Mulher que não volta
Ó Deus, traga-me de volta a mulher que não volta
Eu sei por onde ela anda, mas não posso andar nos seus passos
Tampouco feito um herói bandido
Não posso salvá-la de uma selva de medos doídos
Corro o risco de ferir ainda mais seu orgulho ferido
Ah! Deus se eu pudesse quebraria portas e a pegaria pelos braços
E se ela resistisse... Eu não hesitaria
Em arrastá-la
Por outros destinos
Ah! Se eu pudesse calá-la
Numa série de desatinos
Quem sabe assim me voltaria
A mulher que não volta
Não volta a mulher não volta porque está doente de si
Não volta a mulher não volta porque fraqueja
E gagueja
E treme
E fica sem leme
Quando se vê diante da oportunidade de sorrir
Ah! A mulher que não volta
É a mesma mulher que em suas voltas se nega
E cultua sua baixíssima auto-estima
E com o livro do passado em mãos prega
Que as instalações do sofrer são suas obras-primas
Ah! Mulher que não se prima
Enquanto amanhã
Ah! Mulher que não volta
E que entre suas voltas
E revoltas
Vive uma vida vã
Ó Deus, traga-me de volta a mulher que não volta
Traga-me de volta a mulher que eu insisto em querer
Traga-me de volta a mulher que está longe de mim,
Longe de ti
Longe de si...
Ó Deus, traga-me de volta a mulher que se deixa esquecer
Seja por feitiço
De um encantamento de bruxo, elfo, fada, mago
Seja por um reboliço
No metabolismo
Nas taxas de andorfinas
No suor frio das adrelaninas
Ó Deus, ensina-me um exorcismo
Que me faça trazê-la enquanto trago
A sua última lembrança
Ai, Deus, por que criaste a esperança
Se ela quando criança
De pouca idade
Corre, brinca, canta... existe
Contente
E quando cresce, porque ela cresce,
Nos trai
Passa a ser triste
E atrai
A saudade
E a saudade é a volta que não volta
Ah! Deus traga-me de volta
A mulher que em suas voltas
Não se despede de mim
Ah! Já que é assim
Assim impossível arrancá-la
Das minhas vísceras em transe
Arranje
Uma forma de buscá-la
De trazê-la de volta
Ah! Deus das voltas, Deus dos que voltam
Deus que ainda volta, Deus dos que não voltam
Ó Deus, traga-me de volta a mulher que não volta
A mulher que em suas partidas
Apenas parte pensamentos
Sentimentos, ressentimentos...
Ó Deus, traga-me de volta a mulher que não volta
E que nos volteios do seu sonho mais violento
Se enxerga como uma perdida
E deixa o sonho a esperança e o lamento
No desejo próprio e alheio de tê-la de volta.
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