Daniel Campos

Prosas

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19/09/2014 - As tatuagens de agora

Como você foi se transformar nisso? Foi um declínio vertiginoso. Tudo se perdeu em tão pouco tempo. Mudou de papel, da princesa à bruxa má ainda no meio da história. Fiquei sem entender e passei a conjugar o verbo sofrer em todos os tempos quando depois que você havia me ensinado a escrever felicidade em caixa alta. O que houve? Como pode ter se transformado nessa criatura pouca? Se você fosse isso o que é hoje jamais teria me apaixonado. Teria lhe ignorado, pois é o que essa pessoa que se tornou merece. ...
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18/09/2014 - Mãos sujas

Já parou para pensar como vai conseguir viver com isso? Você matou uma pessoa que tinha tantos sonhos. Matou da pior maneira, como não se mata nem o pior dos bandidos. Matou dando esperança. Graças a você essa pessoa nunca mais vai conseguir ser feliz. E isso não é pouco. Será que algum dia vai conseguir dormir tranquilamente tendo cometido tal monstruosidade? Uma pergunta que sabemos a resposta. Por mais fria e prática e calculista e desapegada que queira ser, não vai conseguir se livrar dessa macha. E não pense que o passar do tempo vai amenizar esse peso. Pelo contrário, por todos os seus dias esse crime vai repercutir em seu ser de uma forma ou de outra. Haverá aqueles dez segundos de arrependimento e então se deparará com uma dor ainda maior: a de que o seu arrependimento não lhe valerá de nada. Vai lembrar para sempre dessa morte trágica do amor, morte matada, diga-se de passagem, que vai se embrenhar por suas mãos, tirar o brilho de suas unhas, envergonhar suas linhas do destino. Você matou um apaixonado. Talvez o último deles forjado com essa intensidade. Aproveita enquanto essa ferida é recente porque depois ela vai se enraizar e tomar de conta da sua existência. Você está condenada a viver essa dor. Não sou a favor de castigo, mas de todos paguem pelo que fizeram de mal a alguém. E você vai pagar com essa lembrança dolorida que irá se manifestar nas horas mais importunas. Você matou um homem que era capaz de fazer tudo e mais um pouco por você. Você matou quem se entregou de forma única a você. Você matou aquele que só fez lhe cuidar. Que a falta de reconhecimento, de gratidão e até de perdão não lhe enlouqueçam mais dia menos dia. Que suporte sobre os ombros o defunto que criaste. Um defunto que não se consegue enterrar, mas arrastar por séculos sem fim. Beba, divirta-se, faça terapia tendo a certeza de que nada vai lhe trazer paz de espírito. Você acabou com os desejos, fantasias, expectativas daquele ser humano que se sacrificou por você a troco de nada. Ou melhor, a troco de dor, de descaso, de solidão. Faltou respeito e sobrou impunidade. Até quando? Até consciência acordar e declarar guerra. Pode eliminar todas as provas e indícios, mas quem mata, ainda mais um homem grávido de amor, fica pela eternidade com as mãos tão sujas que nem os esmaltes mais caros hão de conseguir disfarçar.


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17/09/2014 - Me engana que eu gosto

“O sentimento não mudou, eu tive que mudar”. Muito lindo de se ler e até de se guardar para vida toda no melhor do coração se não fosse mentira. Se o sentimento, de fato, não tivesse mudado, o tratamento seria outro. Não há sentimento da forma como está contextualizado que admita ser espectador de tamanha crueldade. Portanto, e para tanto, a afirmação é muito bonita, mas não passa de uma frase de efeito. Certas mudanças exigem renúncias e transformações interiores. Não há como o sentimento ser mantido intacto em um corpo que prova a todo instante que está muito longe de agir como prega. E eu sei muito bem a diferença entre amor-poético e amor-publicitário. O marketing-coração impressiona, mas é só uma propaganda com ares de perfeição. E eu não vivo de amor de propaganda. Eu vivo de amor que extravasa, que abusa dos limites, que não se preocupa com opinião alheia, que não se vende. Será que me acha tão imbecil para acreditar em qualquer lorota, para eu cair como um patinho em qualquer frase pronta. A afirmação de que o sentimento não mudou na verdade é uma negação, pois você nega tudo o que existe para dizer tal inverdade. Quer que eu acredite no engodo desse amor-publicitário por ignorância ou má-fé, pura e simples? ...
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16/09/2014 - A mulher (indigna de ser) amada

