Jardins de bougainvillea
Antes que o trem descarrile
Dos trilhos que trançam
E avançam em seus olhares
De maria-fumaça
É preciso que deixemos todos os lugares
Por onde a deusa-flor não passa
E desembarquemos nos confins
Dos jardins de bougainvillea.
Ah! Quero saber a primavera
Da mulher de quimera
Antes que o tempo me exile
E comece a era
Da mulher
Que se faz inverno e inferno
O quanto mais puder.
Ah! Antes que o dia afunile
Meus sonhos de carrossel
Quero conhecer o segredo
Da mulher de bougainvillea
Que se deita e se deleita
Sob as pétalas das três-marias
E sob o vermelho fantasia
Das flores-de-papel.
Ah! Ainda é cedo
Para as flores caírem
Rosas e roxas
E partirem e sumirem
Em polens de medo
Pelas coxas
Da mulher do rochedo
Mas é um cedo que não é tanto,
E para tanto
Antes que a seca me aniquile
Fazendo-me sentir
Um rei sem trono
Caído e foragido
Quero me embrenhar
E desbravá-la e me sonhar
Pelos jardins de bougainvillea
Que nascem e se põe a florir
Em amores de menina e colono
No ventre da mulher de outono.
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