Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
Poema da incompreensão

Fiz por você
O que dificilmente outro alguém irá fazer
Ou até mesmo pensar em fazer.

Fiz tantas noites de vigília
Uma vigília cega
Onde o psíquico e o físico
Fizeram o duelo da distância.

Fiz poemas a perder de vista
Fiz uma conta quase perpétua
Na florista.

Fiz do seu existir um culto
E acreditei em você
Como um fiel peregrino
Que jejua prega comunga
Por um amor
Ininterrupto.

Fiz do seu retrato um caminho
E por incontáveis dias
Misturei meu rosto no seu rosto
No fundo do espelho.

Fiz tantas "comidinhas caseiras"
E todas as besteiras
Que um romântico pode fazer
Longe de um transatlântico.

Fiz tantas expectativas
Fiz tantas promessas
Fiz tantas esperas
Enquanto você se fazia
Cada vez mais longe
Cada vez mais miragem
Cada vez mais ilusão.

Em todas suas ciências
E conseqüências
Fiz o que não se faz mais
Em matéria de fantasia
Entreguei a minha poesia
Para os saltos do seu coturno.

Fiz de você uma criatura eterna
Infinita e atemporal
Mas você insistiu em ser
O meu "não fazer"
A cada novo turno.

Fiz de você uma vida à parte
Fiz-me arte
Fiz-te marte
E me deixaste
Nos anéis de saturno.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar