Daniel Campos

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Encontrados 372 textos. Exibindo página 33 de 38.

25/08/2015 - Arca turquesa

Os soldados vasculharam tudo não deixando corpo sobre corpo em busca do coração azul. Do sul ao norte foram tombando homens e tomando mulheres de assalto como no mar-alto da paixão. A carne foi secando de prazer e de qualquer outro querer quando o peito se revelava sem a arca turquesa. E foram declaradas guerras e devastadas terras em nome de um procura que não se encerra com a loucura dos homens que matam por uma lenda. E pela história sangrenta o coração magenta não escapa pela fenda.


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13/07/2015 - Ardente

Toma meu corpo de assalto, furta meus prazeres e rouba meus quereres pra sua vida. Enrosca-se nas minhas tantas despedidas que se acumulam por meus meandros. Entra com sua roupa de bailarina no meu escafandro. E diz que me ama sem dizer nada. Eu sou da mulher amada e isso é incontestável. Vou como poeta do imponderável coração. E a minha canção já é cantada por sua língua. Beija, beija, beija até dar íngua. Meus pulsos febris e nossos corações se doando como que passando em funis. São tantos amores pelos brasis, pelos braseiros, pelos brasões dos sentimentos que são balões ao vento. Agarra-me por inteiro. Atarraca-me como se eu fosse o seu prisioneiro. Amarra-me como rede por entre os coqueiros dos seus olhos que vergam para mim. Não nega que mesmo indo de encontro ao fim queremos tanto o começo quanto o recomeço. Amor de entrega não se nega e nem tem preço. Eu sou o endereço do seu desejo, da sua vontade. Vem e num beijo me invade por completo. Não tenho chão nem teto só o querer que me arde.


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Arrozal

Os cochichos de ave-maria se misturam ao ensaio do coral. As ministras, longe da Esplanada dos Ministérios, escolhem quem vão fazer as leituras, carregar as velas, o pão, o vinho, os cestos da oferenda... Os fiéis entram, ajoelham-se, benzem-se e rezam alguma coisa rápida. Depois dessa reza, ela senta-se e espera pelo início da missa. Ao deixar a mão cair sobre o banco de madeira, tateia alguns grãos de arroz. Arroz sem casca e sem cozer.

Grãos de arroz crus. Se juntasse o arroz daquele banco e o que estava no chão, certamente daria um punhado. E ela, sozinha ali, põe-se a imaginar. O tapete vermelho. A chama dos lustres, das velas, dos olhos. O arranjo dos copos de leite ou dos lírios de São José, como bem desejar, ao longo de um caminho tão perto quão longínquo. O vestido da noiva e a longa cauda, que arrastava levando os olhares de tantos. Ela, de braço dado, com o pai, que fizera questão de colocar seu melhor terno. Ela caminhava vendo rostos se misturarem, a emoção não dava para capturar detalhes. Quem estava ali de fato, ela só saberia na fila de cumprimentos ou no álbum de fotografias. ...
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07/01/2011 - art nouveau

Mulher de negócios, cosmopolita, vibrante, capital dos meus sonhos. Milhões e milhões de sonhadores habitam sua alma, desejam seu corpo. Mulher nascida em berço de ouro e criada nas ruas da ilusão. Mulher de beijo bilíngue, olhos escritos em francês ou monegasco, braços e pernas de compassos de aberturas mil. Mulher de pensamentos ultramodernos e fantasias pitorescas.

Mulher agradável nas noites de verão e essencial nas noites de inverno. Quantos baristas, floristas, cosmonautas, escafandristas, toureiros e turistas tatuam sua pele passando para lá e para cá num correr sem fim. Passam com lamparinas acesas e quartos de lua imersos no suspense de uma penumbra. Mulher de leitos e tumbas. Mulher de emoções fundas. ...
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29/08/2014 - Arte do pretérito

Eu tenho um sonho antigo que você bem que poderia sonhar comigo. Eu tenho três quartas de terra num coração que sobe serra e do amor não se aparta. Eu tenho um céu de asa-delta que bem cabe essa sua curvatura de atleta. Eu tenho duas colinas exclusivas pras bandas do sonhador ideais pras suas pernas meninas e lascivas. Eu tenho uns trezentos vagalumes que são capazes de iluminar sua cama entre a luz e o perfume das damas da noite. Eu tenho direito a efeitos especiais, de neblinas às cortinas de fogaréu, perfeitos para casais. Eu tenho acertos e enganos que podem ser encarados à vista ou parcelados em milhares de planos. Eu tenho um pé de fantasia que dá de comer noite e dia em frutos de poesia. Eu tenho um mistério que nos leva ao futuro do presente mesmo sendo partes da arte do pretérito.


