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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 22 de 320.
15/10/2015 -
Agulhada certeira
Foi como se o samba de Beth Carvalho, Martinho da Vila, Clara Nunes, Nelson Cavaquinho, Alcione, Zeca Pagodinho, Clementina e Arlindo Cruz me levasse para as festas de final de ano na casa dos meus pais. Meu pai era quem mandava no aparelho de som escolhendo sempre uma trilha sonora capaz de animar com poesia. Não podia faltar a árvore de natal, o presépio, a leitoa e um bom samba. Esse batuque de hoje me levou de volta ao passado e em direção ao futuro, pois as festas se aproximam. Entre o ontem e o amanhã, a falta. Muitos dos que dançavam, comiam e se alegravam naquele terreiro do samba já não estão mais entre nós neste plano físico. Como os aparelhos de som do meu pai, os mais velhos foram dando lugar aos mais novos. E bate uma saudade da vitrola. Que o diga meu pai que está sempre às voltas com os vinis. As agulhas da máquina de costura de minha mãe, as agulhas das vitrolas de meu pai. As agulhas que tiram som dos tecidos e dos sulcos dos LPs. Agulhas mágicas aos olhos da criança que fui; Criança que sou. Como o samba de raiz, se agulhas cavassem um pouco do nosso coração vamos achar as raízes daqueles que amamos. A árvore pode estar longe, mas as raízes nos alcançam, nos tocam, nos envolvem. A árvore pode não estar mais lá, mas as raízes continuam vivas. E como numa agulhada certeira foi como se o samba de Paulinho da Viola, João Nogueira, Jorge Aragão, Chico Buarque, Jovelina, Simone e Cartola cutucasse meu coração e expusesse essas raízes de um tempo cheio de matizes. Sentimento em carne viva. Pelas raízes do meu samba, seiva corrente de amor e saudade. Chora cuíca, balança pandeiro, arrepia cavaquinho...
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13/09/2010 -
Ai que coceira
Coça que coça que coça que coça. Será pó de mico? Mas cadê os macacos? O vento soprou. O fogo queimou. A mata acabou. Coça que coça que coça. Olha as unhas da moça coçando as costas do moço. Será cobreiro? Mas cadê as cobras? Elas não foram expulsas do paraíso? A coceira serpenteia e vai fazendo o corpo chacoalhar como guizo de cascavel. Coça que coça que coça que coça. Será coceira de nervoso, de molecagem ou de idoso? Prurido ou comichão, que coceira cruel. Coça que coça. Será terçol? E onde eu arranjo três luas? ...
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21/05/2014 -
Ai, se pudesse
Se pudesse, viveria com você em meu colo e lhe mal acostumaria mais e mais a cada dia. Eu lhe carregaria e beijaria dos seus pés aos seus pensamentos sem cair em qualquer obviedade. Eu lhe faria menina, moça, mulher ao mesmo instante ou em períodos distintos. Eu lhe seria tudo o que sinto. Eu falaria aos seus ouvidos sem censuras ou frescuras todo meu sentimento. Eu faria, se pudesse, todas as suas vontades. Eu honraria um por um dos seus desejos.
Se pudesse, mimaria você com altas e fartas doses de fantasia. Eu lhe daria os contos de fada, com todos os finais felizes e era uma vez que você tem direito. Eu buscaria sempre o que vem depois do perfeito. Eu confessaria a cada segundo que sempre quis ser do seu mundo o eleito. Eu me casaria com você toda lua cheia de mel. Eu lhe abraçaria pele a pele como uma cacharrel. Eu floresceria os espinhos para nenhum deles ousar sequer lhe arranhar. ...
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07/08/2014 -
Ai...
Ai, coloca-me perdido. Ai, faça-me proibido. Ai, deixa-me desinibido. Ai, eleja-me seu bandido. Ai, dê-me como lido. Ai, toma-me caído. Ai, tenha-me decidido. Ai, sinta-me partido. Ai, arranca-me um gemido. Ai, chora-me esquecido. Ai, anota-me querido. Ai, apavora-me o sentido. Ai, beija-me ao pé do ouvido. Ai, queira-me por marido. Ai, ama-me comigo.
