Daniel Campos

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Encontrados 372 textos. Exibindo página 9 de 38.

04/12/2014 - Ao final de tudo

Ao final de tudo ainda estou aqui à procura do que me faz feliz. Ao final de tudo ainda estou aqui louco de amor por quem é dada a loucuras. Ao final de tudo ainda estou aqui disposto a cruzar os limites que levam ao céu ou ao inferno em busca do que me realiza. Ao final de tudo ainda estou aqui escrevendo feito um índio que não escreve em papeis, mas em almas. Ao final de tudo ainda estou aqui na ciranda do sim e do não brincando de talvez. Ao final de tudo ainda estou aqui certo de que tudo vai dar certo mais dia menos dia seja no plano da realidade ou da fantasia. Ao final de tudo ainda estou aqui me fazendo reduto da esperança que desde criança mora em mim. Ao final de tudo ainda estou aqui para o que der e vier em matéria de sentimento. Ao final de tudo ainda estou aqui forte como um colibri. Ao final de tudo ainda estou aqui com minhas asas abertas e meu coração em disparada. Ao final de tudo ainda estou aqui para me despedir do que vai, a gosto ou contragosto, ficando pra trás. Ao final de tudo ainda estou aqui inteiro em meus pedaços. Ao final de tudo ainda estou aqui doando a minha imaginação a um mundo mais poético onde os amantes possam viver e sofrer em paz.


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02/12/2014 - Aninhado em seus olhos

Hoje você queira ou não vou me aninhar nos seus olhos. Hei de espreguiçar minhas asas pelas suas pupilas. E quando menos esperar eu vou chocar meu amor aconchegado em sua íris. Vou abrir meu bico para menina dos seus olhos. Pode coçar os olhos que não vai me espantar nem me fazer voar. Meu canto vai ecoar por todo seu globo ocular. Minhas penas verdes vão se misturar ao verdume do seu olhar. Seus cílios hão, por amor, por afeto, por desejo, de me tocar. Eu pássaro dos seus olhos, feitiço das suas visões, ave da hipnose, ilusões aladas. Mas atenção, só não vale chorar para não me afogar.


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06/11/2014 - Ações emergenciais

Toma a minha cabeça. Sacuda o meu juízo. Assalta minha alma. Encurrala minha razão. Dispa de uma só vez a minha sensatez. Bota minha vida na sua mão. Executa desejo por desejo. Vira meu ser pelo avesso. Endireita meu rumo pro seu lado. Assusta o meu medo. Olha no olho. Trema minhas certezas. Domina o que não dei conta. Sopra essa neblina. Diga-me onde pisar. Cala a minha incompreensão. Esculacha minha divagação. Fantasia meu eu-realidade.


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26/09/2014 - Até a última gota

Tem horas que remoo versos como um moinho caduco, que vai tentando tirar alma do que já nem animado mais é. As pedras do destino se debatem em mim comendo minha própria carne. Eu vou para além dos limites. Eu busco demais, até mesmo além da conta. Vou até o fundo, na verdade, até o mais profundo a ser explorado. Não paro. Não freio. Não desisto. Isto é, quanto há sentimento. Depois é o vazio. E eu não vivo de vazios. Preciso preencher e ser preenchido constantemente. Sem sentimento não há com o que se importar, do que lembrar e pra que sonhar. Sem sentimento até mesmo o passado mais marcante deixa de existir. Eu moo e remoo sentimento. Quando não há mais o que sentir e tudo se transforma numa ação mecânica, num viver impessoal, numa ânsia controlada, eu me doo a outras causas. ...
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21/09/2014 - Alívio

É grande o alívio por não ter mais que carregar esperança alguma comigo. Sou um homem devastado, porém muito mais leve. Tenho um oco em mim que dá até eco. Porém, seu nome não é mais bem-vindo nem mesmo para ressoar. Você ateou fogo na floresta de sonhos que eu tinha. E se a esperança é verde, estou cinza. Pura fuligem. Ainda ardo com todo mal que me fez. Porém, sem esperança, a dor é menor. E se lhe serve de consolo, agradeço por ter acabado comigo, pois sem sonhos e esperança sou capaz de tudo, já que não tenho mais nada a perder.


