Daniel Campos

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Encontrados 184 textos. Exibindo página 14 de 19.

08/08/2013 - Mordedura

Permita-se ser mordido
Pela boca amada
Mesmo que a dor beire o insuportável
Pois tudo é remediável
Quando se fala de amor
Deixe que as presas
Penetrem sua carne
Milímetro a milímetro
Pois o medo não pode ser maior que o desejo
Quando se fala de amor
Permita que ela tatue
Sua boca em seu corpo
Por quantas vezes quiser
Pois nenhuma mordida é igual a outra
Quando se fala de amor
Que a mordedura dessa mulher...
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Morenando

Com
Flores
Bordadas
Na saia
Rodada
A morena
Vai
Morenando
A rua
Ora anda
Ora desanda
Ora flutua

Ela não tem parada
Não tem paradeiro
A morena sacode
A estrada
Como malandro
Roda um pandeiro

Morena das trilhas
Das filhas
Das minas
De Janeiro

Morena tem o balançado
Das embarcações
Que deixam os sertões,
Entre o baião e o fado...
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22/05/2016 - Morna? Ela? Jamais!

Morna?
Ela? Jamais!
Ela era quente
Em seu querer,
Em suas entranhas
A ponto de alcançar a ebulição
Seus olhos me faziam suar
Seu corpo me dava febre
Como uma lagarta de fogo
Era preciso saber tocá-la
Para não me queimar.
Às vezes era quente e seca
Como um deserto
Causando-me delírios
Pondo-me perdido.
Às vezes era quente e úmida
Como uma floresta
Densa e intensa
Chegando a me causar loucura. ...
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13/08/2016 - Morrendo como siriri, louva-deus...

Eu vou morrer
Como morrem os siriris
Num balé de luzes
No alto dos postes
Nos seios da noite
Num açoite
Vou morrer com asas
Acordar sem asas
Sem cova
Funda ou rasa

Eu vou morrer
Como os louva-deuses
Numa fé inquebrável
Verde de esperança
Com mãos de adeuses
E uma magia-criança
Vou morrer por agora
De fora pra dentro
De dentro pra fora
Vou embora


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25/11/2013 - Morrendo hoje

Se eu morresse hoje
Por quantos dias ainda existiria “nós”?
Por quanto tempo ainda leria meus textos?
Por quantas vezes ainda se lembraria de mim?
Se eu morresse hoje
Por quanto ainda seria apaixonada pelo que fui?
Por quantos instantes se pegaria me olhando?
Por quantas horas seria capaz de chorar?
Se eu morresse hoje
Por quantas semanas eu ainda viveria em você?
Por quanto tempo meus “eu te amo” resistiriam?
Por quantas estradas caminharia tendo eu ao seu lado?...
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16/12/2013 - Morrer de você

Deixa-me morrer
Em teu corpo
Com as costas
Alvejadas
Pelas flechas
De um exército
Ensandecido
De cupidos

Deixa-me escrever
Com meu sangue
Em teu peito
Minhas últimas palavras
Quem sabe
Um poema
Ou um conto

Deixa-me suspirar
E gritar
E sussurrar
Em sua boca
Para que minha alma
Assim que liberta
Do meu corpo
Possa adentrar
Pelos seus labirintos...
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14/11/2013 - Morte anunciada

Saiba que eu vou deixar de existir
Quando você estiver longe de mim
Ao partir para um lugar chamado distante
Você decretará de imediato minha morte
E, se por acaso, lembrar-se de mim
Suas lembranças serão como flores
Depositadas sobre meu eu esquecido
A sua partida tomba meu corpo
Ergue a minha lápide mais fria
E tudo o que foi dito e redito virá pó
Entre nós, tudo será um copo vazio
Minhas mãos não mais te alcançarão
Meus olhos fecharão guardando ...
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Morte aos sonhos

E se a mulher amada não lhe olhar com os olhos que deseja?
E se a mulher amada não lhe doar os lábios num sorriso?
E se a mulher amada lhe ignorar num ato nunca imaginado?
E se o pessimismo for tomado no cálice da mulher amada?
E se o sentimento cultivado não existir na mulher amada?
E se a decepção brotar dos seios da mulher amada?
O que fazer?
A razão lhe atormenta! A alma emudece!
Implorar ao primeiro Deus?
Alimentar o esquecimento?
Coroar a dor?...
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04/09/2014 - Movimentação

Quando me chega calada em tantos gritos
E toma conta de meus ouvidos
Como uma canção de ninar que nunca se vai
Dando meus dias como lidos
É porque o amor para além de qualquer rito
Recai

Amor é moto-contínuo sem explicação
Movimento ilusório e intenso de sim e não
É o ascender e o cair e o reascender
Da mesma chama. Ama sem medo
De fluir seu sentimento ou ao vento pedir
Segredo


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13/07/2014 - Mudança brusca

Como você mudou
Nem lhe reconheço
Como se sua alma
Mudasse de endereço
E ainda pede calma?
Como se transformou
Da água pro vinho
Da noite pro dia
Inverteu o caminho
Estancou a hemorragia
Mudou, mudou, mudou
O que cabia não cabe
Da demônia pra madre
Do incrível pro impossível
Do voo pra queda
Quer que eu me renda?
Amor que se quebra
Nem sempre se emenda


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