Daniel Campos

Texto do dia

Se você gosta de textos inéditos, veio ao lugar certo.

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Encontrados 60 textos de novembro de 2013. Exibindo página 3 de 6.

20/11/2013 - Deixa pra lá

Há ferimentos
De bala
De corte
De saudade
De espinhamentos
E de deixa pra lá

Deixa pra lá
Cala
Pra sempre

Deixa pra lá
Dá morte
Na semente

Deixa pra lá
É tempestade
Intermitente

Deixa pra lá
É grito
De dor
É o aflito
Vazio
No mergulho
Do condor
É o orgulho
Se batendo
Morrendo
No sofredor
...
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20/11/2013 - Encontramento

Encontra-me pelos meus desencontros. Encontra-me como se fosse nosso primeiro e último encontro. Encontra-me com meus olhos nos seus. Encontra-me fazendo valer do carpe diem. Encontra-me tentando, sonhando, sangrando... Encontra-me em um labirinto sem saída. Encontra-me compreendendo os medos, os segredos, os enredos, a relação paradoxal entre o tarde e o cedo... Encontra-me com emoções despidas e sem pensar em se fazer despedida. Encontra-me deixando portas e janelas abertas. Encontra-me sem muitos planejamentos ou expectativas. Encontra-me naturalmente, como uma rima encontra outra rima no casar do texto. Encontra-me sem deixar escapar detalhe algum. Encontra-me como trens que se encontram nos mesmos trilhos. Encontra-me no olho do furacão, no explodir do furacão, no tremor de peles e terras. Encontra-me como estrelas se encontram depois de vagarem pelas sombras. Encontra-me sem motivo e com todos os motivos. Encontra-me sem querer absolutamente nada senão o encontro. Encontra-me em uma das voltas do mundo. Encontra-me pela eternidade de um segundo. Encontra-me no alto mais alto da roda gigante. Encontra-me em um dos cavalos do carrossel. Encontra-me no frio da barriga da montanha russa. Encontra-me na cegueira dos sentidos. Encontra-me sem portar armas ou escudos. Encontra-me de um jeito nunca encontrado. Encontra-me buscando se encontrar ou reencontrar. Encontra-me na imensidão do infinito. Encontra-me de forma propensa a mais intensa intensidade. Encontra-me no silêncio das palavras. Encontra-me de mil maneiras a sua maneira. Encontra-me de dedos cruzados, sem véus, infernos ou céus. Encontra-me humanamente possível e impossível. Encontra-me calando as horas. Encontra-me roubando o chão. Encontra-me no realinhamento dos planetas. Encontra-me no eclipse da lua que até hoje não se encontrou. Encontra-me num buquê de perfumes e sensações. Encontra-me abusando dos sentidos, inclusive do sexto, do sétimo, do oitavo... Encontra-me no faz de conta da realidade. Encontra-me sem desculpas. Encontra-me como se encontrasse o próprio espelho.


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19/11/2013 - É amor demais

É amor demais para se esquecer ou ser esquecido. É amor demais para se entregar ao vento. É amor demais para ser deixado de lado. É amor demais para fingir que não existe. É amor demais para dar às costas. É amor demais para não estar sempre a postos. É amor demais para se abrir mão. É amor demais para não ser jurado para sempre. É amor demais para não querer o melhor sempre. É amor demais para não se entregar por inteiro. É amor demais que vale à pena esperar. É amor demais para desapegar assim tão fácil. É amor demais para não voltar atrás. É amor demais para sair por aqui fingindo que nada aconteceu. É amor demais para ficar à mercê de possibilidades. ...
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19/11/2013 - Olhos nascentes

Que desses olhos tristes
Nasçam flores e mais flores
Capazes de trazer o amor
Aos olhos ainda mais tristes
Flores que façam quem já desistiu
Se apaixonar de novo e de novo
E quem ainda não acreditou
Mergulhar na boca de quem sorriu
À paixão e sonhou e se acabou

Que desses olhos tristonhos
Nasçam sonhos e mais sonhos
A ponto de virar a realidade
De ponta cabeça num sonhadeiro
Inspirando o violeiro
Motivando o seresteiro...
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18/11/2013 - Furo

