Daniel Campos

Prosas

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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 145 de 320.

12/07/2015 - Ipê rosa

Olha quanta prosa pelas ruas. Árvores nuas. Buquês rosas. Vê os ipês. Crê no poder das cores que explodem e eclodem amores. Pelos canteiros de ipês há tanto querer. São beijos rosados, corados, vingados de amor. São flores altas voando feito condor. São amores doces beijados de bico em bico que o diga o senhor beija-flor. São árvores de claves de sol e de lua. Entre pés de ipê, dentre homem e mulher, minha boca encontra a sua.


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19/02/2008 - IPTU x IMAP

Se deus criou o mundo, o demônio criou o IPTU. Será que há mais de quinhentos anos, índio pagava IPTU da oca pro cacique? Já pensou? Toc toc. Sr. Cauré, estou aqui em nome da secretaria especial de tributos da tribo para medir aquele puxadinho que foi feito semana passada. A nova área construída será acrescida no valor do seu Imposto Predial e Territorial Urbano. Lembre-se: pagando seu imposto em dia você contribui para as melhorias da nossa aldeia. Ou seria para garantir o bem-estar do cacique, que desvia tais verbas para sua promoção pessoal?...
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25/04/2013 - Ir embora

Ir embora para não voltar. Ir embora para além-mar. Ir embora para se achar. Ir embora aos braços de romance. Ir embora entregue ao vento. Ir embora por caminhos desconhecidos. Ir embora confiando em seu santo. Ir embora quebrando qualquer quebranto. Ir embora sem bagagem. Ir embora mesmo que seja proibido. Ir embora para dimensões paralelas. Ir embora sem saber o que lhe espera.

Ir embora para não chorar. Ir embora para poder continuar. Ir embora para brotar em outro lugar. Ir embora sem medo do que vai encontrar. Ir embora seguindo seu axé. Ir embora sem remorso. Ir embora cantando, sonhando, amando, dançando e se dando. Ir embora num passe de mágica. Ir embora sem maiores planos. Ir embora à deriva. Ir embora sem se importar com o fim da estrada. Ir embora e mais nada. ...
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Iroko i só! eeró! (trecho I)

"Iroko i só! eeró!
Ao contrário de um costumeiro olá, boa tarde, como vai... Iroko i só! eeró! É assim que aquela senhora de sorriso envelhecido como os óleos de uma natureza morta saúda e gosta de ser saudada. Só que essa saudação não acontece à capela e sim acompanhada do longo rangido de uma porteira, que mesmo com algumas de suas vértebras trincadas pelo tempo, dava acesso à entrada principal e única da chácara daquela mulher que leva um colar de contas verdes musgo e riscadas de marrom em seu pescoço magro. O cenário, com um quê de Hitchcock e outro de Dostoievski, é um prato cheio para os amantes do cinema e da literatura. ...
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Iroko i só! eeró! (trecho II)

"O sol continua escondido entre nuvens negras e longas quando ela me convida a entrar, agora dentro de sua casa. Mas o vento não dava indicações de chuva. Além de soprarem do sul, tinham um sabor seco. Ao terminar o último dos seis degraus, mais uma vez, minhas retinas se dividem entre luzes e sombras. Na sala da casa sem forro, dezenas e dezenas de velas. Velas coloridas. Toda aquela parafina queimada causa um cheiro que chega a queimar as narinas. Não consigo encontrar televisão, aparelho de som, abajur... Enfim, não consigo encontrar o menor sinal de energia elétrica. Apenas as velas. Uma poltrona forrada de pano verde e um sofá cinza de três lugares tratam de povoar a sala. Em destaque, sob um móvel escuro, uma escultura de Iroko, entalhada em madeira de gameleira. Iroko era o orixá daquela mulher que podia ter muitas preocupações, menos a de varrer a casa. Espalhadas pelo chão, uma infinidade de folhas secas da tal árvore da porteira. O vento deveria ser forte para trazê-las até ali."


