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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 120 de 320.
21/07/2013 -
Exatamente assim
Ouça o que a ternura tem para dizer, palavra por palavra. Brinque, sempre que possível ou impossível, com a intimidade. Peça perdão a todo instante para garantir uma absolvição antecipada. Espalhe palavras gostosas por terras que vão além de onde sua vista alcança. Respeite as particularidades do dia e da noite, curvando-se ao sol e entregando-se à lua. Tateei o medo até que ele – o medo – não sinta mais medo de você. Durante as tempestades, ofereça doses e mais doses de mansidão aos que chegam trazendo ventos, raios e trovões em suas falas e gestos. Faça dos restos de tantos eus o seu eu inteiro. ...
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20/07/2013 -
Ficância
Fica para sempre ao meu lado um pouco mais. E que o que for vivido nesse conjunto de estar junto se intensifique e se multiplique mais e mais. E que, no mais, o ficar perto seja entendido e praticado como muito perto. Fica porque ficar é uma forma de abdicar da cólera da separação que soluça lá fora sem pedir perdão. Fica aqui, por favor, fica aqui porque tudo mais é solidão e suas conseqüências. Fica, por mais que eu peça para ir embora, fica. Fica como se não houvesse outra opção além de ficar e ficar e ficar. ...
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19/07/2013 -
A menina e a santa
Uma menina, do alto de seus quatro anos de idade, desgruda da mãe, que está de joelhos num banco de igreja, e se aproxima da imagem de Nossa Senhora e começa a conversar com a santa:
Santa, o que faz com tantos pedidos depositados aos teus pés? Santa, para onde leva todas essas flores que ganhou? Santa, não tem medo da chama das velas que cercam sua imagem? Santa, para que tantos terços em volta das tuas mãos? Santa, como faz para memorizar tantas preces? Santa, não sente mede quando lhe levam em um andor? Santa, o que acha de tantas meninas batizadas com o seu nome? ...
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18/07/2013 -
Atriz
Depois do último ato, desça do palco, vire, revire-se e tire camada por camada todo talco do rosto, bem como toda fantasia e figurino que lhe escondem o corpo, dispa-se também dos aplausos e das falas que ainda balbuciam pela sua garganta, esquecendo-se também dos dramas e tramas vividos há pouco e das visões da plateia e de outros personagens, sejam eles do bem ou do mal, da rainha ou da plebeia, da ficção ou da vida real, e volte-se para o espelho, no íntimo retrato de seu rosto nu, e se beije, e se deseje, e se relampeje de pensamentos e sentimentos que são tão seus quão próprios de você, trocando de pele por dentro e por fora, como serpente e útero, numa metamorfose sem começo nem final, numa apoteose de sensações, numa overdose de emoções, numa mudança de físico e de astral, que faça você se reencontrar com você, por entre lágrimas e prazer, por entre maldições e bem-querer, por entre o infinito e o finito que se fundem em sua cara desarmada de autos recheados de literatura e poesia, independentemente se amada ou desalmada, mas humana em sua plenitude de mulher ou de menina que sabe o que é, o que quer e para onde vai depois que se fecham diante de você as cortinas do espetáculo libertando os tentáculos da solidão que não se cansa de lhe pedir bis como se ser sozinha fosse o fio do enredo para ser feliz, como se um coração de carne não batesse no peito da atriz, que precisa de muita coragem para não dobrar os joelhos e se despir de toda paisagem dramática e fantástica, de toda sua formação e informações, da primeira a última floração passando por suas inflorações, e se olhar no espelho e dizer que “sou flor de lótus, flor de sal, flor de lis”, “sou de sonhos pueris e de meretriz”, “sou perfume, esperança e quadris”, “sou do sexo das rosas e das prosas e silêncios dos fuzis”, enfim, por fim, no fim, é preciso sim de muita coragem para não ceder aos apelos dos profetas e profecias do que é ser feliz, olhar-se no espelho e dizer “sou exatamente e tão somente o que quero e o que quis”.
