Daniel Campos

Prosas

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13/04/2014 - Desesquecimento

Não, não me esqueça, por favor, não me esqueça do meu amor, não se esqueça do meu valor, não se esqueça de que o beija-flor pode amar feito um condor, não se esqueça do pecador que confessa agora e toda hora seu amor demais, não se esqueça, por favor, de tanto calor já sentido, de jogar fora todo pavor e se lembrar de cada gemido, não se esqueça, por favor, da mudança de cor quando em meu corpo, não se esqueça do fulgor do sopro desse sentimento, não se esqueça, não, não, não se esqueça do dissabor que é nossa distância, não se esqueça do vigor do que segue aqui dentro, não se esqueça da esperança de nós dois, não, por favor, não se esqueça que a saudade não é indolor e que o castor só ama rio acima, não se esqueça, por favor, do suor do nosso clima, não se esqueça de que o amor do furor é também o amor que mima, não se esqueça, não se esqueça, de que o coração é o maior tutor da menina, não se esqueça, por favor, não se esqueça do que nos destina.


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11/08/2012 - Desgraçada

É fato que me chama de ingrato, se faz de vítima a toda hora, até finge que chora e depois cospe no meu prato. Cara de pau não lhe falta. Amor de verdade nunca esteve na sua pauta. Amaldiçoa meu nome, não desgruda do meu sapato, deseja-me fome e coisa pior, trama pelas minhas costas, tem sempre uma resposta na ponta da língua, incomoda como íngua e ainda diz que gosta de mim. Sua ruindade parece não ter fim. E ainda me abraça só pra me trazer desgraça.

Fingida. Dissimulada. Bandida. Ladra. Rouba o meu tempo, a minha paciência. Manipula sentimento. Corrompe a inocência. Faz intriga. Causa briga. Tem olhar de seca pimenteira. Tudo o que toca murcha. Engasga de remorso. A consciência suja não lhe deixa dormir. Sua vida porca não lhe deixa sorrir. Vive para mentir. Amargurada. É pedra na estrada. Fecha caminhos. Atrapalha a alegria alheia. Tem um mundinho bem pequeno. Viúva negra solitária em sua teia de venenos....
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15/10/2014 - Desmemoriado

Tenho medo de mais dia menos dia acordar sem memória alguma, a ponto de não saber meu nome e endereço. Isso porque tenho feito uma ofensiva contra minhas lembranças. Tenho queimado, feito um inquisidor da era das bruxas, todo o meu passado perdido. Todas minhas paixões que deram em nada. Todos os meus sonhos que não aconteceram. Todas as minhas ilusões que não vingaram. Tenho investido contra toda minha memória morta, todo peso que atrapalha minha caminhada cerebral, toda tralha que desperdiça espaço no meu disco mental. Só que nessa guerra contra tudo o que não me é útil, compromete pedaços de uma vida. Pedaços que me dão identidade. Não sei como vou acordar amanhã, hoje ainda tenho nome e endereço....
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10/09/2010 - Desnorteamento

Salvem as fadas, os duendes, os bruxos e os vampiros e queimem os hipócritas. O que é bom e o que é mau? Quem é o herói e quem é o monstro? Tudo está muito confuso, muito junto e misturado. Não dá mais para distinguir a luz da escuridão. Há sempre um disfarce, uma máscara, uma palavra tão doce quão fingida flutuando no ar. E o que se há de fazer? Viver sem saber pra quem rezar e em quem acreditar...

E se Lúcifer não for o vilão da odisséia? E se ele tiver sido traído pelo mesmo Deus que expulsou o primeiro casal do paraíso? E se tudo não passar de uma grande mentira? E se os demônios forem mais afáveis e fiéis que os anjos? E se as nossas preces não chegam aos céus? E se os milagres não passam de lendas? E se os santos não são tão santos assim? ...
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01/02/2012 - Desordeiros

Vamos mudar o ar, trocar de lugar, sair em disparate. Vamos desconstruir o óbvio, subverter a ordem, cultivar o caos. Vamos fazer arte, assoviar de trás pra frente, viajar pra Marte. Vamos misturar os escritos, servir poesia em litros, trazer à tona o que ainda não foi dito. Vamos nos tirar do gancho, da tomada, da rede. Vamos ver a vida passar e pedir passagem. Vamos sair de cena e entrar em campo. Vamos desvestir o santo e nos vestir de encanto.

