Arquivo
2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008
jan | fev | mar | abr | mai | jun | jul | ago | set | out | nov | dez |
Encontrados 62 textos de agosto de 2014. Exibindo página 2 de 7.
26/08/2014 -
Vida soprada
A vida é um sopro. Um sopro que habita um corpo. Um corpo que palpita todo. Um todo que gira-mundo. Um mundo que vira de ponta-cabeça. Uma cabeça que passa da conta. Uma conta que não fecha. Uma fechadura de mil combinações. Uma combinação de histórias. Uma história nem sempre de glória. Uma glória de ser feito de sonho. Um sonho de ser mais. Um mais que quer sempre mais. Um mais-que-perfeito amor. Um amor agrupado em moléculas. Uma molécula macroscópica de fantasia. Uma fantasia para ser vivida até o outro dia. Um dia com sangue nas veias. Uma veia poética por natureza. Uma natureza atlética sob medida. Uma medida que tem sempre um quê de despedida. Uma despedida que toma de conta de repente. Um repente que combina morte com sorte. Uma sorte de ser emoção e razão. Uma razão de ser além da matéria. Uma matéria que não se aprende na escola. Uma escola de sentimentos. Um sentimento de querer próximo. Um próximo que insiste em ficar distante. Um distante que se faz saudade. Uma saudade que nos faz pela metade. Uma metade que vive a procurar pelo sopro de sua outra metade.
Seja o primeiro a comentar
26/08/2014 -
Xô bicho-papão
Menininha, passa pra dentro do portão
Pode dormir sossegada
Até mesmo de luz apagada
Na sua casa não tem mais bicho-papão
Menininha, pode deixar de fora o medo
Passa tranquila pelos caminhos
Mas cá entre nós um segredo
Qualquer coisa, é só pedir colinho.
Seja o primeiro a comentar
25/08/2014 -
Bom conselho
Um filho de Pai Joaquim
Das Cachoeiras
Muito querido
Falou-me: meu filho
Deixa de besteira
Toca em frente
Por maior a pedreira
Não fique entristecido
Não há tempestade
Que não tenha fim
Tenha saudade
E deixa a vida acontecer
Seja tolerante
Siga adiante
Confia em mim, "fianocê"
Meu filho, sei das suas provas
Mas você é bem preparado
Para enfrentar isso e mais
O pior ainda vem...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
25/08/2014 -
E agora, dona Ofélia?
E agora, dona Ofélia, quando é que eu vou comer bolinho de chuva daquele que só a senhora sabe fazer? Não deu tempo de aprender nem o doce nem o salgado. Recebi os bordados que fizera para eu guardar como lembrança, porém eu queria mais; Mais do que lembranças. Meus olhos nunca se esqueceram das suas mãos bailando pelo meio daquelas meadas de linha. Da última vez que nós nos encontramos eu não me fiz de rogado e comi meu bolo de aniversário adiantado, mas eu ainda esperava ter outras desculpas para comemorar com essa receita única. As flores de seu jardim já devem estar preocupadas, chorosas mesmo sem orvalho, todas carentes das suas mãos tão férteis. Aliás, a preocupação é geral. Os milharais estão desolados, pois o sonho de toda espiga de milho sempre foi acabar em suas mãos no ponto prefeito de um certo cural que ninguém faz igual. As mães sofrem com suas crianças cheias de quebranto sem saber se essas mãos vão voltar a pegar no terço para benzer. As bonecas que ganhavam roupinhas para serem vendidas em bazares beneficentes devem estar se sentindo nuas. Os botões andam desabotoados com a ideia de não contar mais com suas casinhas artesanais pelas camisas afora. Suas amigas da novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro devem estar se perguntando a razão disso ter acontecido justamente com a senhora. Assim como a preocupação , a perplexidade é lugar comum diante do acontecido. Será que por conta dos remédios a senhora não tomou ou não tomou a quantidade necessária de seu fecha-corpo na última Sexta-Feira Santa? O que aconteceu com sua luta incessante pela liberdade? Difícil de acreditar que aquela mulher que não queria depender de ninguém agora está sobre uma cama completamente dependente. E que história é essa de não falar mais? Para não trazer à tona a falta que vão sentir de suas histórias e aconselhamentos baseados numa sabedoria que une tempo ao sentimento, vou dizer de como será difícil lidar com o silêncio calando sua voz extremamente afinada graças a esses ouvidos apurados no piano. E uma das últimas coisas que ouvi de sua boca dias atrás foram perguntas de como é a vida após a morte... (Pausa) Esses dias chegou até aqui uma foto da senhora comendo um doce de abóbora feito para mim e agora vem com essa de não querer comer mais nada? Sonda? A senhora sempre fez questão de arrumar o próprio prato depois que todos já estavam comendo. Tudo se revirou da noite pro dia numa mudança brusca sem margem para entendimento. Mas a questão é a seguinte, dona Ofélia, como é que eu vou para aí se na hora de eu chegar não vai ter aquele abraço tão apertado quão demorado e na hora de me despedir a senhora não vai estar mais em pé no passeio acenando, acenando, acenando até o carro desaparecer de suas vistas, de suas vistas que ninguém sabe se ainda são capazes de enxergar para além de suas memórias.