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17/07/2013 -
Ao seu tempo
Todo rei mais dia menos dia vai deixar de reinar. Todo pecado mais dia menos dia vai ser santificado. Todo guarda-chuva mais dias menos dia vai se molhar. Todo futuro mais dia menos dia vai ser passado. Todo pirata mais dia menos dia vai naufragar. Toda boca mais dia menos dia vai ser beijada. Toda expectativa mais dia menos dia vai ser quebrada. Todo pássaro mais dia menos dia vai deixar de voar. Toda brincadeira mais dia menos dia vai perder a graça. Toda pedra mais dia menos dia vai ser vidraça. ...
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16/07/2013 -
Boldo encantado
A poucos passos de casa, ficava o quintal de dona Adélia, onde, entre outras ervas medicinais, localizava-se o pé de boldo milagreiro. Para quem herdou problemas de fígado e de estômago da mesma, aquele pé era um deleite para a saúde. Quantas as vezes que já cheguei perto dele com uma perna no além e após mastigar ou amassar aquelas folhas eu renascia. Era questão de segundos. E quando era ela ou seu Líbio quem preparava, como uma espécie de ritual, aquela macerada melhor ainda eu ficava.
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15/07/2013 -
Alcoolizando
O que seria dos piratas sem rum? O que seria dos poetas sem uísque? O que seria das cantinas italianas sem vinho? O que seria das noivas sem champanhe? O que seria dos tacos sem tequila? O que seria das conversas de futebol sem cerveja? O que seria do samurai sem saquê? O que seria do malandro sem a cachaça? O que seria da revolução comunista sem vodka? O que seria da declaração de independência dos EUA se não fosse escrita num bar?
O que seria das noites de frio sem conhaque? O que seria dos aperitivos sem vermute? O que seria da digestão sem uma dose de gim-tônica? O que seria de James Bond sem Dry Martini? O que seria do happy-hour sem o chopp? O que seria da feijoada sem a capirinha? O que seria dos bombons sem licor? O que seria de Marilyn Monroe sem Manhattan? O que seria de Marcello Mastroianni sem Negroni? O que seria das praias sem uma batida de frutas?
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14/07/2013 -
Coração fermentado
O coração fermenta como massa de pão, vinho e queijo. Fermenta nas cozinhas profissionais e amadoras do sentimentalismo humano. Fermenta de saudade, de amor, de tristeza e de tantas outras coisas. É por isso que temos a impressão que nosso coração amanhece, entardece e anoitece com sabores, volumes e texturas diferentes. E há sempre alguém a dizer que temos o coração fresco ou podre.
Isso porque as paixões, principais agentes da fermentação do nosso coração, são microscópicas tais como fungos e bactérias. Seja a paixão por uma pessoa ou uma situação, por um lugar ou uma comida, por uma roupa ou um tempo, é nítido que nosso dia-a-dia é um enrolar e desenrolar contínuo de paixões. E não faltam médicos e filósofos tentando compreender e explicar o coração fermentado. ...
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13/07/2013 -
Sereias nucleares
É preciso chorar pelas sereias radioativas, nadando por entre o iodo e o césio que vazam da usina de Fukushima. Sereias essas que estão sujeitas à extinção e diversas mutações. São milhares e milhares de toneladas de água contaminada afetando algas, animais e lendas marinhas. A candura, a brancura e a harmonia das sereias não vão resistir a essa inundação nuclear. A mistura ideal entre a mulher e o peixe está sob risco.
Soube que elas nem empunham mais a lira, as flautas e as gaitas, pois deixaram de cantar. A radiação fez com que perdessem a voz. Também não andam mais empunhando espelhos, pois seus rostos sofrem com os impactos da poluição nuclear. Poseidon, que sabe de tudo o que passa em seus domínios, deve levantar seu tridente contra essa situação deveras criminosa. Previsão de maremotos e tremores à vista. ...
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12/07/2013 -
Tia (Mãe) Neiva
Tia Neiva, na verdade, é Mãe. Mãe não só de filhos biológicos e do coração, mas de uma doutrina. Mãe do Vale do Amanhecer no sentido mais materno-afetivo da palavra. A mãe apará do doutrinador. Mãe em ligação direta com Pai Seta Branca e Mãe Iara e tantos outros pais e mães que se apresentam, entre outras, em roupagens de preto-velhos e caboclos. Mãe do terceiro milênio. Mãe que sempre encantou. Mãe de vários amigos de luz neste e em outros planos. Mãe de mais de um milhão de médiuns praticando a Lei do Auxílio em todo o mundo. ...
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