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Encontrados 31 textos de dezembro de 2010. Exibindo página 2 de 4.
21/12/2010 -
Eu, Nelson e Vinícius
Eu nasci em 1980. Eu nasci no mesmo ano em que perdi dois inspiradores, um poeta e um cronista. Eu nasci e um mês depois morria Vinícius de Moraes. Chorei sua morte enquanto minha mãe achava que chorava alguma cólica ou coisa parecida. Seis meses depois, morria Nelson Rodrigues. Difícil explicar certas coisas, mas, mesmo sem tê-los vivido pessoalmente, vivo-os pelo desenrolar dos meus dias numa busca desenfreada, numa paixão platônica, em sentidos e significados que nem Freud explica.
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20/12/2010 -
Hipocrisia pra morrer
A vida é exuberante, dona de uma perfeição tamanha em seus rompantes. O céu é azul, o mar é azul, o sentimento é azul. É fato, os pássaros cantam de norte a sul inebriando o ambiente. Há mil e um motivos para comemorar o ato de viver. Há muita sombra e água fresca por aí; glórias e louvores às criações divinas. Os casais andam pelas estradas de mãos e bocas dadas num completo conto de fadas. Todos se dão bem, vão e vem na mais perfeita ordem. As palavras não mordem e os diferentes se entendem.
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19/12/2010 -
Coquetel
Um drinque para quem vai brindar ou engolir a seco o fim de ano. Um drinque para quem vai ter que se confraternizar com o chefe e os colegas de trabalho. Um drinque para quem vai fazer um balanço do ano que se vai. Um drinque para quem vai ter de encarar aqueles parentes indesejáveis. Um drinque para o trabalho atrasado. Um drinque para quem vai engolir alguns sapos. Um drinque para a louça suja que sobrou para você depois da ceia. Um drinque para acalmar a ressaca do ano anterior. Um brinde à paciência. ...
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18/12/2010 -
Bateau Mouche
Minha vida afunda nos seus olhos fundos da dor que lhe inunda. Meus passos naufragam em seus braços seguindo o compasso das ondas. Ronda você os meus dias como maresias de um mar que me quer a pique. Replique as minhas vontades que já vão dentro de garrafas, litros de saudade e solidão, à procura de olhares, cidades e salvação. Seu vento a revés rasga meu convés. Entre um país basco e um adeus monegasco aperta-me rompendo o meu casco. Com seu jeito de menina você me leva a mil léguas submarinas. A tragédia anunciada e as bailarinas d’água. ...
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17/12/2010 -
Tomara o tempo fosse diferente
O velho Vinícius me ensinou que “a coisa mais divina que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais”. Uma versão viniciana para o famoso carpe diem. O tempo é impiedoso. Enquanto estamos entretidos com trabalho, sono, televisão, jogo, conversa fiada, ele está passando como vento que não cessa. Passando e carregando um pouco de tudo, inclusive, de nós. O tempo é mar bravio, que vira nossos cascos de pernas para o ar. O tempo é o Deus sempre presente e atuante. O tempo é para todos e de ninguém. O tempo é a locomotiva, cada um dos vagões que seguem em fila indiana e o trilho vazio também. ...
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16/12/2010 -
Flerte nº 89
Você é perfeita, dos meus dias a eleita. Mona Lisa pós-moderna, batata da minha perna. É sublime sensação, lua de batom. Mania predileta, ilha deserta. Sabor dos sabores, deixa dos atores. Pelos de arrepios, corredeira dos rios. Bobagem dos apaixonados, desejo dos tarados. Juras de carne e osso, santa do pau oco. Jogo e brinquedo, sorte e medo. Luz que rompe, beleza que corrompe.
Você é poesia pequenina, estrela peregrina. Néctar do fruto, posse e usufruto. Promessa madura, doença sem cura. Paixão que estonteia, brisa que mareia. Reza do interior, lenda de amor. Vela que veleja, céu que troveja. Canção de ninar, clarão de âmbar. Doce de candura, fonte de loucura. Sentimento arredio, arrependimento tardio. Beleza oculta, magia absoluta. ...