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Iroko i só! eeró! (trecho III)

"Eu sou de Iroko
Iroko não falha
Eu sou de Iroko
Iroko não falha

Conforme a velha cantava, o vento trazia o som de tambores. Plutão, Vladimir, e os dois vira-latas, seguem atrás em feitio de cortejo. Não havia latido nem miados. Só um vento forte que deitava capins, levantava folhas e trazia sons de tambores. Podia ser batidas vindas do sítio vizinho, mas mãe Zizinha, depositando o vaso aos pés da árvore, garantia que aquele som vinha de um terreiro do Rio de Janeiro, onde ela era ialorixá. Ela havia fechado o terreiro para viver só com Iroko, mas os tambores continuavam. E aquele vento era a manifestação do amor de Iroko por ela. ...
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Iroko i só! eeró! (trecho IV)

"Bruxa, meia diabo, meia mué, Deus te dá cabo, dá cabeça aos pé. Na minha casa tu não hás de vir, nem onde nenhuma criança estiver. Em nome de Deus e de Nossa Senhora de Aparecida. Amém.

Era assim que Dona Leontina, uma senhora grandes olheiras, rezava toda vez que era obrigada a passar perto de mãe Zizinha.

Essa mulher é a coisa ruim em pessoa. Sinto minha espinha arrepiada toda vez que ela se aproxima. Uma vez ela passou lá em casa, vendendo seus bordados, eu não quis comprar. A expulsei de lá. Você acredita que no que ela virou às costas, um pé de rosa vermelha que eu tinha na frente de casa secou. Foi num piscar de olho. Nunca vi coisa daquela. Graças a Nossa Senhora Aparecida ela nunca passou do portão lá de casa. Sabe moço, teve gente que a convidou para entrar e a família inteira morreu"....
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Iroko i só! eeró! (trecho V)

"Com um vestido azul e uma sandália rasteira dona Olga pega um terço de contas grandes e começa a rezar. Silêncio. Falso silêncio. Os murmúrios de dona Olga parecem se comunicar com o choro da pequena Eduarda. Estamos todos em pé no centro da sala de dona Olga, que tinha um crucifixo de madeira na parede e algumas imagens de santo. São José. São Bento. Santo Antônio. São Francisco. E várias imagens da Virgem Maria. Ao lado de Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Graças e Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Embora de tamanhos e estilos diferentes, as imagens ficavam sob uma mesinha de pernas de pau em um dos cantos da sala."...
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08/01/2014 - Irradiação

Irradia amor por todos os plexos. Irradia o mistério do universo. Irradia o que ninguém pode contar. Irradia o segredo do espaço. Irradia o místico, o mágico, o sublime. Irradia o que ainda não conhece. Irradia para além da sua compreensão. Irradia forças de origens diferentes. Irradia uma ancestralidade rica e única. Irradia matas, mares, pedreiras... Irradia para além dos campos da ciência. Irradia energias iniciáticas. Irradia o contato com outros planos. Irradia raios nativos. Irradia o que é bendito. Irradia para curar, para libertar, para desintegrar e reintegrar. Irradia para o bem do outro que você sabe ou não quem é. Irradia toda pureza do seu íntimo. Irradia sendo instrumento e parte de um trabalho maior. Irradia em feitio de prece, de prece viva. Irradia se entregando. Irradia indo longe sem sair do lugar. Irradia por paz, felicidade, perdão... Irradia por harmonia, sintonia, elevação... Irradia seguindo um ritual coletivo ou particular. Irradia transformando o negativo em positivo. Irradia sem pensar ou querer mais nada, sendo, por inteiro, um núcleo de irradiação.


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02/03/2014 - Isolamento

Corra pelo campo falando, gritando que me ama. Molha seus pés lembrando do quanto os beijei e se arrepia. Respira o ar puro e aflora em teus lábios o sabor dos meus beijos, sim deixa o vento levantar o fogo dos beijos dados e nunca passados. Deita na cama querendo deitar em meu peito. Nada como que dando braçadas e mais braçadas em meus olhos. Divida cada um de seus momentos, mesmo que mentalmente, comigo. Olha para o céu e pergunta para a lua como estou, pois é a mesma lua que a ti vou. Anda pelas matas sabendo que ando contigo naquela força, naquele verde, naquela essência. Durma e me encontre vestido de sonho a sua espera. Escuta o que as estrelas têm para lhe dizer sobre o nosso destino, presta atenção nos mapas que elas vão lhe indicar. Fecha os olhos, estica os braços e venha me buscar. Faça da saudade uma motivadora de atitudes. Sorria por nada só por saber o quanto eu gosto de você sorrindo. Aproveita da quietude ao seu redor e lembra e imagina. Toca o ar como se tocasse meu rosto. Mistura-se às flores. Eleva seus pensamentos e fique a sós com seus sentimentos. Apura esta voz interior e deixa ela lhe conduzir por onde tem de ir. Respira fundo e se joga em cada segundo do seu mundo particular.


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