Daniel Campos

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Encontrados 58 textos de fevereiro de 2016. Exibindo página 6 de 6.

04/02/2016 - Gingado bandoleiro

A sua saia rodou e me atirou no chão. E eu, menino sem jeito, ainda não aprendi a rodar feito pião. A sua saia me enfeitiçou. E sinhá bolinou bem no meu coração. O tambor tocou de madrugada. Mariazinha estava fazendo cocada. O céu serenou em noite estrelada. Sinhazinha estava mal-acostumada. E eu não pude fazer nada. Bota cocô no meu tabuleiro. Raspei o tacho, comi do primeiro ao último do seu pedaço, e o diacho fez do meu coração nó de marinheiro. Jogou para lá e para cá debaixo do cajueiro. Zanzou de lá e de cá pelo braseiro. O céu clareou e aluminou feito lampião. Tinha um bocado de estrela subindo e caindo no chão. Era noite de rojão, fogueira e sedução. A sua saia rodopiou pelo meu corpo inteiro. Eu fechei os olhos e o seu gingado bandoleiro ficou com o meu coração de fevereiro.


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04/02/2016 - Eu sou? Melhor nem saber

Não tem trovoada que me segure
E não tem espinho que me fure
Eu sou, melhor ocê nem saber,
Eu sou o amor sem mais porquê
Não tem vento que me derrube
E não tem tempo que me mude
Eu sou, melhor cê nem assuntar,
Eu sou o amor que cê ouviu falar
Não tem faca amolada que me corte
E não tem quem me coloque no pote
Eu sou, melhor ocê nem descobrir
Eu sou o amor que veio pra frigir


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03/02/2016 - Provocativa

Provoca-
Me
Inteiro
Me
Aloca
Em seu
Chuveiro
Me
Coloca
Seu cheiro
Me troca
Pelo seu
Primeiro
Desejo
Seja
Coca-cola
Ou beijo
Veja só
Que dó!


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03/02/2016 - Santo umbu

Quando a meninada passou debaixo do pé de umbu, a menina ajoelhou de fé e o menino ficou nu. Como é que é, umbu? Umbu é a árvore sagrada do sertão, desperta reza e paixão. Umbuzeiro é ninheiro de ave, árvore que dá de beber, espécie que na hora da sede vale mais do que dinheiro. Umbuzeiro é de rede, com sua copa de guarda-chuva aninha mais do que parede. Se veste de branco, como noiva do cerrado, e se dá para as abelhas num amor melado. Tatu se refestela na raiz do umbuzeiro. Inhambu vem pelo cheiro. O fruto amarelo é doce, azedo, doce, azedo, doce, azedo e chega de lero-lero. Quando a meninada passou debaixo do pé de umbu, o menino atiçou de fé e a menina ficou de olhar nu....
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02/02/2016 - Flor Iemanjá

Iemanjá
É nome de flor
Que dá
Funda no fundo
Das águas profundas
Do mundo

Iemanjá
É de embelezar
Toda vida
Que há
Entre a chegada
E a partida

Iemanjá
É senhora
De Oxalá
Unindo
Ungindo
Céu e mar


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02/02/2016 - Quereria

Quereria um banho de mato. Quereria ir com o rio. Quereria um picolé de beijo. Quereria asas sem moderação. Quereria um destino sem freios. Quereria um amor maior que a palavra e ainda maior que a intenção. Quereria um tempo só meu. Quereria uma felicidade de extravasar as margens do sorriso. Quereria um dengo de Deus. Quereria um abraço das estrelas. Quereria uma cesta de olhares revigorantes, estimulantes, apaixonantes sem quaisquer contraindicações. Quereria uma música para dois, mas que pudesse ouvir sozinho e, magicamente, sentir a dois. Quereria uma paixão instantânea a cada segundo arrebentando cá dentro de mim. Quereria me deitar com um bom livro e acordar com suas páginas em minhas memórias, como numa transfusão de conhecimento, de histórias, de belezas. Quereria ganhar um cheiro de boa noite da lua. Quereria a paz de se viver em paz.


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01/02/2016 - Fabulante

Como que saída dos cogumelos, com olhos de marmelo e cabelos amarelos, ela apareceu com um colar de joaninhas chorando por ter nascido sozinha. E, seguindo borboletas, coloridas e bem-feitas, foi logo engatinhando, e andando e tropeçando nas folhas caídas das árvores da vida que preenchiam o bosque encantado, que ficava entre o futuro e o passado. Ela conversava com os esquilos, respondia aos grilos, falava com os sabiás, comia ingá, jatobá, araçá... E ela foi crescendo e se desenvolvendo rapidamente, como se fosse mágica, ora criando asas e penas ora nadadeiras e escamas. Brilhava igual vagalume e cantava igual pássaro em dia santo. Tinha um encanto e uma predileção por fazer de qualquer lugar sua cama, sua casa. Sabia conquistar e se aninhar como ninguém. Quando menos se percebia, já fazia parte de outro alguém.


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01/02/2016 - Coisas de rio

Eu dei em amanhã
Naufragando agora
Morri ontem
E pela manhã
Risquei espora
No anteontem
E vi que choro
Evapora
Como besouro
Em dia frio
Hoje só sei
Que todo rio
Sabe o ouro
De correr
Sempre em frente

Tenha isso em mente
Basta de tanto sofrer!


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