Daniel Campos

Prosas

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30/04/2014 - Artista nata

A mulher que eu amo tem o dom de criar. De criar traços, formas e conteúdos. Artista nata, com obras primas se refletindo no espelho ou saindo de suas mãos. Artista da estética, da moda, da plástica... Faz mágica, faz milagre, faz encantaria a partir da sua veia artística, que na verdade são veias e artérias pulsando o tempo todo e todo o tempo a reinvenção do sentimento. Sua sensibilidade gesta e dá à luz criatividades arrojadas, e ousadias românticas, e contornos de vanguarda e desenhos clássicos tudo com a personalidade e autenticidade e originalidade que a compõem e decompõem e tornam a compô-la em criações, descriações e recriações sucessivas e exclusivas. Há uma mutação contínua e crescente regida pela inspiração que a faz apaixonada em tudo o que faz. O talento se multiplica vertiginosamente pelo seu interior rebuscado. Ah! Felizes daqueles que conhecem os palácios da imaginação localizados pelas dimensões paralelas dessa mulher. A criatividade é lava vulcânica fervendo e escorrendo por todo o seu ser. Não sei explicar como, mas essa mulher dá vida à vida; artista por natureza, fonte mítica e mística de tantas e quantas belezas.


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21/09/2012 - Árvore-da-rima

Araticum e Urucum. Araçá-amarelo e Marmelo. Angico e Ficus. Cateretê e Ipê. Ipê-roxo, Ipê-rosa, ipê-verde. Ipê-jardim e Jasmim. Ipê-felpudo, Ipê-preto, Ipê-una, Ipê-cumbuca. Pinheiro-do-Paraná, Araçá, Jabuticabeira Sabará, Baobá, Jatobá, Ingá do Brejo, Jacarandá, Juá, Jaracatiá e Manacá. Cajuaçu e Cupuaçu. Cabreúva, Embaúba e Macaúva. Jatobá e Jequitibá. Orelha-de-mico e Orelha-de-onça. Chapéu-de-sol e Árvore do Céu. Cássia-aleluia, Cássia-carnaval e Cássia-imperial.

Mangueira, Aroeira, Quaresmeira, Goiabeira, Pitangueira, Amoreira. Guamiri e Juqueri. Abacateiro e Limoeiro. Pau-jangada, Pau-pólvora, Pau-d’alho, Pau-ferro, Pau-formiga, Pau-jacaré, Pau-mulato, Pau-óleo, Pau-rei. Pau-brasil e Tamboril. Cacaueiro, Árvore-do-dinheiro, Cajueiro, Monjoleiro, Damasqueiro, Coqueiro, Jambeiro, Umbuzeiro, Juazeiro e Salgueiro. Nêspera e Nogueira. Baraúna e Sumaúma....
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22/04/2016 - Árvores somos nós

Para que cortar, queimar, derrubar quem não está te incomodando? Por que fazer chorar quem te traz fruto, sombra e ar mais puro? Para que destruir quem não se opõe ao seu ir e vir? Por que tombar ao chão quem nunca pensou em te derrubar? Pra que sangrar quem nunca te feriu? Por que ignorar quem nunca sumiu? Nascida, a árvore merece viver, crescer, amadurecer. Não nascida, a árvore merece ser plantada, cuidada e amada como uma de nós. Árvores tem alma. Árvores amam. Árvores se ligam umas às outras e também aos que não são da sua espécie numa conexão que vai além da primeira, da centésima, da milésima intenção. Árvores são gigantes mesmo quando brotos. Árvores somos nós nos outros.


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31/10/2011 - As bruxas de antes...

Saudade do tempo em que as bruxas eram apenas criaturas dos contos de fada e da mitologia. Criaturas distantes e encantadas. Criaturas que faziam suas poções em caldeirões e que viviam ao lado de corvos e gatos pretos. Guardavam livros mágicos e proferiam palavras em uma língua estranha. Voavam em vassouras e transformavam seus desafetos em sapos e pedras. Eram o pior pesadelo das crianças e das princesas. Punham medo com seus narizes grandes e verrugas cabeludas. Usavam chapéus pontiagudos e capas escuras. Moravam em casinhas distantes no meio da floresta. ...
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15/12/2009 - As canções que eu fiz para mim

Não sei se é crendice popular, mas o fato é que a melhor época para mexer em gavetas é final de ano. A mudança de calendário aflora em nós um espírito de reflexão, balanço, acerto de contas. Ilusoriamente acredita-se que no dia primeiro de janeiro tudo será diferente, então, faz-se necessário dar um jeito nas coisas da antiga. E foi nesse clima de limpeza que eu, no fundo de uma caixa, reencontrei antigas anotações. Na verdade, canções de um tempo que ficou pelo ar.