Vamos dançar com as cadeiras, rolar pelas ladeiras, esquecer as canseiras. Vamos abrir os braços ao vento, mergulhar em pensamentos, pular fogueira. Vamos rezar pra primavera chegar logo. Vamos acender uma estrela, beber um drinque chuvoso e dar início a uma nova era. Vamos abrir caminhos e rodar em redemoinhos e nos manchar de vinho. Vamos alterar o ritmo, descobrir um novo logaritmo, fundar um novo sentimento.


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17/07/2016 - Desperdiçando sonhos

Caminha com passos sonolentos. Como barqueiro na tempestade, deixa o mar assumir o controle. E o mar, no caso dela, é a vida que a leva como em ondas. Está sempre com pressa, dona de pouco tempo, porque, simplesmente, não está no timão. Se timoneira fosse, dava uma guinada no destino. Mas anda preferindo ser espinho a flor. E o que pode fazer o coração se ela não o permite? Convite a um novo tempo não faltam. Saltam aos seus olhos todas as possibilidades, mas ela insiste numa realidade de incompletude. E a saudade do que poderia ser e não é vem amiúde. E com passos sonolentos ela passa desperdiçando sonhos sem tomar uma atitude.


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29/11/2014 - Despertar sempre

Vá em busca de novos tempos, novos começos, recomeços, meios e fins para se alcançar o sonho sem preço. Saia dessa inércia e busque o que é seu, por direito da sua fantasia. Procure por novos luares, novos pesares, novos amares, novos lares. Deixa o desânimo para lá, sacuda a sua alma, chacoalhe o seu coração, toma as rédeas da sua vida e não perca mais tempo. Há muito a ser conquistado, batalhado, realizado, mas você precisa dar o seu melhor para que tudo ocorra da forma como você quer. Nada de choramingar, reclamar, acovardar-se. A vida acontece lá fora e você onde está? Estamos de passagem e, para tanto, é preciso coragem. Cada dia que anoitece é um dia a menos que amanhece para você. É mister ter força de vontade para encarar a realidade. Se a macieira deixasse tudo para amanhã nunca teríamos maçã. O destino foi escrito para ser cumprido, vivido. Portanto, bote juízo na sua cabeça e dê corda no seu coração, pois a vida é muito mais do que um sim ou de que um não.


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29/08/2010 - Desvario

Já passa das dez e nem sinal dos teus pés aos pés da nossa cama. Desesperado, olho para o lado vazio e me jogo sozinho buscando seus olhos de trapézio, sobrevôo o mezanino das horas e caio no revés do drama. Onde está você? Por onde anda que ninguém vê? Quero tanto lhe saber. Deixa lhe procurar, lhe achar, lhe contar à falta que sinto do seu lábio tinto fazendo da minha boca o seu recinto. Não meu amor, não, por favor, acredite, não minto. Sem você tudo é um mais que imperfeito labirinto, são muitas entradas e nenhuma saída. Você apareceu sem saber de onde entregue à lida do amor e, de repente, tudo acabou sem despedida numa quase vida. ...
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27/02/2012 - Detesto segunda-feira

Eu detesto a segunda-feira. Detesto o cheiro, a luz, o ambiente, a conversa, o sorriso amarelo de uma segunda-feira. Detesto o comportamento e o sentimento contidos numa segunda-feira. Eu detesto a falta de gosto e o desgosto e o mau-gosto de uma segunda-feira. Eu detesto o artificialismo, o cinismo e o entreguismo que reinam numa segunda-feira. Eu detesto os indicadores e os atores da segunda-feira. Eu detesto a preguiça que é associada à segunda-feira. Eu detesto o politicamente incorreto de uma segunda-feira....
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17/01/2013 - Detrás do muro

Detrás do muro há um mundo desconhecido. Sereias e feras convivem entre belezas e garras detrás do muro. Detrás do muro existe tudo o que lembre o inferno e também o paraíso. O permitido e o proibido se oferecem de diferentes modos detrás do muro. Detrás do muro há uma enorme caixa contendo seus perdidos. Fama, poder e destruição lhe esperam detrás do muro. Detrás do muro reina um tempo novo, capaz de lhe envolver como nunca dantes foi envolvido por nada, por ninguém.

Bruxas e fadas, heróis e vilões, luzes e sombras lhe aguardam detrás do muro. Detrás do muro há plantação de sorrisos e desertos de dor. Deuses rígidos e deusas carentes murmuram detrás do muro. Detrás do muro há desejos de todos os tipos se desejando de todos os jeitos. Há esperanças grávidas e sonhos estéreis detrás do muro. Detrás do muro existem estrelas que não brilham, mas que pulsam e rodopiam como bailarinas. O destino é controlado pelas meninices das meninas, em especial, detrás do muro....
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