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Encontrados 278 textos. Exibindo página 5 de 28.
09/12/2012 -
O canto de Ellen Oléria
O canto de Ellen Oléria tem a cor do meu país. Uma cor feita de swing. Uma voz que dobra o aço do silêncio. Ellen, o samba de braço dado com o afoxé. Ellen, ativista de emoções. Ellen, malabarista das cordas do violão. Ellen, uma mulher, uma multidão. Oléria, um grito contra a miséria. Canta sem medo de represálias. Canta quebrando correntes. Canta chamando por liberdade. Ellen é a contracultura, a ruptura da rotina, o sentimento puro, extravasado, cantado, ofertado ao povo que pede bis. Ellen Oléria, embaixatriz do que nos faz feliz. ...
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14/12/2012 -
O canto de Liah
Liah, pássaro de asas invisíveis a olho nu. Liah, a mesma voz de ninar escancara todas as portas de casa. Liah, mulher borboleta, metamorfose musical, nascimentos e renascimentos num mesmo palco. Liah, harmonia que flui como barco na correnteza. Liah, mistério e beleza num mesmo arranjo visceral. Liah, variações inusitadas e bem-vindas de luz e som. Liah, palavras cantadas marcadas de batom ao vento. Liah, tom sobre tom, sentimento ascendente, estrela rompendo os céus do inconsciente. Liah, sangue indígena, magia natural, voz sem igual. Liah, mensageira da fantasia, lua do dia, pétala e semente bailando pelo ar. Liah, solidão poente. Liah, fibra, bilha, vibra, trilha zodiacal. ...
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14/08/2012 -
O canto de Mariene
Quem é aquela moça que navega pelo mar doce de Olorum?
Quem é aquela moça que doura o céu de estrelas de Olorum?
É Mariene... É Mariene de Castro, filha de Oxum.
Mariene vem de lá, na linha de Mãe Menininha do Gantois, embalando o mundo encantado nas contas do seu colar amarelo dourado.
Mariene vem no canto de Clara Nunes, um canto de ouro que não para de rodar e que nos defende como um bom patuá.
Sambista bailarina, Mariene dança como genuína baiana de Amaralina. A voz firme de Mariene vai do Pelourinho a Paris abrindo caminhos. ...
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10/02/2012 -
O canto lá de fora
Alguém canta e recanta lá fora. É um canto de quem chora, de quem veio embora, de quem está fora de hora. É um canto agreste que gruda na alma feito cipreste. É um canto ou um lamento o que ecoa da boca do vento? É um canto cheirando a bebida. Sim, é um canto bêbado por natureza, embriagado de ilusão, que em seus primeiros passos, ou notas, tropeça em fantasias. Dá a impressão que vai desafinar a qualquer momento, atravessar o ritmo, subtonar o tom, mas segue próximo à perfeição. Às vezes atrás, outras à frente....
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07/08/2008 -
O caos do caos do caos
O mundo é mais profundo do que o fundo do teu eu. Ah! Mergulha a procura da fagulha do teu breu e encontrará um novo eu. Da tristeza, nasce a beleza e as nobrezas que teu eu vai precisar. Do sofrimento, teu sentimento regenerará. Da lida, terá as lições mais fortes. E da morte, a sorte de mil corações. Ah! Passa pela ameaça da alcova, renova a couraça e doa-te em trova enquanto prova que tu és a boa nova.
Das profundezas da indelicadeza, surgirá um eu tão secreto quão teu doce predileto. A trilha da tua vida será também a da despedida e a única saída dessa ilha em que está. Ah! Encilha os teus desejos nos beijos da filha da Goethe, e ama sem dó. E chama por carinhos, e a declama amorosa e trama os caminhos da rosa lua amarela que cai da tua janela. Cavalgando pelo teu eu, laça o cavalo de canela e esgarça tua vela a Deus, navegando pelo oceano dos enganos. ...
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11/02/2011 -
O capeta que se cuide
Enquanto muita gente não quer nem ouvir falar no coisa-ruim, o velho Joaquim, que adora fazer marketing a respeito de sua bandidagem, garantiu que seu maior desejo é encontrar o diabo e lhe meter seis tiros na cabeça. Diz que uma legião acredita no demônio, atestando sua existência por meio de textos de livros sagrados e de experienciais reais. Já chegou muita conversa em seu ouvido, mas até agora não ficou frente a frente com o capeta. E lamenta profundamente por isso. No seu entender só pode estar ocorrendo duas coisas: ou o chifrudo não existe ou está bem escondido, com medo do que vem pela frente. ...