Letras que escorrem em feitio de poemas por folhas já amareladas pelos anos. Cifras que polvilhando sílabas tônicas vão indicando um caminho sonoro. Sem pensar muito, pego o violão e começo a despertar um compositor adormecido. Sim, as canções são minhas. Lá se vai um garoto que bebia em Vinícius, Tom e Chico Buarque inspirações para suas músicas. Mas eu estava fora de tempo. Fui fazer bossa nova quando a bossa já estava com 40 anos. ...
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19/12/2009 - As cores da mulher amada

A mulher amada tem cores primárias, secundárias e, até mesmo, terciárias ao longo de seu corpo. Perdoem-me a comparação, mas a criatura amada é uma caixa de lápis de cores se colorindo pela rua afora. Quando o vermelho dos lábios dessa mulher encontra o azul do horizonte o mundo da à luz a um sol violeta. Um sol que irá arder e suar e se arrepiar no desejo que há na mulher que se ama. Como um camaleão carregado de sentimento, a mulher amada é um desfrute de colorações.

Não é à toa que a natureza inspira perigo diante de um ser repleto de cores, sobretudo, de cores fortes, vivas, radioativas. Pois isso é a mulher amada: feixes e mais feixes de cores em permanente radiação, seduzindo e atraindo páginas em branco. Quando as palavras azuis da criatura que irradia amor encontram o amarelo das flores jardineiras, eis que se inicia um tempo verde. Mesmo fora de época, os corpos, femininos e masculinos, são tomados por uma primavera de polens. E eis que se dá a fecundação e o nascimento de mais e mais cores....
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14/09/2015 - As filhas de dona Sinhá

Seu Sinhô coloca o chapéu no peito quando as meninas de dona Sinhá passam pela rua em respeito a sua mãe que foi ter com as estrelas. Paixão antiga daquelas de tirar faísca de pedra, de apostar coração numa roleta, de montar burro xucro em noite de trovoada. Daquelas três meninas nenhuma era filha dele, mas ele tinha respeito como se fosse. Dona Sinhá deu de um tudo para seu Sinhô menos uma vida nova que ele pudesse ver crescer. Como castigo pelo que nem sabe, viu a mulher que amava ir para não voltar e as filhas dela com outros tomando corpo e o mesmo gênio ruim da mãe. Como pecador que não toma jeito, mas respeita tudo quanto é santo, seu Sinhô tira o chapéu pras meninas passarem perfumadas pelas lembranças de dona Sinhá.


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29/04/2011 - As filhas dos pais

Numa mesma quinta feira perdida no final de abril morreram as filhas dos pais. Podiam ser chamadas assim essas mulheres nascidas de uma poesia de Vinícius de Moraes, de um discurso de Leonel Brizola. Independentemente das tentativas, nenhuma das duas conseguiu superar a fama de seus criadores. No fim das contas, só aumentaram a lista dos casos em que o sobrenome fala mais forte que o nome.

A filha do político, Neusinha, enveredou pela carreira artística e teve uma série de desentendimentos públicos com o pai por causa das drogas e um ensaio de nudez para uma revista famosa. Chegou a ser presa. Morreu no hospital por complicações pulmonares assim como o pai. Os pulmões da cantora silenciaram. Uma morte simples para uma mulher que, entre outras extravagâncias, já encheu uma banheira com champanhe para tomar banho. ...
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18/07/2012 - As folhas encantadas de Ossaim

Ewê ô. Ewé ó. Lá vem Ossaim, Ossaniyn, Ossanha. O senhor das folhas. Das folhas selvagens. Das folhas medicinais. Das folhas litúrgicas. Ele é o filho de Nanã que mora na floresta ao lado de outros orixás do mato, como Oxóssi e Ogum. A floresta e seus encantamentos. Ossaim e suas folhas sagradas, seus mistérios, seus medos. Ossaim possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folhas, possui um só tronco. Dizem que durante seis meses Ossaim é homem. Nos outros seis, mulher. Ossaim é o desconhecido, o fantástico, a lenda. Traz uma haste ladeada por sete lanças com um pássaro no topo. Em certos dias, pendura suas folhas mais poderosas nos galhos de Iroco. Ossaim é o sacerdote das folhas. Por isso, muito cuidado ao arrancar ou pisar em uma delas. ...
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29/06/2015 - As maçãs-do-amor de Sinhazinha

Sinhazinha se arrumou toda pra se sentar na pracinha esperando alguém que lhe desse uma maçã-do-amor. Mas na pracinha não tinha macieira e nem era tempo de fogueira. Mesmo assim ela esperou, ela esperou, ela esperou e dançou com o tempo que seus olhos caramelizou. Sinhazinha não estava grávida, mas ardia numa vontade parideira que faz a desejosa subir e descer ladeira dia após dia até matar as lombrigas que brigam e fazem intriga e desdém em torno da fome do que não se tem. Passaram fulanos, ciclanos, beltranos sem que ninguém oferecesse maçã alguma à salivação crescente da sinhazinha que estava acostumada a viver sozinha. Passaram-se horas até que a menina chora e um tal moleque, longe de ser pivete, aproximou-se e enxugou aquelas lágrimas com um beijo certeiro daqueles que desmancham o coração por inteiro. Sinhazinha ficou pasma, faltou-lhe o ar como numa crise de asma, e suas maçãs do rosto ficaram coradas, avermelhadas como as maçãs-do-amor que ela tanto queria e pedia. Coisas da poesia.


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