O rato fura o queijo enquanto a língua fura o beijo enquanto o gato fura o lençol enquanto o espinho fura o sapato enquanto o bandido fura a mocinha enquanto a catinga fura a rainha enquanto o farol fura a escuridão enquanto o vinho fura a lucidez enquanto a oncinha fura o arrependido enquanto o desafinado fura a canção enquanto o tarado fura a nudez enquanto o querubim fura a nuvem enquanto o berro fura a quietude enquanto a ferrugem fura o ferro enquanto o rude fura o jardim enquanto o relâmpago fura o céu enquanto o âmago fura o raso enquanto a raiz fura o vaso enquanto a escrita fura o papel enquanto o vigarista fura o véu enquanto o aceleramento fura a cadência enquanto a presa fura a inocência enquanto o sentimento fura o coração enquanto a ausência fura a estrada enquanto a estrela fura a madrugada enquanto o coral fura a embarcação enquanto o canivete fura o embornal enquanto o pivete fura o sinal enquanto o aço fura o peito enquanto o defeito fura a qualidade enquanto o passo fura a estrada enquanto o marcapasso fura a saudade enquanto o cachorro fora o lixo enquanto a fome fura o bicho enquanto o lobisomem fura a donzela enquanto o seresteiro fura a janela enquanto o prisioneiro fura a cela enquanto o dia fura a noite enquanto o açoite fura a fantasia enquanto a praga fura a maçã enquanto a descrença fura a chaga enquanto a doença fura a rã enquanto a solidão fura a consciência enquanto o cigarro fura o pulmão enquanto a maledicência fura a lã enquanto o pecado fura o barro enquanto o lado fura o outro lado.


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18/11/2013 - Sóis e luas

É como se sóis e luas
Andassem com naturalidade
Pelas ruas
Da cidade
São raios de muitas cores
E de várias intensidades
São emanações de amores
E tudo é realidade
São sóis e luas coloridos
E muito bem vestidos
Num cortejo
Pelo vilarejo
São sóis e luas cantados
Iluminando e iluminados
Por forças extraordinárias
Encardas com normalidade
Por paixões primárias
Que aproximam sem alarme...
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17/11/2013 - Ad Infinitum

Vamos pegar o primeiro trem ou o último comboio
Rumo aquele lugar bonito do cartão postal
Vamos seguir a estrela do jornal ou a previsão zodiacal
E partir de uma vez por todas com ou sem apoio
Sem prumo rumo ao infinito mais especial
Vamos ser um para o outro e outro para o um sem mal algum
Em beijos em slow motion, de mil megapíxeis e vários tipos de zoom
Vamos tender à eternidade sem que haja qualquer realidade nisso tudo
Que o amor seja confessado o tempo todo na linguagem do cinema mudo ...
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17/11/2013 - É chegada a partida

Se nunca mais ouvir falar de mim, tampouco eu mesmo falando de mim, não se desespere. Se nunca mais ler um texto meu, não se preocupe. Se nunca mais se achar pelas minhas palavras, não chore. Se nunca mais escutar a minha voz escrita em algum canto, não grite. Se nunca mais me vir caminhando pelas linhas afora, não se aborreça. Se nunca mais tropeçar nos meus versos, não soluce. Se nunca mais encontrar minhas vírgulas, não adoeça.

Eu sou um cavaleiro da poesia e, como tal, preciso partir com a mesma ausência de avisos e sinais que marca a minha chegada. E como as chegadas, as partidas também tem um propósito maior, mesmo que desconhecido por enquanto. Porém, um dia tudo será compreendido como o melhor que tinha a ser feito. Sou um cavaleiro que, dada sua missão por cumprida, seja de salvar ou matar uma princesa, parte em direção a outros reinos. ...
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16/11/2013 - Aberta a temporada do esquecer

Esqueça tudo o que traz a dor, o desassossego, o risco. Esqueça o que não pode nem deve ser lembrado. Esqueça o que não foi e não era para ter sido. Esqueça o que, de fato e para todos os efeitos, não aconteceu. Esqueça o triste e suas adjacências. Esqueça o verbo que não conseguiu ser conjugado. Esqueça o sentimento mais doído. Esqueça o mundo imaginário e todas suas consequências não menos imaginárias.

Esqueça o que, mesmo sem querer, faz sofrer. Esqueça o dia perdido. Esqueça o tempo desencontrado. Esqueça a brincadeira feita pelo destino nas tramas de nossas vidas. Esqueça o desejo pela impossibilidade. Esqueça a vontade de querer estar junto do que nasceu para ser separado. Esqueça o amanhã que nunca chegará. Esqueça os lugares comuns, que mesmo comuns, são de um só por vez. ...
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16/11/2013 - Borboletas mensageiras

Suas borboletas
Vieram me contar
Que está tudo bem
Que está tudo zen
Que está tudo além
Do esperado
Do planejado
Do desejado

Suas borboletas
Vieram me dizer
Que há muitos risos
Que há falta de juízo
Que há o paraíso
E o que mais quiser
Aos seus pés
No seu chalé

Suas borboletas
Vieram me mostrar
Suas asas manchadas
Suas asas chamuscadas
Do prazer das madrugadas ...
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