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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 39 de 320.
24/10/2010 -
Auxiliai
Hoje é dia de Maria. De Maria menina, aquela de olhos de quartzina. Hoje é dia de levar rosas à capela, de acender vela aos pés da santa que nos auxilia. Hoje é dia agradecer a uma força tanta, de rezar com lágrimas e nós na garganta. Hoje é dia de Maria. De Maria e seus auxílios, Maria e seus filhos. Hoje homens, mulheres e anjos cantam estribilhos à virgem das virgens. Hoje é dia de alegria, Maria. Hoje é dia de poesia, Maria. Hoje é dia de Maria, a sétima cavalaria que sempre se dispõe a nos salvar. Hoje é dia de Maria, senhora da estrela guia que se põe a brilhar. ...
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24/09/2010 -
Auxiliar, o verbo de hoje
Pelos caminhos certos e tortuosos, tenha certeza de que Auxiliadora é o escudo que lhe protege de todos os males temporais ou atemporais, é a força que lhe anima a seguir, é a casa de portas sempre abertas. Auxiliadora é a chama que não se apaga, o cântico que não cessa e a semente que sempre vinga. Ela é santa e mãe daqueles que foram lavados pelo sangue de seu filho. Ela é santa e rainha daqueles que conquistam o reino dos céus. Ela é santíssima, puríssima, altíssima... flor que nunca se despetala, rio que nunca seca, profecia que não silencia. ...
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03/03/2008 -
Avalanche de chocolate
Tentei fugir, mas eles eram milhares. Os corredores do supermercado se fecharam. Fiquei sem saída. Fui atacado pelos ovos de páscoa. Faltam mais de vinte dias para a data festiva e eles já estão lá, aos montes. De todos os tamanhos, de todas as cores, de todos os formatos... Pendurados ou em prateleiras, eles contrariam a hierarquia da cadeia alimentar e nos devoram vivos...
Há quem faça a promessa do mais espesso e puro chocolate. Há quem traga brindes para atrair a criançada, como carrinhos e bonecas da moda. Há quem se envolve de mistério sobre seu conteúdo. Há quem tenha amendoim, castanha do pará, coco, nozes, passas... Há os brancos e os negros e os mulatos. Naquelas duas metades há gêmeos univitelinos (idênticos) e bivitelinos (diferentes). Há quem capriche no papel e nos desenhos. ...
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Avalanche no deserto
A noite parece ter caído toda de uma só vez a ponto de não ter mais nada para cair até o amanhecer. E não passava das 21 horas. Nas mãos, um copo de água com açúcar. A sensação de o mundo, por alguns segundos, ter se apoiado em suas costas. Os pensamentos revirados. As emoções desencontradas. Andava em círculos. Amanhã teria de acordar cedo, mas o sono não vinha. Talvez não viesse nunca mais. Ora tinha vontade de trancar a porta do quarto ora queria abrir o portão e caminhar na rua, descalça. Não sabia o que queria. Poucas vezes se viu tão confusa. O telefone, cheio de impressões digitais e de confissões não dizia nada. Parecia exausto. Por hora, deitou no colo da mãe, fez um monte de perguntas abstratas e fugiu antes do final do abraço. Parecia sufocada. Colocou um disco. E talvez a música servisse para abafar o choro, que já era tão quieto. Foi para frente do espelho, vestida com uma jóia ainda não vista pelo espelho e os olhos não entendiam as lágrimas. Olhos que se agarravam a algumas linhas repetidas vezes. Guardou o colar embrulhado no papel e abriu a janela. Não tinha nada para ver lá fora, mas olhava fixamente para si mesma. E ali, entre um gole e outro de açúcar, separava sentimentos dos nós que a vida havia dado. De repente, desceu da janela e ganhou a cama. De repente, um suspiro. Estava feliz. Contente da vida. E mais uma vez, o disco, que se repetia pela sétima vez, abafava seus risos calados. Virou de lado e dormiu em paz. Só tinha um único medo, o medo de ter certeza.
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09/11/2012 -
Avisos
Expulse os fantasmas do seu sótão. Tire as pedras do seu sapato. Encare suas dívidas e pendências. Ilumine seu porão. Cicatrize suas feridas. Tranque as portas do passado. Não chore por quem não merece. Estanque essa sangria desatada. Não pense duas vezes. Tenha cuidado e atitude ao mesmo tempo. Engula o orgulho, por mais ferido que ele esteja. Tente uma, duas, três mil vezes até conquistar o que quer. Quando não sentir mais os pés no chão tenha certeza de que deve estar perto uma mulher.