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15/12/2010 -
Quantidades e qualidades
De quantas cenas é feito o seu cinema? De quantas trovas é feito o seu poema? De quantas mulheres é feita a sua fêmea? De quantas colombinas é feito o seu carnaval? De quantos partos é feito o seu pré-natal? De quantas velas é feita a sua nau? De quantos cavalheirismos é feita a sua dama? De quantos gemidos é feita a sua cama? De quantas histórias é feito o seu drama?
De quantas crendices é feita a sua fé? De quantos passos é feito o seu pé? De quantas bocas é feito o seu canapé? De quantos ladrões é feito o seu crime? De quantos reflexos é feita a sua vitrine? De quantos laços é feito o seu biquíni? De quanta hipocrisia é feita a sua mentira? De quanta raiva é feita a sua ira? De quantas notas é feita a sua lira? ...
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14/12/2010 -
Fábrica de sonhos
Eu escrevo como uma sina, como uma missão, como um milagre contínuo. São muitas personagens me habitando, querendo sair a todo instante das minhas entranhas por meio das minhas mãos. Mãos que escrevem, mãos que digitam, mãos que esboçam o ar. São tantas histórias misturadas, aglomeradas, guardadas pelo meu eu. Personagens de tramas diferentes vão se flertando, se perdendo, se achando, se dando e se matando pelas minhas linhas internas.
No meu íntimo há um mundo mágico, habitado por mocinhas e vilões, por heróis e bandidas, por seres desta e de outras dimensões. Alimento todos eles diariamente, independentemente se reais ou imaginários. Afeiçôo-me a todos eles em intensidades e formatos distintos de afeto. Eles dependem de mim e eu deles. Não os controlo, apenas os cultivo. Eles são parte de uma grande fábrica de sonhos. ...
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Comentários (1)
13/12/2010 -
Receituário de amor e paixão
É mister diminuir a distância que separa nossos olhos, deixando de lado todos obstáculos e imbróglios da vida cotidiana. Que tal perder o medo de altura e se atirar desse penhasco que é a vida de forma insana. Usa as asas geradas pelos seus sonhos e plana. Plana sobre prédios e espinhais, sobre tédios e carnavais. Vamos amar pelos espirais do DNA da paixão mais louca já nascida. Vamos amar fazendo de casa encontro, a despedida; e da despedida, o reencontro.
Contudo, para se conseguir tudo isso, é fundamental que nossos olhos se casem de tal maneira que haja um só olhar sobre todos os aspectos, seres e teorias. Que nossos corpos habitem para além das fantasias e palpitem mil e uma poesias. A estrada já é curta, não há necessidade de atalhos, tampouco de retardos. Façamos de nossos corações alvos comuns de dardos cupidianos. Façamos de nossas profissões de fé a provação de nossos planos e a prova de nosso amor sobre-humano.
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12/12/2010 -
Renda-se ao Natal
Franceses enfeitam a catedral de Strasbourg com luzes coloridas. Japoneses caminham entre a iluminação natalina do Shinjuku. Ingleses quebram o frio com as luzes da rua Oxford, no centro da capital inglesa. Os alemães compram decoração para suas árvores no mercado de Nuremberg, na Baviera. Chilenos suspiram diante da árvore instalada no centro de Santiago. Russos compram mel, grãos e frutas para a ceia. Italianos montam presépios gigantes em Gênova.
Argentinos já planejam o Natal com muito vinho, fogos de artifício e espumante. Os reis magos caminham trazendo os presentes das crianças. Norte-americanos passam cobiçando as vitrines das lojas da Quinta Avenida. Irlandeses desejam “Feliz Natal” em Dublin. O Papai Noel dinamarquês aparece nos jardins de Tivoli, o parque de diversões mais antigo da Europa, em Copenhague. Cariocas se amam tendo a árvore da Lagoa Rodrigo de Freitas como cenário. ...
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