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Encontrados 261 textos. Exibindo página 10 de 27.
14/11/2013 -
Sereias de Iemanjá
Salve as sereias de Iemanjá que se movimentam como as ondas do mar. Salve as sereias que fluidificam as águas onde os espíritos são tratados. Salve as sereias de sangue azul como a água celestial. Salve as sereias que movimentam as mãos como brisa e cantam como um choro, muitas vezes silencioso, mas não menos encantador. Salve as sereias e suas silhuetas encantadas. Salve as sereias e suas emissões de ectoplasma e luz. Salve as sereias que brilham como água refletindo a luz do sol e da lua.
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29/10/2013 -
Suas mulheres
Quantas, quantas, quantas são as mulheres que lhe habitam? Quantas mulheres transitam dentro de seu corpo? Quantas mulheres imitam as suas mulheres sem sucesso? Quantas mulheres seus olhos enxergam no espelho? Quantas mulheres não chegam aos seus tornozelos? Quantas mulheres você alimenta?
Princesas, sereias, feiticeiras, gregas, ciganas... Mulheres possíveis e impossíveis... Mulheres reais e de ficção... Mulheres-meninas, mulheres-garotas, mulheres-moças... Cinderelas, rapunzéis, belas adormecidas... Mulheres de direito e mulheres de fato... Mulheres de entrelinhas e capas de revista......
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16/10/2013 -
Suadouro
E, de repente, o sol é uma imensa pedra de gelo boiando num céu de uísque. O chão é cremoso feito sorvete bem batido. O ar da manhã chega com aroma de chá gelado. E a mulher que desafia a estação passa espalhando frescor. As árvores serenam como se fossem imensas duchas. Há uma piscina em cada esquina. Os arranha-céus dão lugar a icebergs. E o governo distribui cachoeiras particulares.
O mar chegou a todas as cidades, refrescando as ideias mais quentes. Junto com os desejos de bom-dia, boa-tarde e boa-noite surgem copos e jarras de suco. Já as crianças preferem tomar banho de refrigerante geladinho. E, diante do suadouro, deus criou o ar-condicionado. Ventos do sul e do norte dançam como pás de ventiladores. E da boca da mulher amada, um hálito frio que chega a causar arrepios.
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15/10/2013 -
Saudade Calopsita
Ela se foi sem dizer. Não ouvi seus gritos de dor ou de perdão. Ninguém sabe o horário exato que ela arrumou as malas e partiu. Será que foi loucura? Será que foi tontura? Por que foi que ela caiu? Ela se foi sem ir. Caída no chão do quarto, encolhida e sem vida, vestida para casar. Não conseguiu ser mãe ou amante, foi só mulher de dois casamentos. Sem sorte no amor, Paola, um marido morto, um marido ao vento.
Ela se foi sem querer. E já há alguém cantando sua falta num canto lírico. E já há alguém investigando sua partida repentina. E já há alguém a comparando com um lírio – lindo e breve. Ainda não descobriram quais foram suas últimas palavras. O viúvo endoidou... Será que finge tanto amor? Ela é lembrada de tantos jeitos e formas. E por todos os lados palpita uma saudade calopsita – doce e selvagem ao mesmo tempo.
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07/10/2013 -
Sapateia
Sapateia, oi, sapateia, sapateia que o céu clareia. Sapateia, sapateia, êêê sapateia, que a vida incendeia. Sapateia aqui, sapateia lá, sapateia ali e acolá. Sapateia, sapateia descalça, de sapato e de meia. Sapateia seu sapateado na veia. Sapateia no asfalto, no mato, de salto, por amor e na areia se for para chamar a sereia.
Sapateia, ai, sapateia, sapateia da minguante à lua cheia. Sapateia, sapateia, ôôô, sapateia firme, mas sem arrebentar a teia. Sapateia, sapateia, ah sapateia beleza espantando a cara feia. Sapateia, sapateia cada nota, sapateia dando volta, sapateia na cama, no telhado e na porta. Sapateia, sapateia e serpenteia.