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06/06/2017 -
Ainda confesso
Eu já ensaiei tantas vezes, já pensei em inúmeras cenas, mas não consigo saber como te dizer o que trago cá dentro de mim. É algo tão forte e tão vivo que eu acho que pode ser usado para vencer a morte. Eu queria já ter dito, mas quando estou com você eu engulo as palavras, minha língua trava e todo ensaio vai às favas. É difícil admitir, assumir, gritar que eu te quero ao meu lado, que eu não desejo que se vá, e que eu anseio por um beijo desse de rodopiar. Eu te tenho tanto amor, mas o medo do não tem me impedido de confessar aos seus ouvidos o que sinto. Perco-me em labirintos, choro litros, ganho pitos do meu coração, mas não sei mais não como viver sem poder sentir sua pele, roçar seus lábios, deitar em seus perfumes. Eu e você, você e eu, tudo para dar certo, mas é tão incerto o que somos. Se eu tivesse coragem de me expor, de botar pra fora esse amor, talvez você me visse como algo além do que mera paisagem.
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02/09/2014 -
Ainda dela
Você me chega do nada puxando conversa, e entre um riso e um olhar impreciso vai logo perguntando que hora é essa. E eu não sei se é dia ou noite, pois desde que ela se foi eu só conto o tempo pelo tempo sem ela. Mas você insiste e me puxa pelo braço, será que não sabe que o coração poeta é feito de barro e não de aço. E barro se desmancha. E barro se esfarela. Ah, tão bela se eu pudesse moldaria o meu amor ao seu corpo de esplendor, mas eu sou dela, mas eu ainda sou dela, nem que isso só for verdade no meu sonhador. Sinto lhe dizer, mas antes de bem me conhecer precisa me esquecer porque não hei de querer fazer ninguém sofrer como sofro por ela. Não se prenda a mim, vá viver a sua vida. Por que se apaixonar por alguém que não consegue se convencer de uma despedida? Botou-me pra fora, mas eu não fui, não, não fui embora. Não chora pra não borrar essa pele de cetim. Você pode e deve ser feliz sem mim como o jardineiro é infeliz sem seu jardim. Não crie raízes no meu peito. Não brote em mim nem por despeito. Tenha respeito, sinta saudade, mas cultive seu amor-perfeito distante da minha tempestade. Se eu pudesse deixar tudo para trás eu deixaria, mas para deixá-la eu preciso me deixar, e sem mim eu não existiria, como pode um poeta viver sem sua poesia. E hoje ela ainda é meu verso, meu reverso e meu controverso. Quem sabe um dia se ainda me restar fantasia eu lhe faço essa mulher, a minha mulher, que hoje tanto você queria.
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11/05/2015 -
Ainda elas
Madalena me pediu uma rena. Anastácia achou tudo uma falácia. Jurema só me trouxe problema. Rosa me deixou antes do fim da prosa. Gertrudes foi mais do que eu pude. Minerva queria porque queria ser serva. Natália foi falha. Suzana estava sempre em outra semana. Bruna se misturava na bruma. Sofia tinha ciúme da Lia. Carla me queimava como lava. Ana vivia de cana. Gabriela não saia da minha janela. Letícia me dava preguiça. Mariana era sorrateira e fatal como ratazana. Aghata exibia uma aliança de prata. Doralice gostava de uma crendice. Eloá era doce feito ingá. Manuela já não era mais donzela nem aquela Manuela. Aline tinha a envergadura de um cisne. Nicole dizia me bole como quem diz me acolhe. Isadora queria tudo para agora. Luiza era lisa, lisa, lisa... Marjorie não era de ouvir. Sabrina era tão, mas tão selvagem que só lhe faltava a crina. Lorena era um amor de pequena. Bianca tinha olhinhos de santa. Thais nunca me deixou ser feliz. Isabel tinha qualquer coisa de fel. Sara tinha as mais estranhas taras. Brenda tinha tantas fendas. Ester sabia ser mulher. Beatriz era nobre como flor-de-lis. Marcela era tão colorida quão uma aquarela. Alessandra morava praticamente na varanda. Ada era toda errada. Tainá assoviava, cantava e pulava qual sabiá. Safira não tinha mira. Filipa empenava como ripa. Maitê me enchia de porquês. Clarice se metia em tantas tolices. Verônica era uma mulher-tônica. Julieta tirava tudo de letra. Margarida era mais fingida que florida. Elisabete tinha um instinto pivete. Nair não era de vir. Úrsula tinha vontades esdruxulas. Luma se enfeitava de pluma. Aurora até hoje ainda chora. Jacqueline era de se hipnotizar por vitrine. Jade se apaixonou por um padre. Soraia era de praia .Cleide me chamava para rede. Agnes era pura como se não fosse de carne. Heloísa era mansa como brisa. Nara não tinha só uma cara. Elvira dava birra. Leonor não era de nascer, mas de se por. Dominique dava chilique. Malu me queria nu. Hana vinha toda insana. Kimberly era arisca como bem-te-vi. Tarsila amava uma garrafa de tequila. Conceição era de muito sim e pouco não. Zoé não me deixava em pé. Abigail como entrou, saiu. Amélia tinha espinhos de bromélia. Julie não ficou muito por aqui. Yohanna já foi cigana. Acsa estava entre a cauda e a asa. Adelaide não sabia o que era saudade. Pandora ainda me ignora. Vanusa sempre foi escusa. Flora me pedia: aflora. Léia era a dona da alcateia. Afrodite adorava dar palpite. Jaciara era de aparições bem raras. Ashley não obedecia a homem, mulher ou lei. Aimée chegava com cheiro de buquê. Yollanda amanhecia com olheiras de panda. Celeste não tinha norte nem leste. Emma era o próprio poema.