Seja o primeiro a comentar
24/08/2014 -
Ciumando
Eu ciúmo
Dos meus sonhos
E você
Mulher amada
É o maior deles
Seja o primeiro a comentar
24/08/2014 -
Paixão não dá e passa
Essa história de que com o passar do tempo a paixão vai embora e o amor é o que fica não passa de uma grande mentira, posto que eu me apaixono por você nova e novamente várias vezes durante o meu dia.
Eu me reapaixono por você de tantas formas que é impossível acreditar nessa lorota de que a paixão vai embora, pois em mim, no que diz respeito a você, ela só faz conquistar mais e mais espaço a cada momento.
A paixão não envelhece, pois, como o fogo, renova-se por conta própria e se um dia ela deixa de arder, esfria ou não faísca mais é porque algo está errado, já que meu apaixonamento por você é moto-contínuo. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
23/08/2014 -
Conversando só
Eu preciso conversar com alguém
Meu espelho não me responde mais
Eu tenho tanto a contar
Tenho tantas histórias em mim
E ninguém para escutar
Quem sabe um dia além
Rompam esse silêncio inquietador
E encontrem o que eu queria dizer
No fundo de alguma gaveta
Numa pasta do meu computador
Tenho escrito cartas para meus olhos
Se encherem de alguma prosa
Estancando a solidão que insiste em correr
E eu tenho muito a dizer e digo...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
23/08/2014 -
Merthiolate
Você tem razão, brigamos com quem mais amamos porque sabemos que vamos contar com a plena compreensão desse alguém além de uma espécie de perdão ad aeternum. Mas é feio descontar nossos problemas em quem só é digna de nossos poemas. É súbito o arrependimento em não tratar bem quem só nos faz bem. O amor aguenta tudo, releva tudo, cura-se de tudo, mas não podemos nos esquecer de imediatamente nos arrepender, reconhecer que passamos da conta, e prometer nunca mais, nem sem querer, fazer quem mais amamos de um jeito ou de outro sofrer. Nós que amamos demais devemos ter cuidado para controlar o coração indomado que nos leva a atropelar a razão, a passar dos limites do bem e do mal, a cavalgar para além da melhor intenção do verbo enciumar. Nós que amamos demais não devemos descuidar jamais da humildade de voltar atrás e pedir desculpas, e assumir a saudade, como que passando merthiolate na realidade.
Seja o primeiro a comentar
22/08/2014 -
Sequência
Eu sigo escantaeado. Eu vou sendo deixado de lado. Fizeram-me marginalizado. Estou fora do jogo. Estou expulso do sonho que sonhei pra mim. Prenderam-me a uma realidade infeliz. Fizeram-me perdedor. E eu nem posso tomar um porre. Não tenho o direito de colocar o pé no mundo. Quem me socorre me pede para continuar. E eu sigo mesmo com meu coração violentado. Eu vou sendo talvez pelos amores do passado castigado. Eu tento entender a mulher e me desentendo. Eu caminho e não aprendo. Quem quer escutar um louco? Quem quer ler um amor que não deu certo? Quem quer encher os olhos da tristeza alheia? Eu sigo e a vida me escamoteia. Eu vou sendo, dia a dia, mais abandonado. Fizeram-me poeta marginal da lua cheia. Uma espécie de assombração do amor que assusta e não é bem vinda em destino algum. E quando ainda aparece uma princesa para quebrar essa maldição, o chicote estrala num não e tudo dá errado. Eu sigo negado. Prossigo renegado. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
22/08/2014 -
Quero ser árvore
Na outra vida
Quero ser árvore
Um pé de qualquer coisa
Para ser amado
Pelos pássaros
Pelo vento
Pela chuva
Pelos que procuram sombra
Ou fruta madura
Ou ainda um espaço
Para entalhar um coração
Se de madeira nobre
Posso morrer
Para virar cama
De casal apaixonado
Se de madeira vagabunda
Posso morrer
Para virar fósforo
Que acenderá velas
De jantares a dois
De quartos a meia luz...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar