Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 58 textos de fevereiro de 2016. Exibindo página 2 de 6.

24/02/2016 - Não é no grito que se ganha

Meu amor eu não sou dessa terra. Eu vim lá detrás de Marte. Não tenho costume com essa correria. No meu mundo o amor é uma arte e vivemos em completa poesia. Não berra, posto que o coração bate quieto, o feto não grita, o sentimento não irrita e a paixão por mais intensa, palpita. Fita, fita meu par de olhos e compreenda o quanto, em silêncio, o quanto ele agita o seu ser. Nada de escândalos, os anjos falam com voz de sândalo. O segredo está na quietude. Não é pela força que Deus se fez amiúde. Alma rude não atrai alma polida. Não é no grito que se ganha a vida. Meu amor eu não sou dessa terra. Todo ser humano erra, mas um dia do amor se aprende que tudo começa e nada se encerra.


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24/02/2016 - Vá viver, amor

Eu te deixo ir
Te liberto
De mim
Por mais que eu
Que eu te queira
Por perto
Te deixo partir

Vou chorando
Te vendo sumir
Pelo fim
Da grande ladeira

Vou rezando
Para que tenha paz
Luz, saúde e alegria
De segunda
A segunda-feira

E meu coração
Numa total sangria
Continuará, sabiá,
Sendo aquele surdo
Batendo de primeira
Te chamando ...
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23/02/2016 - Mais Julieta que Romeu

No ano que se perdeu
Eu fui bem mais Julieta
Do que aquele Romeu
Pois quando se ama
Intensamente feito eu
O outro passa a ser chama
Queimando o nosso breu
Mistura-se a personalidade
Confunde-se a identidade
O espelho já não é mais fiel
Mostra bem menos do se é
E assumindo outro papel
Coloquei-me no lugar dela
Vivi como se fosse a bela
Abri espaço para a mulher
E com isso fui mais Julieta ...
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23/02/2016 - Vida e morte de galo

O galo despertou. O galo anunciou: são seis horas da manhã. O galo o meu coração disparou. O galo cantou e eu não sei se é ontem ou amanhã. O galo não perdoa. O galo me tira do sonho como quem tira doce de criança. O galo me acorda à toa, pois continuo sonhando com os olhos abertos. O galo por mais longe está sempre perto. O galo empoleira na minha cabeça. O galo cocorica e não há quem do cocoricó esqueça. O galo, sem corda, sem pilha, sem bateria, escandalizou outro dia. O galo espora a noite, bica a madrugada e do nada decreta o fim da fantasia. O galo é a voz da realidade nos chamando à vida. O galo, sem ter asas para voar, prefere escravizar a saudade na lida. O galo anunciou que o amanhã chegou no hoje que já vai ficando para trás. O galo esperneou pintado de guerra. O galo acabou com a paz. O galo inflou e tombou pela terra. A galinha veio e ciscou e nesse ciscar o galo enterra.


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22/02/2016 - Ele ainda está vivo

Se tudo terminasse agora eu mesmo assim não iria embora porque não aceito o fim do que não chora. E eu ainda sorrio, você ainda gargalha como se sentisse cócegas na alma que te avacalha. Não há o frio entre nós do vazio. O amor não encalha quando a calha do nosso sonhadeiro ainda dá pro estrangeiro. Ninguém é prisioneiro de ninguém, olhe às cordas do violeiro e entenda que as modas vão e vem. Se tudo terminasse agora e o cupido assinalasse com sua flecha torta o ponto final da nossa história eu mesmo assim gritaria “maldita escória” de anjos sem memória que acabam com amores como se nunca tivessem sido pecadores. E eu, mesmo a contragosto do céu, mesmo desobedecendo o meu papel e outros anseios, manteria o gosto de te amar do meio jeito roto, pois o amor que há, ligando meu peito aos seus seios, não está morto. ...
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22/02/2016 - Queria, quereria?

Ela queria
Outro dia
Eu pedia
Agora e ia
Para ela
Janela
Do desejo
Ela me via
Como beijo
Eu a sentia
Donzela
Bela e fria
Ela fingia
Silêncio
Eu dizia
Fantasia
E tenso
Ia esse dia
Em que ela
Me sumia
E eu a ela
Não podia
Mas bulia
No tempo
Que a despia
Ao vento


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21/02/2016 - Viola atrevida

Toca viola porque viola é de tocar rezando. E agora é preciso muita reza porque o dia já vai se acabando. É preciso reza para boiada não se perder. É preciso reza para o coração não escurecer. As sombras estão por aí e tem gente que tomba aqui e ali pelo que assombra do cachorro ao bem-te-vi, do lobo ao quati, do branco ao tupi. Toca viola porque viola é a moda do deus, do deus caipira que não se convenceu de que precisaria estar num altar para que pelos seus dias seus pés viessem beijar. O deus da viola é o deus dos carreiros, dos violeiros, dos boiadeiros que mais do que boi tocam o que ainda não foi. No canto da viola o estradão se alumia e o boi que fugia volta sem revolta. O vento dá reviravolta pra mor de seguir com a viola que se enche de lua e flutua no terreiro do pequizeiro que dá moda e dá pequi o ano inteiro. Toca viola porque viola é reza das brabas, que enche de lua e de sol a estrada da moçada que acorda para a lida, que reacorda para vida, toda vez que as cordas da viola dão aquela tremida. Êta viola atrevida! ...
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21/02/2016 - Acabado o baile...

E o baile terminou
Pés se assentaram
Corpos se vestiram
E bocas se trocaram

Nunca se imaginou
O que revelaram
Eles se traduziram
E ainda se amaram

E o baile enfim ficou
Nos olhares cruzados
Nos rostos recolados
Nos copos quebrados


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20/02/2016 - Transformando-se

Ela chegou pisando quase que flutuando na pontinha do pé sem fazer rapapé. Ela não queria acordar quem dormia revelando por onde ia. E ela foi por tantos lugares naquela noite que se encheu de bares, poetas e sombras indiscretas. Ela se despiu e se vestiu e tornou a ficar nua como a lua que já nem dá mais de corar. Depois de carregar tantos problemas ela resolveu seu teorema e desanuviou. Ela dançou, sambou, beijou. Ela se soltou, se libertou, se transformou na vista de todos e de ninguém. Pois ninguém conhecia. Ninguém a sabia. E assim ela foi além do aquém, atravessou a margem, encerrou a estiagem. Ela, em uma só madrugada, mudou sua estrada, foi recriada e reprogramada para amar. E logo vieram corações em resmas. Mas ela foi reprogramada para amar e amar. E logo vieram bocas prometidas de todo lugar, inclusive, do além-mar. Porém, ela foi reprogramada para amar e amar a si mesma. E assim, mais segura, batizada em sua loucura, sendo o que é, chegou pisando quase que flutuando na pontinha do pé. ...
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20/02/2016 - Funeral no mar

A noite corre
Feito um rio
Doce que morre
No vazio do mar

E todo açúcar
De um luar
Se entrega
Ao sol de sal

E toda nuca
Se arrepia
Pelas ondas
Da cotovia

E fica maluca
Quando enxerga
A sombra
Do dia a dia

E o faroleiro
Bem faceiro
Alumia o funeral
Do rio no mar


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