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18/04/2015 -
Ainda há esperança
Não se lance à lança, pois ainda há esperança. Há esperança em nossas andanças. Há esperança de criança no peito adulto, crescido, idoso... Há esperança de fazer, de acontecer, de ser diferente. Há esperança de ir além do aquém que há no desdém do destino que passa fazendo arruaça. Há esperança no que está por vir, pois enquanto houver futuro nada está perdido. Há esperança de ter o que se queria ontem, amanhã, pois amanhã será ontem depois de hoje. Há esperança em tudo o que nasce, o que brota, o que vinga, o que cresce, o que raia... Há esperança no riso, no beijo, na flor. Há esperança sempre que acontecer um novo amor. Há esperança no gosto da fruta que ainda não madurou, na cor do botão que ainda não abriu, no som do pássaro que ainda não voou. Há esperança no que é incerto, assim como há beleza na incerteza. Então, por maior o desespero, não se lance à lança, pois ainda há esperança.
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01/05/2010 -
Ainda hoje, é assim
O coração acelera, vai a 300 km/h. Um nó insiste em amarrar a garganta. Um vento dolorido e choroso rema pelo horizonte. Um motor ronca triste ao fundo. Ainda hoje, anos e anos depois, é assim. Pode estar tudo bem, mas há um clima de desconforto. Em cada sorriso, um que de tragédia. Ainda é possível ouvir os gritos desesperados do silêncio. Ainda hoje, anos e anos depois, é assim. Exatamente assim.
Ainda é difícil acreditar, entender, explicar. Ainda é difícil esquecer. Ainda é difícil imaginar como seria o hoje se não houvesse o ontem. Ainda é difícil torcer por outra pessoa. Ainda é difícil acordar no dia de hoje. Ainda hoje, anos e anos depois, é assim. É assim uma tristeza descabida, uma emoção constantemente revivida. É assim uma expectativa de que o fim tenha enfim um final feliz. ...
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04/06/2010 -
Ainda lá
Lá e ainda lá é possível respirar o cheiro de capim molhado impregnado no ar. Lá é permitido desenhar com os pés na terra orvalhada. Ainda lá os pássaros fazem poleiro das galhas de um coqueiro. Lá e ainda lá as santas têm andores de madeira no canto da sala. Lá e ainda lá a vida segue em charretes. Lá as calças rasgadas são remendadas em pedaladas de uma máquina de costura. Ainda lá as bocas têm gosto de ingá. Lá e ainda lá o coração de quem ama é de tafetá.
Lá e ainda lá a chuva nos empurra para debaixo da coberta. Lá até o estômago barulha em som de seresta. Ainda lá é possível fazer festa todo dia com o nascimento de um bezerro, de uma estrela, de uma cotovia. Lá e ainda lá poesia se pega no anzol e o céu está livre do besteirol da televisão. Lá a boneca tem cabelo de espiga de milho e o romance tem mais tomilho. Ainda lá a gente se encanta e espanta com tanta crendice. Lá e ainda lá o amor nos choca sobre as asas da boa e velha caipirice. ...
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