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29/09/2013 -
Seu Antônio Catireiro
Seu Antônio Catireiro chega batendo as mãos e os pés. E é nessa batida que ele se comunica, conversa e versa. Seu Antônio Catireiro conta causos de fé, de bicho e de mulher. Sapateando pra lá e pra cá, com seu cateretê seu Antônio só falta fazer chover.
Seu Antônio Catireiro já foi carreiro, roceiro, relojoeiro e taxista, mas foi na batida da catira que ele virou artista de janeiro a janeiro. É nessa batida que ele chega pra mor de cuidar, de encantar, de festejar... Sinônimo de alegria, seu Antônio Catireiro vem na cantoria. ...
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22/09/2013 -
Sabores de domingo
O domingo amanhece com molhos de tomate borbulhando no fogo baixo. Molhos que mais tarde darão vida às famosas macarronadas. Os frangos giram 360° nas máquinas em frente a padarias, açougues, quitandas. O homem sai em busca do carvão, que logo mais vai ser queimado em uma churrasqueira no quinta. Asinhas, linguiça, cupim, picanha e até dúzias de pão de alho se oferecem aos espetos. A mesa do café da manhã ganha pães, bolos, tortas e jornais e revistas. E o açúcar vai caramelizando enquanto os pensamentos já se vão pela sobremesa. ...
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03/09/2013 -
Sequidão
Tudo o que o tempo podia sugar, sugou. Sem piedade. O verde ficou amarelado, apastelado, amarronzado. Nem as ervas daninhas resistiram e tombaram. As sementes secaram antes mesmo de se transformarem em brotos. Fósseis de vidas sem vida espalhados pelo chão. Os ossos das costelas do cachorro furaram a carne. A mina, a fonte, a nascente secaram. A cachoeira virou pedra. Não condeno a confusão entre tempo e medusa, pois ao olhar direto para eles tudo é petrificado.
As lágrimas secaram armazenando dentro dos olhos a tristeza. Os corpos secaram, emagrecendo, com fome e dor. Carcaças de gado espalhadas pelo caminho. E as flores murcharam antes mesmo da floração. Ao contrário de nuvens de chuva, nuvens de pó. Na boca, o gosto infértil da poeira. Tosse, catarro, vómitos de seca. Os rios minguaram, secaram, trincaram. Os peixes se acabaram na lama podre. E a velha senhora morreu entre espinhos tentando salvar seu jardim de rosas.
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01/09/2013 -
Salve as matas
Salve as matas e graças a deus. Salve as matas virgens e graças a deus. Salve as matas frondosas e graças a deus. Salve as matas verdejantes e graças a deus. Salve as matas fechadas e graças a deus. Salve as matas vivas e graças a deus. Salve as matas benditas e graças a deus. Salve as matas ensolaradas e graças a deus. Salve as matas intocadas e graças a deus. Salve as matas poderosas e graças a deus.
Salve as matas encantadas e graças a deus. Salve as matas astrais e graças a deus. Salve as matas abençoadas e graças a deus. Salve as matas especiais e graças a deus. Salve as matas viçosas e graças a deus. Salve as matas radiantes e graças a deus. Salve as matas enluaradas e graças a deus. Salve as matas férteis e graças a deus. Salve as matas nascentes e graças a deus. Salve as matas abundantes e graças a deus. ...
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19/08/2013 -
Sem texto
Hoje não tem texto. As linhas fugiram das minhas mãos. Estou sem sorte. Órfão de destino. Á procura da curva da vida. Não há grandes emoções para serem descritas, pois o mundo anda numa maré de tédio. A inspiração arde em febre, doente de realidade. Aliás, estamos todos com overdose de realidade. Os sonhos estão escassos e assustados, escondidos nos lugares mais improváveis. Um cansaço estranho toma conta do meu corpo. Falta coragem, falta ânimo, falta motivação...
Por isso, hoje não tem texto, não tem pretexto, não tem contexto... É curioso o fato de não haver tempo para nada mesmo sabendo que há tempo para tudo. Torço e me contorço e não sai um verso sequer. As palavras estão todas embaralhadas em minha cabeça, como um tarô que não diz nada com nada. Fujo dos papeis em branco como se eles fossem assombrações. Dói não ter o que dizer. Minhas ideias estão em greve por realizações. E a fantasia, machucada, implora por dias melhores...
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