Monotonia
Eu vejo lojas fechadas
Passo por casas almoçando
Vejo bares entardecendo
Passo por praças sonolentas
E segue o sol e vem a lua
E a rua, e a rua, e a rua
Continua a mesma
Cansada de ser palco do cotidiano.
Ninguém nota a primeira estrela
Embora a luz ainda reflete
Nas lanternas dos carros
Que rabiscam a escuridão
E os olhos do pivete.
Negridão, assombração, tensão
Alguns ainda perambulam
Pelas calçadas fadigadas
Sono, silêncio, paixão
O galo de corda já tocou
E o dia já gritou
Rompendo a monotonia
E hibernando a fantasia
No sonho que restou.
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