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19/09/2014 - As tatuagens de agora

Como você foi se transformar nisso? Foi um declínio vertiginoso. Tudo se perdeu em tão pouco tempo. Mudou de papel, da princesa à bruxa má ainda no meio da história. Fiquei sem entender e passei a conjugar o verbo sofrer em todos os tempos quando depois que você havia me ensinado a escrever felicidade em caixa alta. O que houve? Como pode ter se transformado nessa criatura pouca? Se você fosse isso o que é hoje jamais teria me apaixonado. Teria lhe ignorado, pois é o que essa pessoa que se tornou merece. ...
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16/09/2014 - A mulher (indigna de ser) amada

A mulher amada não tem consciência de até onde ela pode chegar no quesito perversidade com quem a ama. Ela é capaz de matar lentamente só pelo prazer de ver o ser que é capaz de fazer tudo por ela prostrado, agonizando, sangrando. É como a gata que brinca com a caça antes de devorá-la. Ela sabe jogar como poucas mãos de ases. Sabe enredar, envolver, se vender em sentimento só para depois descartar sua vítima como uma viúva negra que mata mais por esporte do que por fome. A mulher amada não tem limite para fazer sofrer quem só faz amá-la. Tem a capacidade de colocar uma agulha venenosa no cerne de cada fraqueza de quem a ama. Ela fere onde mais dói. É especialista nisso. Ela brinca com o corpo, com a mente, com o coração que são a ela entregues. Não importa a ela respeitar, mas ser respeitada a qualquer preço. Sua “honra” vale mais do que qualquer história de amor. Tem crises de amnésia muito convenientes ao seu bem-estar. E sabe tirar uma desculpa da manga como ninguém. A mulher amada é o umbigo do seu mundo, nada é mais prioritário do que ela mesma. E ela age para isso o tempo todo – para satisfazer a si mesma sem pensar em quem vai ferir. Ah! A mulher amada tem o dom de ferir. Ferir com palavras e ações. E principalmente, ferir com sua omissão. Quantas expectativas depositadas na mulher amada e quanto ela concretiza? Ela só faz o que interessa a ela. O ser que a ama é usado, reusado e depois descartado sem o mínimo de compaixão. Ela sabe muitíssimo bem a diferença do ouro e do lixo, ah como sabe, não havendo qualquer desculpa para o seu modo de tratar. Quando ela trata a criatura que a ama como lixo é exatamente isso o que ela quer fazer. Ela conhece seu poder de destruição. Não importa o que você faça para ela, ela continua insensível ao que você sente, prova, demonstra... A mulher amada é uma pedra lapidada em matéria de beleza, mas que lhe apedreja como pedra bruta. É rosa que, quando quer, só se dá em espinhos. A mulher amada humilha para ser ainda mais superior, pois ela quer sempre estar acima do bem e do mal. A mulher amada não aceita leis, julgamentos, regras. A mulher amada faz tudo conforme sua vontade. A mulher amada é um poço de intenções secretas que só dizem respeito a ela. A mulher amada é o quinto inferno de Dante. A mulher amada quer conquistar, aumentar seu império, escravizar novos corações, ter o impossível aos seus pés, só para desprezar. A mulher amada vive o amor a sua moda, a moda que satisfaz única e exclusivamente a ela. O amor lhe é útil para trazer o que quer, na hora que quer, da forma que quer. A mulher amada tem a força de um exército. E é impiedosa como tal. Mata no calor da emoção ou a sangue frio em nome dela mesmo. A mulher amada se aproveita dos amores mais puros, do que lhe é oferecido com mais verdade, da entrega mais intensa e propensa ao infinito. É nesse terreno que ela gosta de semear sua ilusão mais desesperadora. A mulher amada adoece e enlouquece quem a ama, pois ela sabe se dar sem se dar. A mulher amada mancha a fé de quem acredita no amor. A mulher amada diz da boca pra fora que se coloca no lugar de quem a ama, pois ela jamais quer ter outra visão senão a dela. O egoísmo é sua principal qualidade. É como uma dessas deusas da antiguidade que quer seus fieis ajoelhados, adorando-a o tempo todo. Ela planta no íntimo de quem a ama a ilusão de que ama quando na verdade ela só sente amor por si. A mulher amada não ama ninguém a não ser ela. Ama receber elogios, ama ser cuidada, ama ser paparicada, mas não é capaz de oferecer nada em troca senão sua vaidade para ser alimentada. A mulher amada é uma farsa, mas tão bem maquiada, construída e orquestrada... Cuidado, a mulher amada não é de confiança, ela trai na calada da noite fazendo todo o amor que você dedicou a ela parecer uma grande tolice. Tolos, tolos os que deixam se envolver por essa mulher que se diz digna de ser amada quando na verdade é indigna do amor que lhe é destinado. A mulher amada é um câncer no coração apaixonado, que quando dá conta está batendo sem vida. Faça a biopsia no coração de quem a ama e achará nas entranhas desse tumor (benigno) maligno a identidade da mulher amada. A mulher amanda recebe amor e devolve solidão na mesma medida.