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30/04/2014 - Artista nata

A mulher que eu amo tem o dom de criar. De criar traços, formas e conteúdos. Artista nata, com obras primas se refletindo no espelho ou saindo de suas mãos. Artista da estética, da moda, da plástica... Faz mágica, faz milagre, faz encantaria a partir da sua veia artística, que na verdade são veias e artérias pulsando o tempo todo e todo o tempo a reinvenção do sentimento. Sua sensibilidade gesta e dá à luz criatividades arrojadas, e ousadias românticas, e contornos de vanguarda e desenhos clássicos tudo com a personalidade e autenticidade e originalidade que a compõem e decompõem e tornam a compô-la em criações, descriações e recriações sucessivas e exclusivas. Há uma mutação contínua e crescente regida pela inspiração que a faz apaixonada em tudo o que faz. O talento se multiplica vertiginosamente pelo seu interior rebuscado. Ah! Felizes daqueles que conhecem os palácios da imaginação localizados pelas dimensões paralelas dessa mulher. A criatividade é lava vulcânica fervendo e escorrendo por todo o seu ser. Não sei explicar como, mas essa mulher dá vida à vida; artista por natureza, fonte mítica e mística de tantas e quantas belezas.


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21/09/2012 - Árvore-da-rima

Araticum e Urucum. Araçá-amarelo e Marmelo. Angico e Ficus. Cateretê e Ipê. Ipê-roxo, Ipê-rosa, ipê-verde. Ipê-jardim e Jasmim. Ipê-felpudo, Ipê-preto, Ipê-una, Ipê-cumbuca. Pinheiro-do-Paraná, Araçá, Jabuticabeira Sabará, Baobá, Jatobá, Ingá do Brejo, Jacarandá, Juá, Jaracatiá e Manacá. Cajuaçu e Cupuaçu. Cabreúva, Embaúba e Macaúva. Jatobá e Jequitibá. Orelha-de-mico e Orelha-de-onça. Chapéu-de-sol e Árvore do Céu. Cássia-aleluia, Cássia-carnaval e Cássia-imperial.

Mangueira, Aroeira, Quaresmeira, Goiabeira, Pitangueira, Amoreira. Guamiri e Juqueri. Abacateiro e Limoeiro. Pau-jangada, Pau-pólvora, Pau-d’alho, Pau-ferro, Pau-formiga, Pau-jacaré, Pau-mulato, Pau-óleo, Pau-rei. Pau-brasil e Tamboril. Cacaueiro, Árvore-do-dinheiro, Cajueiro, Monjoleiro, Damasqueiro, Coqueiro, Jambeiro, Umbuzeiro, Juazeiro e Salgueiro. Nêspera e Nogueira. Baraúna e Sumaúma....
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22/04/2016 - Árvores somos nós

Para que cortar, queimar, derrubar quem não está te incomodando? Por que fazer chorar quem te traz fruto, sombra e ar mais puro? Para que destruir quem não se opõe ao seu ir e vir? Por que tombar ao chão quem nunca pensou em te derrubar? Pra que sangrar quem nunca te feriu? Por que ignorar quem nunca sumiu? Nascida, a árvore merece viver, crescer, amadurecer. Não nascida, a árvore merece ser plantada, cuidada e amada como uma de nós. Árvores tem alma. Árvores amam. Árvores se ligam umas às outras e também aos que não são da sua espécie numa conexão que vai além da primeira, da centésima, da milésima intenção. Árvores são gigantes mesmo quando brotos. Árvores somos nós nos outros.


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31/10/2011 - As bruxas de antes...

Saudade do tempo em que as bruxas eram apenas criaturas dos contos de fada e da mitologia. Criaturas distantes e encantadas. Criaturas que faziam suas poções em caldeirões e que viviam ao lado de corvos e gatos pretos. Guardavam livros mágicos e proferiam palavras em uma língua estranha. Voavam em vassouras e transformavam seus desafetos em sapos e pedras. Eram o pior pesadelo das crianças e das princesas. Punham medo com seus narizes grandes e verrugas cabeludas. Usavam chapéus pontiagudos e capas escuras. Moravam em casinhas distantes no meio da floresta. ...
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15/12/2009 - As canções que eu fiz para mim

Não sei se é crendice popular, mas o fato é que a melhor época para mexer em gavetas é final de ano. A mudança de calendário aflora em nós um espírito de reflexão, balanço, acerto de contas. Ilusoriamente acredita-se que no dia primeiro de janeiro tudo será diferente, então, faz-se necessário dar um jeito nas coisas da antiga. E foi nesse clima de limpeza que eu, no fundo de uma caixa, reencontrei antigas anotações. Na verdade, canções de um tempo que ficou pelo ar.

Letras que escorrem em feitio de poemas por folhas já amareladas pelos anos. Cifras que polvilhando sílabas tônicas vão indicando um caminho sonoro. Sem pensar muito, pego o violão e começo a despertar um compositor adormecido. Sim, as canções são minhas. Lá se vai um garoto que bebia em Vinícius, Tom e Chico Buarque inspirações para suas músicas. Mas eu estava fora de tempo. Fui fazer bossa nova quando a bossa já estava com 40 anos. ...
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