Daniel Campos

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06/02/2014 - Apagão

Apaga a luz que vagueia pelo céu. Apaga a lua. Apaga cada uma das estrelas. Apaga os cometas apressados. Apaga o localizador do avião. Apaga a luz que tonteia pelo chão. Apaga o mercúrio dos postes. Apaga as velas dos fieis, dos carentes e dos românticos. Apaga a saia do abajur. Apaga o farol das estradas e do mar. Apaga o raio antes do trovão. Apaga a lanterna do caçador. Apaga o enxame de vagalumes. Apaga as faíscas da saudade. Apaga os holofotes do espetáculo dos viventes. Apaga a luminosidade dos filósofos. Apaga a fogueira dos inquisidores. Apaga a lareira. Apaga as brasas do fogão. Apaga o beijo de néon. Apaga a chama do amanhã. Apaga o reflexo da faca. Apaga cada clarão de esperança. Apaga o fósforo que brinca na mão da criança. Apaga o brilho dos meus olhos. Apaga tudo e me deixa no escuro pensando, sonhando, guardando você que, por si só, me clareia.


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