Daniel Campos

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14/11/2013 - Morte anunciada

Saiba que eu vou deixar de existir
Quando você estiver longe de mim
Ao partir para um lugar chamado distante
Você decretará de imediato minha morte
E, se por acaso, lembrar-se de mim
Suas lembranças serão como flores
Depositadas sobre meu eu esquecido
A sua partida tomba meu corpo
Ergue a minha lápide mais fria
E tudo o que foi dito e redito virá pó
Entre nós, tudo será um copo vazio
Minhas mãos não mais te alcançarão
Meus olhos fecharão guardando
Para sempre a semente do teu adeus
Os dias seguintes passarão como um rio
Que carrega tudo, de dor à saudade
Não se preocupe como vou ficar
Pois, de imediato, saiba que não ficarei
Inteiro sem você
E serei ainda mais dividido pelos ventos
Que, de propósito, me trarão seus risos
Felizes e libertos das coisas de mim
Não se culpe ou alimente remorsos
Viva tudo o que eu não pude lhe dar
Viva tudo o que eu não pude ser
Para mim, para você, para nós
Chore só se for de prazer
Porque depois da despedida
Lágrimas não serão capazes de colar
O retrato quebrado, o amor desfeito
Não deixe de ir, mas vá consciente
De que ao partir me entregará
Aos dentes afiados do tempo
Que sempre nos quis separados.


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