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14/09/2014 - Amo e de tanto amor

Amo e de tanto amor lhe quero perto. Amo e de tanto amor faço-lhe oásis do meu deserto. Amo e de tanto amor lhe quero bem. Amo e de tanto amor quero ser seu também. Amo e de tanto amor lhe quero mais. Amo e de tanto amor ainda nos vejo por entre os casais. Amo e de tanto amor lhe quero feliz. Amo e de tanto amor declaro que você é tudo o que eu quis. Amo e de tanto amor lhe quero apaixonada. Amo e de tanto amor entro em seus sonhos em plena madrugada. Amo e de tanto amor lhe quero viva. Amo e de tanto amor faço-lhe imperatriz, estrela, diva. Amo e de tanto amor lhe quero sempre. Amo e de tanto amor busco uma de suas sementes. Amo e de tanto amor lhe quero infinita. Amo e de tanto amor eu lhe ponho aflita. ...
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09/09/2014 - Amor a ferro e fogo

Eu preciso aprender, a cada dia ou noite, a ser um pouco mais do que eu não quero ser. Tenho de me controlar para não fazer o que eu tenho vontade. Ah! E são tantas vontades. Sou obrigado a abrir mão das minhas asas para rastejar por um sonho que me virou as costas. Por algum desses mistérios do amor transformo migalhas em banquetes. Por amor, e somente por amor, pela grandeza desse sentimento, não tenho vergonha ou receio de me sacrificar. Assumo que parei no tempo. Sou como uma mensagem de socorro boiando no mar alto dentro de uma garrafa ou um coração de lata que se desprendeu de um foguete e hoje navega sem rumo e perdido pela galáxia. Vivo me acostumando a ser sozinho, a me perder de quem amo, a me alimentar de sobras de um coração. Eu que não tenho medo fui me apaixonar por quem não tem coragem. Eu que me realizo caminhando nas nuvens fui me apaixonar por quem precisa sentir o chão grudado na sola de seus pés. Eu que por amor sou capaz de deixar tudo para trás fui me apaixonar por quem só consegue me deixar. Eu que tenho espírito afoito e impulsivo, vejo-me cada dia mais preso ao mesmo do mesmo do mesmo. Vivo de ilusão, de fantasia, de imaginação, de poesia, de abstração... Vou estocando tanta coisa em mim que mais dia menos dia será inevitável o meu transbordamento. Brigo, e brigo muito comigo mesmo para eu ter motivos para levantar da cama todos os dias. Brigo para viver porque viver é motivo, motivação, movimentação. Como é difícil ao vento aceitar moldes e limites. Ai, que desejo de ser vendaval, de fazer tempestade, de libertar o furacão que sou. Estou todo podado, limitado, atrofiado. Como é difícil abortar esperanças... Desabafo com as estrelas, choro com uma boa música, soluço nos braços do tempo colocando pra fora de um jeito ou de outro que o meu amor não pode ser em vão. Recorro aos papeis e me faço palavras vivas que doem como se fossem de carne.


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02/09/2014 - Ainda dela

Você me chega do nada puxando conversa, e entre um riso e um olhar impreciso vai logo perguntando que hora é essa. E eu não sei se é dia ou noite, pois desde que ela se foi eu só conto o tempo pelo tempo sem ela. Mas você insiste e me puxa pelo braço, será que não sabe que o coração poeta é feito de barro e não de aço. E barro se desmancha. E barro se esfarela. Ah, tão bela se eu pudesse moldaria o meu amor ao seu corpo de esplendor, mas eu sou dela, mas eu ainda sou dela, nem que isso só for verdade no meu sonhador. Sinto lhe dizer, mas antes de bem me conhecer precisa me esquecer porque não hei de querer fazer ninguém sofrer como sofro por ela. Não se prenda a mim, vá viver a sua vida. Por que se apaixonar por alguém que não consegue se convencer de uma despedida? Botou-me pra fora, mas eu não fui, não, não fui embora. Não chora pra não borrar essa pele de cetim. Você pode e deve ser feliz sem mim como o jardineiro é infeliz sem seu jardim. Não crie raízes no meu peito. Não brote em mim nem por despeito. Tenha respeito, sinta saudade, mas cultive seu amor-perfeito distante da minha tempestade. Se eu pudesse deixar tudo para trás eu deixaria, mas para deixá-la eu preciso me deixar, e sem mim eu não existiria, como pode um poeta viver sem sua poesia. E hoje ela ainda é meu verso, meu reverso e meu controverso. Quem sabe um dia se ainda me restar fantasia eu lhe faço essa mulher, a minha mulher, que hoje tanto você queria.


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