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Encontrados 254 textos. Exibindo página 4 de 26.
03/09/2015 -
Por que isso?
Se é a minha metade por que não continua tentando se encaixar em mim? Se é a minha princesa por que essa insistência em negar a coroa e fugir do meu reino? Se é parte de mim por que se separar e me deixar incompleto? Se é para seguir o coração por que o pra sempre acaba agora? Se é a minha vida por que me mata? Se é a minha mulher por que me quer só no passado? Se é o meu futuro por que sai, apaga a luz e me deixa no escuro? Se é a minha estrela por que deixar órfão o meu céu? Se é o nó do meu laço por que arrebentar nossas amarras? Se é o meu sorriso por que salgar os meus lábios? Se você é a minha cor por que me desbotar assim? Se é a minha chama porque me oferece só as cinzas? Se é a minha superação por que se render ao obstáculo? Se é o meu amor por que amar-me como pedra, tão dura, tão fria, tão intransponível? Se é o meu anjo por que fazer todo esse inferno? Se é a minha flor por que me condenar ao inverno? Se é a minha música por que me atirar ao silêncio? Se é a minha lâmina pra cortar o medo por que me deixar cego? Se é a minha estrada por que me tirar o chão? Se é o meu tempero por que acabar com o gosto da minha vida? Se é minha pra sempre por que se tornar pra sempre a minha saudade?
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28/08/2015 -
Para que tudo se encaixe
A minha oração é para que tudo se encaixe. Que o tempo venha e apare as arestas, mas que o tempo também permita a continuidade do nascimento de novas pontas para que tudo amanhã não seja igual o que é hoje e que tenhamos um movimento, ou melhor, uma movimentação, rumo ao que queremos de nós agora para depois. Desejo que tudo se junte, harmonize e se encontre num só amor feito de tantos e quantos elementos que morreremos sem descobrir. E aí está a graça de tudo, viver tentando aprimorar ou manter o encaixe que já existe quando somos feitos um para o outro.
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23/08/2015 -
Pipa, balão, lua...
Eu deixei meus sonhos, expectativas e desejos em casa e fui às ruas hoje sem esperar nada de nada ou de ninguém. Sai completamente despido de tudo o que aspiro. Sai sem planejar encontros ou despedidas, beijos ou tapas, gritos ou silêncios. Tranquei em casa tudo o que quero e espero e fui nu ao acaso. Completamente desarmado, pelado de proteção e vontades. Senti-me como uma pipa ao vento, com linha cortada, indo pelo ar sem nada esperar nos braços do tempo dado às imprevisibilidades. Cortei qualquer amarra, rédea, guia... Estou livre entregue ao tempo que me enche como balão. E eu sigo, mesmo pelo sol, no mundo da lua. ...
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06/08/2015 -
Passado pássaro
Eu me visto com penas como se eu fosse pássaro e passo como apache. Eu tenho nas aves a minha força nativa viva como os índios que já não vivem. Ache ou desache, eu guardo asas e as uso quando me convém. E eu vou como os pássaros me vêm. Não tenho medo de altura e sou dado a loucuras pelos céus. Faço ninho e canto de amor a quem quiser ouvir, mulher ou pássara. Podem arrancar minhas penas que elas crescem como seus cabelos. Ninguém me rouba dos ares. Ninguém prende meu coração alado. Ninguém me afasta dos meus ancestrais. Sou do tempo em que os homens voavam e se amavam pelas nuvens. Só tome cuidado, pois em certos momentos meu pássaro interior não canta, ruge.
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28/07/2015 -
Picardia
Um dia eu podia ser mais do que queria ao menos uma vez. Um dia eu queria fazer mais do que você podia e não fez. Um dia eu ia ao que merecia, noutro aquém da minha galhardia. Um dia eu valia a minha fantasia, noutro a minha covardia. Um dia eu me via alegria, noutro o que me judia. Um dia eu me lia em outro dia, noutro eu caia na monotonia. Um dia eu me sabia, noutro eu não sabia nem o rumo da minha moradia. Um dia eu engolia o mundo, noutro a minha ousadia. Num dia eu doía de sangria, noutro de taquicardia. Eis a minha picardia ou o meu eu poesia.