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27/11/2015 -
Avôs doutores
Meus dois avôs não tinham nem o primário. Aliás, pouco foram à escola. Trocaram os livros pela enxada. Os dois sabiam ler com dificuldade e assinavam o nome. No entanto, eram dois homens que tinham um conhecimento sem explicação. Liberato tinha olhos topógrafos que colocava qualquer cerca, por mais comprida que fosse, no enquadramento exato. Meu avô media terrenos a passadas, esquadrava linhas exatas, milimetricamente falando, numa engenharia que me deixava boquiaberto. Era preciso no que fazia. Uma mistura de entendimentos milenares e futuristas que fugiam a minha compreensão. Antônio era exímio relojoeiro sem nunca ter tido uma relojoaria nem aprendido a profissão por meio de curso algum. Eu me admirava de vê-lo desmontando e consertando aqueles relógios de bolso num impressionante minimalismo. Um inventor, que se fascinava por ferramentas e parafusos. Ambos conheciam a fundo uma matemática que eu, com anos e anos de estudo, não consegui dominar. Também eram mestres em literatura e história, pois contavam causos ricos em detalhes, indo do classicismo ao romantismo, do barroco ao contemporâneo, com extrema facilidade. Causos que me ensinaram muito, tanto em matéria de composição literária e histórica quanto no que diz respeito ao estilo. Ambos colocavam amor em suas prosas e poesias. Aliás, botavam paixão em tudo o que faziam. Conhecedores da geografia das coisas, da biologia do universo, da química da vida... Sabiam prever o tempo observando a lua, o vento, os bichos... Sabiam da arquitetura que envolvia uma dança de catira e da afinação de uma viola... Engenheiros, sabiam com quantos paus se faz uma canoa e com quantas fiadas de tijolo se ergue uma parede... Falavam muitas línguas, a dos pássaros, do fogo, do tempo, das águas, dos bois de carro... Entendiam de folhas, raízes, frutos, enfim, da natureza como poucos porque simplesmente eram parte integrante dela. Por essas e outras que eu acredito em outros planos astrais, pois o conhecimento desses dois não se limitava a uma existência. Tenho certeza de que Liberato continua fazendo suas plantações geométricas e Antônio segue envolvido com as engrenagens do tempo. ...
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23/03/2010 -
Ayrton Senna, o mais novo cinqüentão
No último domingo, se não fosse pelo choque de sua Willians FW16 com a curva Tamburello, Ayrton Senna da Silva teria completado 50 anos de vida. O piloto chegaria a essa idade emblemática justamente na temporada em que a F-1 comemora seus 60 anos de existência.
Por coincidência, seu qüinquagésimo aniversário cairia num domingo, dia em que o brasileiro se acostumou a viver vitórias impossíveis, empunhar a bandeira verde-amarela e cantar o hino nacional. Dia de um país explorado e desacreditado mostrar ao mundo que vencia no braço. ...
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12/06/2012 -
Baden Powell
O nome Baden Powell é tão sonoro e complexo quão seu violão. O erudito e o popular se casam, de corpo e partitura, na mesma batida, sob sua regência. Uma batida forte, intensa, vibrante e, até mesmo, alucinante. Uma melodia cheia, de vanguarda e repleta de ancestralidade, perspectiva e saudade.
Baden é o próprio violão. Neste caso, homem e instrumento são inseparáveis. Almas gêmeas. Baden é metade violão e o violão é metade Baden. Não se sabe dizer onde começa um e termina o outro e quem nasceu de quem. ...
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21/07/2010 -
Bafafá
Podem criticar, falar mal e até maldizer meus escritos. Podem repudiar, ignorar e até desfazer das minhas linhas. Podem fazer cara feia, sapatear e até vomitar diante dos meus versos. Faço questão de informar aos descontentes com a minha poética que nada disso vai me impedir de continuar. Continuar a escrever independentemente se vão ou não gostar da minha prosa. Tenho em mim a certeza de que é muito melhor ser lido pelos olhos fundos das gavetas do que pela ignorância que reina por aí.
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23/06/2011 -
Bahia, que bom...
Que bom é se perder nos acarajés de Amaralina, ser guiado pelo farol de itapuã e experimentar de todos os santos e pecados de São Salvador. Que bom é enfeitiçar e ser enfeitiçado num terreiro de candomblé. Que bom é cair nas graças de uma cocada-puxa, comer doce de jenipapo e abusar do dendê. Que bom é passar pelo rio vermelho de Jorge Amado e beber daquela boemia. Que bom é dormir ao som das canções de ninar de um mar que canta como Caymmi, Bethânia, Caetano, João Gilberto...
Que bom é rezar na igreja das escadarias e fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim e depois pedir a benção a uma das mães-de-santo mais afamadas da Bahia. Que bom é escutar Gilberto Gil no pelourinho e descer a baixa do sapateiro ao som de sanfoneiros. Que bom é encher os olhos de suas dunas brancas e a boca dos pescados da ilha de Itaparica. Que bom é ter uma plantação de coco no seu quintal. Que bom é experimentar os sabores da Feira de São Joaquim, almoçar a beira-mar e depois se entregar aos corais. ...
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