A mulher amada não tem consciência de até onde ela pode chegar no quesito perversidade com quem a ama. Ela é capaz de matar lentamente só pelo prazer de ver o ser que é capaz de fazer tudo por ela prostrado, agonizando, sangrando. É como a gata que brinca com a caça antes de devorá-la. Ela sabe jogar como poucas mãos de ases. Sabe enredar, envolver, se vender em sentimento só para depois descartar sua vítima como uma viúva negra que mata mais por esporte do que por fome. A mulher amada não tem limite para fazer sofrer quem só faz amá-la. Tem a capacidade de colocar uma agulha venenosa no cerne de cada fraqueza de quem a ama. Ela fere onde mais dói. É especialista nisso. Ela brinca com o corpo, com a mente, com o coração que são a ela entregues. Não importa a ela respeitar, mas ser respeitada a qualquer preço. Sua “honra” vale mais do que qualquer história de amor. Tem crises de amnésia muito convenientes ao seu bem-estar. E sabe tirar uma desculpa da manga como ninguém. A mulher amada é o umbigo do seu mundo, nada é mais prioritário do que ela mesma. E ela age para isso o tempo todo – para satisfazer a si mesma sem pensar em quem vai ferir. Ah! A mulher amada tem o dom de ferir. Ferir com palavras e ações. E principalmente, ferir com sua omissão. Quantas expectativas depositadas na mulher amada e quanto ela concretiza? Ela só faz o que interessa a ela. O ser que a ama é usado, reusado e depois descartado sem o mínimo de compaixão. Ela sabe muitíssimo bem a diferença do ouro e do lixo, ah como sabe, não havendo qualquer desculpa para o seu modo de tratar. Quando ela trata a criatura que a ama como lixo é exatamente isso o que ela quer fazer. Ela conhece seu poder de destruição. Não importa o que você faça para ela, ela continua insensível ao que você sente, prova, demonstra... A mulher amada é uma pedra lapidada em matéria de beleza, mas que lhe apedreja como pedra bruta. É rosa que, quando quer, só se dá em espinhos. A mulher amada humilha para ser ainda mais superior, pois ela quer sempre estar acima do bem e do mal. A mulher amada não aceita leis, julgamentos, regras. A mulher amada faz tudo conforme sua vontade. A mulher amada é um poço de intenções secretas que só dizem respeito a ela. A mulher amada é o quinto inferno de Dante. A mulher amada quer conquistar, aumentar seu império, escravizar novos corações, ter o impossível aos seus pés, só para desprezar. A mulher amada vive o amor a sua moda, a moda que satisfaz única e exclusivamente a ela. O amor lhe é útil para trazer o que quer, na hora que quer, da forma que quer. A mulher amada tem a força de um exército. E é impiedosa como tal. Mata no calor da emoção ou a sangue frio em nome dela mesmo. A mulher amada se aproveita dos amores mais puros, do que lhe é oferecido com mais verdade, da entrega mais intensa e propensa ao infinito. É nesse terreno que ela gosta de semear sua ilusão mais desesperadora. A mulher amada adoece e enlouquece quem a ama, pois ela sabe se dar sem se dar. A mulher amada mancha a fé de quem acredita no amor. A mulher amada diz da boca pra fora que se coloca no lugar de quem a ama, pois ela jamais quer ter outra visão senão a dela. O egoísmo é sua principal qualidade. É como uma dessas deusas da antiguidade que quer seus fieis ajoelhados, adorando-a o tempo todo. Ela planta no íntimo de quem a ama a ilusão de que ama quando na verdade ela só sente amor por si. A mulher amada não ama ninguém a não ser ela. Ama receber elogios, ama ser cuidada, ama ser paparicada, mas não é capaz de oferecer nada em troca senão sua vaidade para ser alimentada. A mulher amada é uma farsa, mas tão bem maquiada, construída e orquestrada... Cuidado, a mulher amada não é de confiança, ela trai na calada da noite fazendo todo o amor que você dedicou a ela parecer uma grande tolice. Tolos, tolos os que deixam se envolver por essa mulher que se diz digna de ser amada quando na verdade é indigna do amor que lhe é destinado. A mulher amada é um câncer no coração apaixonado, que quando dá conta está batendo sem vida. Faça a biopsia no coração de quem a ama e achará nas entranhas desse tumor (benigno) maligno a identidade da mulher amada. A mulher amanda recebe amor e devolve solidão na mesma medida.