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21/09/2016 -
O cardápio sou eu
O cardápio está posto, você escolhe o que quer devorar. Tem liberdade para escolher qualquer prato e até mais de um deles. Meus olhos, minha boca, meu colo, meus cuidados e minha paixão desenfreada estão entre eles. De uma maneira ou de outra, escolha-me e me devore. Do modo que achar conveniente, lambiscando-me ou enchendo a boca de mim, aproveite dos sabores que trago ou não escondidos em mim. Se sirva sem acanhamento. Me engula. Me morda. Me coma. Sou feito de sonhos, de sentimentos, de esperanças. Irá sentir o gosto nítido de toda essa mistura a cada bocado. Que minha poesia dê água na sua boca. Que meus versos te façam lamber o prato. E pode me comer com as mãos, com os olhos, com as línguas que tiver aprendido até então... pois meu corpo fala português, inglês, francês, latim em expressões que transcendem barreiras e regras. E vá em frente mesmo que a emoção der aquela apimentada colocando lágrimas em seus olhos. Por mais que eu seja um prato servido quente, não precisa ter pressa sequer hora para acabar. Que seja uma refeição completa, para que o que tenho em mim lhe traga sustança, vigor, vontade de viver, de querer, de poder o impossível. Pois eu sou exatamente isso, o homem perdido entre a terra e as estrelas, entre as raízes e asas, entre o ser e a imaginação. Venha, mergulhe de cabeça nos meus temperos. Apure o paladar para achar cada nota de coração que me compõe. E se não aguentar tanta intensidade, dê um tempo e volte quando a fome de mim bater mais forte que qualquer razão.
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04/08/2010 -
O castelo, o curió e o pé de marmelo
Ao lado da minha casa tem um pé de marmelo. E numa das galhas desta árvore tem um castelo. É ali que faço a minha imaginação voar de volta aos tempos medievais. Depois de passar pela ponte levadiça, eu percorro calabouços e torres, escudos e brasões, costumes e lendas. Tudo isso ao canto de um curió que insiste em pousar no meu pé de marmelo. Porém, eu confesso que a cantoria só dá mais charme ao lugar. Não me importo em dividir a vista com o pássaro. Afinal, ele é a mascote da cavalaria. Sir curió, o paraninfo da minha fantasia. ...
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19/07/2008 -
O choro de Fátima
Para uns, apenas uma imagem. Para muitos, uma fé sem tamanho. Para uns, um monte de gesso. Para muitos, um caminho de amor. Para uns, uma matéria morta. Para muitos, fonte de vida. Para uns, aplausos. Para muitos, barbárie. Para uns, o descaso. Para muitos, o choro. Eis as diferentes reações vivenciadas diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima que foi depredada em uma gruta do Rio Grande do Sul dias atrás.
Como filho de Nossa Senhora Auxiliadora, estou no grupo dos muitos que ficaram sensibilizados, abalados, assustados com o ato dos vândalos. Perfuraram os olhos da imagem, quebraram suas mãos, partiram seu corpo, tiraram-na do altar e a jogaram no chão com a violência dos que não crêem na própria mãe. Além disso, destruíram as placas de agradecimento dos fiéis pelas graças alcançadas e os vasos de flores. Para dar um tom de deboche ao ato, os delinqüentes colocaram dois bonecos de pano no altar....
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18/08/2012 -
O clareio da passarada
O galo cantou para o céu que Santa Clara clareou. E o cocoricó puxou, como maria-fumaça, vagões e mais vagões de pintassilgos, canários, cotovias, patativas, periquitos. A cantoria se espalhou feito semente no vendaval. O dia ainda engatinhava e já tinha pé de tudo o que é canção brotando para lá e para cá. O lavrador, de chapéu de palha e enxada nas costas, passou assoviando um assovio com gosto de café. E, por alguns instantes, mesmo com os pés enraizados naquela terra de gerações, pensou ter asas. ...
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