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16/07/2015 -
Pelas voltas do relógio
De manhã me beija colocando em minha boca a sorte do dia em sete sementes de romã. Às onze horas se enrosca em meu pescoço como medalha de bronze por eu já ter vencido parte do dia me dizendo vá em frente sem demora. Quando der meio dia e meia serpenteia pelo meu corpo fazendo-o nu num ócio criativo, apaziguando o rebu ativo, buscando pausas e dando-me asas. Ao chegar as quinze e dezoito chegue como uma bandeja repleta de pães, cafés, biscoitos e frutas adocicadas e antes que eu diga seu nome permita ser devorada com toda fome. Durante a tarde verá como arde o homem apaixonado, sem futuro e sem passado, que leva o presente por entre os dentes. Às dezessete badaladas tentarei fugir e me chamará de pivete e me trará de volta à porta como se fosse o seu moleque. As dezenove, mais mansa, como quem não de amar não cansa, dirá “I love”. As vinte, acidente-se porque a noite já é nascida. E a noite até a paixão do açoite é bem-vinda. As vinte e uma já faça pernoite em mim. Meia-noite espanta meus fantasmas, deixa minha vergonha pasma, ama-me sem fim e peça para nunca eu a fazer sozinha. Quando der duas da madrugada, sentindo-se plenamente amada, com autoridade de rainha, dirá que pelas voltas do relógio, do tempo cronológico ou psicológico, é toda minha.
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07/07/2015 -
Passamos nós
Por onde quer que vá, vamos juntos
Passam árvores, bichos, conjuntos
Ou solitários de fêmeas e machos
Mas não passamos nós. Eu acho
Eu acho que devemos permanecer
E nos querer sempre lado a lado
Por mais distantes que estivermos
Seja presente ou futuro do passado
Juntos não há paraíso ou inferno
Que não possamos superar
Ou alcançar. Passam carros, nuvens,
Placas, casas, postes, plantações,
Um sim que surge e tantos nões...
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01/07/2015 -
Pelos lírios
Trilhos subindo pelo seu corpo como espartilhos desejados como filhos pelos casais apaixonados que de amor entoam estribilhos. E que nos venham os lírios. E que raiem a nós os empíreos. E que nos arrepiem até os cílios. Que o amor faça cair os empecilhos. Que o amor pare os andarilhos. Que o amor reencaixe os ladrilhos. Que os corações deixem as condições de maltrapilhos. E que nos queiram os delírios. E que as estrelas desçam como colírios. E que esse destino seja estírio.
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31/05/2015 -
Perfumaria caipira
Cheiro de campo. De casa de fazenda. De pasto novo. De alfazema. De hortelã. De terra orvalhada pela manhã. De café e brasa no mesmo fogão. De toucinho no fumeiro. De janela de madeira. De capim molhado. Perfume de goiaba madura. De manga no pé. De pitanga vermelhinha. De banana pintadinha. Cheiro de espiga de milho. De gado. De curral. De carroça. De cipó. De jabobá. De flor de laranjeira. De trepadeira. De rosa menina. De rosa de roseira. De ninho. De barro. De lama de chiqueiro. De galinha e galinheiro. De banha de porco. De torresmo. De leite encorpado. De bolo de fubá com erva-doce. De porteira aberta. De porteira fechada. Fragrâncias de canteiro. De alecrim. De manjericão e manjerona. De alfavaca. De tomilho. De cheiro-verde. De tomate. De couve. De rúcula. De almeirão. Aroma de água de mina. De água corrente. De água de açude. De água de poço. De água de chuva. Cheiro de sol raiado. De lua cheia. De sereno de São João. ...
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15/05/2015 -
Pernas ao inverno
Como garça na Antártica, ela caminha com suas pernas desnudas pelo chão de inverno, entre o vento e o relento. Muitas passam de casacos e cachecóis, com botas, peles e lãs. São texturas e pesos fazendo moda. Porém, ela vem de shortinho e sandália de dedo como se estivesse no verão, entre as areias da mais quente estação. Dizem que ela é exibida, aparecida, convencida, mas ela nem é assim desinibida. Surge num rosto corado de frio como que de rouge, mas com as pernas rosadas, entre a palidez da lua e o douro dos trigais das estradas. Desperta desejos daqueles que dariam a vida para cobrir aquela pele lisa e aromática de beijos e ensejos. Caminha sem se importar se é olhada, mas sabe que desde que fechou a porta de casa vem sendo devorada. Entre uma ave rara e uma égua nunca celada ela avança pelas ruas, como que nua, como que quem dança, como quem faz arte e é inocentada por ser criança. Já era bem crescida, mas ainda bem-vinda numa ingenuidade de infância, numa ânsia de malícia, como que um flerte no meio da santa missa. Vem com short curto causando espanto, encanto, susto e quebranto. Vem deixando o mundo louco, largando os gritos roucos, querendo ser pouco sendo tanto. Diante de suas pernas, o frio do inverno se aperta.
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