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15/09/2014 - Dor e silêncio

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14/09/2014 - Amo e de tanto amor

Amo e de tanto amor lhe quero perto. Amo e de tanto amor faço-lhe oásis do meu deserto. Amo e de tanto amor lhe quero bem. Amo e de tanto amor quero ser seu também. Amo e de tanto amor lhe quero mais. Amo e de tanto amor ainda nos vejo por entre os casais. Amo e de tanto amor lhe quero feliz. Amo e de tanto amor declaro que você é tudo o que eu quis. Amo e de tanto amor lhe quero apaixonada. Amo e de tanto amor entro em seus sonhos em plena madrugada. Amo e de tanto amor lhe quero viva. Amo e de tanto amor faço-lhe imperatriz, estrela, diva. Amo e de tanto amor lhe quero sempre. Amo e de tanto amor busco uma de suas sementes. Amo e de tanto amor lhe quero infinita. Amo e de tanto amor eu lhe ponho aflita. ...
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13/09/2014 - Toca em frente

Não fale mais nada. Diga adeus a essa estrada. Deixa para nunca mais o que não pode ser agora. O peito chora soluçado. As estruturas que sustentavam o coração foram implodidas. E eu, cavaleiro do sentimento, sigo em disparada de olhos fechados meio que sem querer saber de nada. Cavalgo a pelo segurando nas crinas do tempo. As lágrimas ventam. O grito ecoa. As mãos suam. Poemas e mais poemas vão formando meu rastro.


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12/09/2014 - Quê? Qual? Como?

Que roupa você veste? Qual a cor do esmalte que cobre suas unhas? Posso saber qual perfume impregna em você? Com que bolsa resolveu ganhar as ruas? Pergunto a você ou ao chão que você pisa sobre seus sapatos? Quais joias resolveu tirar das caixinhas? Quais tons ganharam seu rosto em pinceladas? Seus lábios estão coloridos de quê? Cabelo solto, rabo de cavalo ou outro penteado? Acessórios? Que lanchinho lhe acompanha neste dia? Tem mais, tem mais, tem mais poesia? Quanto suou na academia? Quais movimentos você executou? No que pensou debaixo do chuveiro? Qual sua roupa de cama? Sonhou? Seguiu com a dieta do café da manhã? Em quanto tempo você fez da sua casa ao trabalho? Qual foi a primeira música que ouviu hoje? Foi bem recebida pelo sol? Que sorriso você veste?...
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11/09/2014 - Matado no mato

Mata-me no mato. Abandona meu corpo no capinzal. Deixa-me virar terra por entre raízes ancestrais. Que o verde me cubra e me proteja de todo mal. Que os galhos me abracem. Que as ramas me saúdem. Que os pés disso ou daquilo sejam meus pés. Que os bambuzais se verguem para me achar tão perdido quão achado. Que as folhas me vistam. Que os pássaros me avistem. Que a chuva me irrigue. Que para além de comida ou esterco, eu seja mato. Mata-me no mato.


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10/09/2014 - Do ar

Sou do ar. Sou feito do vento que agita as folhas das árvores, ainda verdes em copas frondosas ou secas já em decomposição junto à terra que a tudo devora. Sou o ar que sustenta as asas dos que sonham em viver para além do chão. Meu signo é do ar. Meu coração está oco como os ossos dos pássaros, cheio de ar. Sou sopro. Sou o vento que flameja bandeiras, que move veleiros, que preocupa as mulheres de saia. Sou o ar que alimenta a chama da vela acesa aos deuses e demônios e que ainda explode em labaredas dando altura ao balão. Sou ar em movimento. Sou vento verde levando beijos frescos às bocas amadas. Sou o último suspiro de vida ou de esperança. Sou do ar como os anjos e os mosquitos. Adorem-me ou me matem, continuarei ar. ...
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