Daniel Campos

Poesias

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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 169 de 248.

Poça de sorrisos

Chovia, escorria no molhado
Sorria e se via
Ao meu lado em abraços
Gotejava na cadeira
Pingava na quarta-feira
Cinzas beijando a água
Eu, você, afogando nossos mágoas
E chovia, chuvisqueiro
Nós dois sob o coqueiro
Sob os respingos que umedeciam
A sua boca louca
E a chuva que entardecia
Essa tardinha rouca e pouca.

Sua boca chovia, chovia.
O céu de cinzas sorria, sorria.
Sorria, chovia, sorria.


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Podas

Tentei te avisar
Que um dia a vida ia chegar
Sem fantasia,
Mas tive medo
Dos medos que iria te causar.

Tentei te proteger
E criar uma fortaleza
Dos sonhos que eram para sempre,
Mas não deu tempo
Das flores se darem em sementes.

Tentei te amar
Mais do que era possível
No seu imaginário,
Mas podaste minhas asas
E me deixaste no escuro.


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03/07/2013 - Pode ser

Saiba que a hora de sair de cena
Pode ser antes do fim do poema
Ou até dias depois da cantilena

Saiba que a hora de abrir a porteira
E correr de braços abertos à ladeira
Pode ser domingo ou segunda-feira

Saiba que a hora de jogar a toalha
E cortar os pulsos de navalha
Pode ser antes ou depois da batalha

Saiba que a hora do grande final
Com direito ao aplauso da geral
Pode ser já no choro do pré-natal ...
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20/01/2014 - Poder da chuva

A chuva desperta perfumes adormecidos
A chuva escorre do jeito certo mesmo que aos olhos tudo pareça torto
A chuva fala baixinho aos nossos ouvidos
A chuva germina o que já era dado como morto
A chuva traz ao vento o som de gemidos e sussurros
A chuva cala em nossos corações a certeza de que tudo ficará bem
A chuva não toma conhecimento de portas ou muros
A chuva dá viço à lavoura do que não se esquece
A chuva é livre por natureza e não fica refém de nada ou de ninguém ...
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Poema autobiográfico

Olha-me
Olhos nos olhos
Unja-te
Nos óleos
Verdes
Dos meus olhos
E serdes
Em mim
Tua sede
Sem fim.

Que meus poemas
Te velem
Como velas soltas ao mar
Que meus poemas
Revelem
O que vieste buscar.

Olha-te
Olha-me
Numa visão profética
Numa ilusão poética.

E numa dialética
Sem fim
Olha-te
Em mim.


Comentários (4)

Poema da conciliação

Não,
Não me alarde
Ainda não.
Não,
Não é tarde
Demais
Para soltar os ais
Do seu porão.
Não,
A sua obsessão
Não se cansa
Não?
Ah, a esperança
Me alcança
E dança no salão
Da minha solidão,
Dança sozinha
Só minha
Feito abelha rainha
Que quanto mais ama
Mais chama
Para longe seu zangão.

Não,
Pelo amor de Deus
Do deus dos hebreus...
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Poema da incompreensão

Fiz por você
O que dificilmente outro alguém irá fazer
Ou até mesmo pensar em fazer.

Fiz tantas noites de vigília
Uma vigília cega
Onde o psíquico e o físico
Fizeram o duelo da distância.

Fiz poemas a perder de vista
Fiz uma conta quase perpétua
Na florista.

Fiz do seu existir um culto
E acreditei em você
Como um fiel peregrino
Que jejua prega comunga
Por um amor
Ininterrupto.

Fiz do seu retrato um caminho...
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Poema da mulher reclusa

A mulher reclusa
Foge dos atos do sol
Esconde-se em fumaças
E não ouve mais os grilos
Que se abraçam com pernas
De violino.

A mulher reclusa
Não ouve o estralar do canário
Nem a chuva caindo nas telhas
Ouve só um mesmo som
O som de um desespero
Em dó maior.

A mulher reclusa
Não anda descalça pela terra
Úmida
E ao olhar pela janela
Não vê muito além de alguns palmos
À frente
Do grão do chão da ilusão....
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Poema das canções de um rei

Eu te amo tanto
Em tantos detalhes
Em tantas canções
Que são nossas canções
Te amo
Nas jovens tardes de domingo
E embora passem os domingos
Elas continuam, em mim, sempre jovens
Te amo
Em tantos sonhos
Que na verdade é um só sonho
Um sonho lindo
Te amo, te amo, te amo
Num café da manhã
Numa música suave
Num amor antigo
Te amo
Falando sério
Te amo por entre os botões
De uma proposta
Como um amante à moda antiga...
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Poema de conjectura

Tão longe
Mas tão perto
Eis a irracionalidade
Que nos move
Amor - ruptura da lógica
Amor - anti-raciocínio
Amor - retrô e pós num mesmo corpo
O corpo pode caminhar
Dias e milhas sentido longe
Mas as marcas ardem a cada passo
Seja o passo literal, físico, pé ante pé
Seja o passo curvilíneo dos ponteiros do tempo
Mas, atenção, o relevante
É a síntese de tudo isso amor
As marcas ardem
E de nada vale o novo...
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