suspensos
Feitos de flores d?água
E de outros desejos
Se desprendem de vez...
Do alto da asa norte
O cheiro de cafés
Distantes
Flutua ainda mais forte
Pela varanda.
Do alto da asa norte
Ouve-se uma valsinha
E cubos de gelo
Se debatem de calor...
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Brevidade
Breve é a mulher
Que some
Antes de se acabarem os suspiros,
Quando surge
Surge como um escândalo
Quando se percebe
Mal cabe em nossos olhos
Faz uma pausa no andar
Faz uma graça tão natural
Que não percebe o giro
Que ela obriga aos nossos pescoços.
Em momento algum olha,
Mas em todos os outros
Olha indiretamente
E quando parece que ela nunca
Mais vai sair dali
Tombada como patrimônio da beleza...
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Buquê de eus
Por onde andam seus eus?
Pra quem os conta?
Pra quem os diz?
Se é que os diz...
Será que não mais
Os quis
Ou será que os guarda
Num tempo
Num tempo atrás?
Com quem conversa
Essa língua tão nossa?
E se o vento ousar
Levar
Um de seus eus,
Será que ele vai me procurar
Pra me mal-dizer
Seu amor demais?
Não adianta prender seus eus
Não adianta destruir seus eus
Só o tempo os refaz.
Ninguém...
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Cadê
O relógio me mata
Me maltrata
Com sua pata
Ou será ponteiro?
Eu, prisioneiro
No gueto
Da tua falta.
Eu, veleiro
Arrastado pela maré alta
Da saudade
Que invade e arde.
A cada minueto
Entre terra lua e sol
O tempo acende uma nova vela
Para comemorar a idade
Da minha solidão
E o que era um curta-metragem
Tua ausência fez novela.
O que era um assobio
Uma bobagem...
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Café ipanema
Ondas enluaradas
Pássaros ao som do luar
Nasciam madrugadas
Estrelas caiam a cantar
Canções de um mesmo tema
Soavam no café ipanema
Num tempo de ilusão.
Um piano, não
Uma poesia, não
Uma aquarela, não
Foi só imaginação
A lua é tão vazia
Morreu a fantasia
Um barquinho, ia
Uma primavera, ia
Um violão, ia
Ia se tornando nostalgia
Naquelas noites
Embriagadas de melodia
Em tão falsas namoradas...
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Calcanhar de aquiles
Será que nunca vou perder esse medo
De perdê-la
Esse sentimento
Que me devora em fartas colheradas
Sou aflição
Sou desassossego
Sou o pecado
Sem perdão.
Estou tranqüilo, e de repente
Me sobe
Uma comichão pela espinha
O peito se aperta
O coração vira contorcionista
E se espreme
Dentro de uma caixinha de fósforo.
Ah! Porque não vem um desejo louco
Montado num cavalo
E me ateia fogo...
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Cálice de sangue
Pétalas vermelhas
Amparadas
Por um cálice de espinhos
Pontuando um corpo magro
Vestido de folhas
E pontas e caminhos.
Um botão
De rosa vermelha
Crivo de ninguém
Um coração
Fora de um peito
Vivo por alguém.
Flor de sangue
Flor de batom
Flor sobre tom
Flor do mangue
Flor sagrada
Consagrada
As suas mãos.
As suas mãos,
Onde estão?
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Cálice fundo
Quando se fez noite, desfez-se o drama
Quando tudo ficou quieto, de todo, quieto
A vida que existia lá fora
Tão quieta e imóvel
Aos poucos deixava de existir.
Os que andavam em busca de algo... pararam
Os que bebiam fugindo de alguém... pararam
Os que sonhavam nos delírios de si... pararam
Pararam em face da mulher que nascia
Nascia nos seios frescos da noite
No toque das mãos no ventre do piano
Na sangria dos que não se contentam...
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Cama elástica
Cabelos ao vento
Você
Pulando
Sonhando
Amando
Brincando
De ser você...
Ah! Por que você
Não pode ser você
O tempo todo?
Por que você
Tem que ser
O que os outros querem
Que seja você?
Ah! Rompa
De uma vez
Por todas às vezes
Com o que não é você!
Ah! Quero a mulher
Das conversas mais fundas
Do nascer de um sol
Que nunca foi seu.
Ah! Quero aquela mulher
De tantas mulheres...
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