Daniel Campos

Poesias

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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 185 de 248.

Mulher incógnita

A mulher incógnita
Deita-se sobre palavras
Escapando-me seus olhos.

Repouso a mão inquieta
Em seu rosto cabisbaixo
Por um instante
Invado seu colo
Não que o decote na imagem tenra de seus seios
Seja exacerbado
Mas insinuante e convidativo.

Fico ali, sem pensar no que lê
Onde corre
E por onde escorre sua visão.

Seus braços tomados pelo sol
Parecem desarmar na mesa
Com gestos quase despercebidos...
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Mulher lendária

Levanta e me encanta
E não se arrependa
E me prenda
Ponha-me uma venda
E me conta
A lenda
Das mulheres
Que amaram demais
E se jogaram
Das masmorras
No meio dos temporais
Mulheres de corações expostos
E braços postos
Em abraços
Mulheres fundas e rasas
Mulheres de asas
Que voavam como pássaros
E se alimentavam
E se calavam
Nas flores da ilusão
Como beija-flores ...
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Mulher olímpica

Flexiona a cabeça
Arqueia as costas
E numa nudez olímpica
Ela se exercita
E excita
Os meus sentidos
Entre as paralelas dos lençóis
E salta
Sobre uma legião de cavalos
De madeira
E vai ao solo
De seu corpo
Num duplo mortal
Que me deixa louco
De ciúme
E de desejo
E se dependura em argolas
De bijuteria
E me tateia
Em piruetas
E acrobacias
Com a ponta dos pés...
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Mulher que não volta

Ó Deus, traga-me de volta a mulher que não volta
Eu sei por onde ela anda, mas não posso andar nos seus passos
Tampouco feito um herói bandido
Não posso salvá-la de uma selva de medos doídos
Corro o risco de ferir ainda mais seu orgulho ferido
Ah! Deus se eu pudesse quebraria portas e a pegaria pelos braços
E se ela resistisse... Eu não hesitaria
Em arrastá-la
Por outros destinos
Ah! Se eu pudesse calá-la
Numa série de desatinos ...
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Mulher sem nome

A mulher que se esvai pela rua sem nome
No vento de um silêncio lento
Arrumando os cabelos lisos e livres
Num gesto peculiar
Sem ao menos deixar seus olhos tombarem para o lado
É a mulher que se vai com livros sem nome.

Entre tantas promessas impossíveis de serem cumpridas
Dentre tantos juramentos que já nasceram falsos
A mulher vai pelas passarelas de pedra
Levando no seu corpo as marcas da despedia
E o ritmo de uma saúde
Num destino ainda sem nome.


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Mulher violeta

Ah! Mulher dos cometas
Coloca em minha boca a letra
De uma canção que eu nunca cantei
Vem de onde vem?
Nos últimos raios violeta
De um sol camaleão?
Nas asas de um anjo perneta?
No convés de uma embarcação?
A anos luz, de onde vem?
Vem inteira ou em meia estação?
Vem como flor outona
E tira o meu sono
Ao se apoderar
Do trono
Da minha solidão.
Vem como ave
De revôo,
Como nave
Espacial...
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Mundi

Quem é ela
Que se equilibra em linhas bambas
De latitude
E altitude
E se benze
Diante da cruz
Da hora zero
Formada pelo beijo
Do meridiano
De Greenwich
Com a linha do equador.
Quem é ela
E quebra os trópicos
Com sua falta de gravidade
Quem é ela
Que vai do ártico
Ao antártico
Em um gemido
Quem é ela
Fera e bela
Que atravessa desertos
Escala a muralha da china...
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Murmúrios

Era o nada no meio do nada
Tão perto do infinito
Do silêncio aflito
Da emoção calada
Tudo tão bonito, esquisito
Era o nada do nada no nada.

O azul no céu respingado
O verde abacate engolia tudo
O arco-íris era mudo
O sonho era vazio
O passado um rio
Que ficava, que ficava exilado.

O silêncio murmurava
Grilava a poeira rossa
A saudade era uma poça
Ao meio dos espinhos
O vento varria os caminhos...
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Muro das lamentações

Se quiser saber
Por onde anda
O que eu faço
E o que tenho
Pensado,
Abra as janelas
E veja o meu vulto
Que feito sentinela
Se escora
No muro
Suburbano
Das lamentações.


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Muros, histórias e palavras

Entre o querer e o fazer
Há um muro
E a impressão de que ele não vai se acabar
Tão logo nos desmoronemos.

Entre o querer e o fazer
Há um muro
Um muro feito de palavras
Escritas, confusas, cansadas
E são tantas palavras
E tão poucas pessoas
Para escutar as histórias.

Entre o querer e o fazer
Há um muro
Cheio de histórias
E de repente
Eu me calo
E me pego a contar
Histórias que não são minhas.


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