Daniel Campos

Poesias

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04/04/2015 - Moleca

Boca de gangorra
Que me sobe e desce
Olhares de carrossel
Rodando ao meu redor
Língua de escorrega
Pernas de trepa-trepa
Costas de tobogã
Tantos pensamentos
De chapéu mexicano
Coração de pelúcia
Ou de montanha russa
Pés de pular amarelinha
Do inferno pro céu
Olhos de bolas de gude
Braços de iô-iô
Mãos de plantar bananeira
Corpo de fazer estrelinha

Menina arteira
Acende a fogueira...
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24/02/2014 - Momento

Mulher de momentos
E monumentos
Vou
Visitar seus templos
Seus esconderijos
Fazendo do seu tempo meu tempo
Viver os seus perigos
Vou atacar as suas frontes
Escalar os seus montes
E me equilibrar
Pelos seus olhos ao horizonte
Tomarei a sua boca
Em colheradas de sopa
Num apetite voraz
Provocando a cada segundo
O que o amor maior do mundo
É capaz
De fazer
Mulher das fantasias...
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Comentários (1)

Momentos

Passam
Passam sóis, passam ruas, passam nuas
Passam risos e prantos, juntos, passam
Passam palavras nos livros que passam
Passam, passam, passamos nós...
Passa vida, vida que passa num olhar
Que não quer passar, que não quer voltar
Passam segundos, passam séculos
Gotas passam, dilúvios passam
Profecias vão passando aos dias
Poesias vão ficando frias
E a saudade que não passa, não passa...
Passam sentimentos, como passam
Passam tormentos, ora passam...
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Monarquia

Querer
É dês-poder
É fantasiar
Os argumentos
Querer
É responder
Sem negar
Os atrevimentos
Querer
É falar
O que já foi falado
Querer é amar
O que já foi amado
Querer
Se esconder
Para se encontrar
Com o previsto
Querer
Se esconder
Para se encontrar
Com o previsto
Querer
Se prender
Para se soltar
Sem ter se visto
Querer é um dês-querer
Quando a vida ...
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Monotonia

Eu vejo lojas fechadas
Passo por casas almoçando
Vejo bares entardecendo
Passo por praças sonolentas
E segue o sol e vem a lua
E a rua, e a rua, e a rua
Continua a mesma
Cansada de ser palco do cotidiano.

Ninguém nota a primeira estrela
Embora a luz ainda reflete
Nas lanternas dos carros
Que rabiscam a escuridão
E os olhos do pivete.
Negridão, assombração, tensão
Alguns ainda perambulam
Pelas calçadas fadigadas...
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27/12/2015 - Montanhas azuis

Hoje tudo seria diferente se fosse amanhã
Ontem já tentamos
Ou não tentamos o suficiente
E o hoje são as montanhas azuladas
Distantes no horizonte
Que enfim chegaram
Hoje não dá mais para apenas contemplar
É hora de escalar, enfrentar, encarar
As montanhas


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Montanhismo

Subi colinas
Entre lhamas
E mochilas
E num acidente geográfico
Sob deus
Sobre a neve
Escorreguei
Numa avalanche
De paixões
E segredos
Pelas suas costas
Afora.
E no relevo
Do seu pé
Sem meia
Eu subi
E me submergi
Em seus olhos
De areia
Negra
E a mil pés
De profundidade
Quase sem ar
Como pássaro
Alpinista
Fugi
Daquelas duas rochas ...
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Morada

Em minhas veias, ecos longínquos
Uma casa branca com janelas de madeira
Uma varanda na quase luz das luminárias
Uma rede num balanço sozinho
Dois olhares boiando na piscina
Uma figueira, um jatobazeiro, um angico
Algumas roseiras sem rosas
E a grama verde engolindo o terreno
Uma touceira de bambu no tombo do vento
Vaga-lumes nos holofotes das sombras
Nas árvores, os olhos calmos de corujas
Na sala de jantar uma mesa pequena
Duas taças de champanhe...
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08/08/2013 - Mordedura

Permita-se ser mordido
Pela boca amada
Mesmo que a dor beire o insuportável
Pois tudo é remediável
Quando se fala de amor
Deixe que as presas
Penetrem sua carne
Milímetro a milímetro
Pois o medo não pode ser maior que o desejo
Quando se fala de amor
Permita que ela tatue
Sua boca em seu corpo
Por quantas vezes quiser
Pois nenhuma mordida é igual a outra
Quando se fala de amor
Que a mordedura dessa mulher...
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Morenando

Com
Flores
Bordadas
Na saia
Rodada
A morena
Vai
Morenando
A rua
Ora anda
Ora desanda
Ora flutua

Ela não tem parada
Não tem paradeiro
A morena sacode
A estrada
Como malandro
Roda um pandeiro

Morena das trilhas
Das filhas
Das minas
De Janeiro

Morena tem o balançado
Das embarcações
Que deixam os sertões,
Entre o baião e o fado...
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