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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 72 de 320.
26/11/2014 -
E então isso e aquilo
E então me beijaram. E então me arranharam. E então me apaixonaram. E então me despiram. E então me sorriram. E então me viram. E então me procuraram. E então me acharam. E então me pegaram. E então me sumiram. E então me reencontraram. E então me tomaram. E então me possuíram. E então me despiram. E então me estranharam. E então me morderam. E então me bateram. E então me prometeram. E então me falaram. E então me calaram. E então me roubaram. E então me leram. E então me compreenderam. E então me tomaram. E então me arrepiaram. E então me puxaram. E então me gozaram. E então me enlouqueceram. E então me venceram. E então me viveram. E então me dominaram. E então me soltaram. E então me inflaram. E então me roeram. E então me escreveram. E então me doeram. E então me acompanharam. E então me juraram. E então me amaram.
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25/11/2014 -
Eu quero mais
Eu quero você um pouco mais. Eu quero você como se querem os casais. Eu quero você de um jeito diferente. Eu quero você no futuro do presente. Eu quero você na chegada da chuva. Eu quero você com olhos de viúva. Eu quero você me querendo. Eu quero você de olhos fechados me vendo. Eu quero você pela semana. Eu quero você dizendo que me ama. Eu quero você adocicada na medida exata. Eu quero que você não parta. Eu quero que você volte. Eu quero que você me note. Eu quero você no meu prato, no meu copo, no meu espelho. Eu quero você suspirando em meus cabelos. Eu quero você amada, enfeitiçada, ladeada por tudo o que sou. Eu quero você alongada pela estrada onde meu destino destinou. Eu quero você ao meu lado. Eu quero você preenchendo o meu passado. Eu quero que você recupere seu lugar. Eu quero você em todas as estações dessa linha chamada amar. Eu quero você até o fim. Eu quero você de volta no nosso jardim. Eu quero você acendendo os vagalumes. Eu quero sentir novamente os seus perfumes. Eu quero você soprando mais uma vez as velas do meu saveiro. Eu quero você de corpo inteiro. Eu quero você fechando no meu ângulo. Eu quero você num quadrado, num hexágono, num triângulo. Eu quero sentir a magia dos seus temperos. Eu quero viver em seus viveiros. Eu quero riscar seu diário com minhas flechas. Eu quero adentrar por suas brechas. Eu quero matar a saudade da sua voz. Eu quero reencontrar a cidade perdida de nós.
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24/11/2014 -
Perfume da memória
De vez em quando, sobe um cheiro de mato pelos confins do meu tempo. Perfumes de capim molhado, de raiz forte, de fruta madura vão se misturando pelo estradão das minhas memórias. Tudo vai ficando tão nítido e tão perto novamente de mim. É como se eu vivesse uma época que já não existe aqui do lado de fora. A essência da terra molhada vai calando lá no fundo das minhas lembranças. Numa chuva volto a ser criança, menino-sonhador. Fecho os olhos e vejo um latido fazendo festa, cheirando a cachorro molhado, chacoalhando a chuva que tomou. O galo canta limpo, como se a água limpasse sua garganta. As pererecas fazem festa, assim como os sabiás, bem-te-vis, curiós. O joão-de-barro já prepara a reforma da sua casa. A galinha chama os pintos pra debaixo de sua asa. A pitanga, o caju, a jabuticaba vão ganhando ainda mais gosto no pé. O vento vai regendo a perfumaria. Um balé de cheiros entranhado no meu temporal que a chuva, outra vez, coloca em pleno movimento.
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23/11/2014 -
Seu Liberato manda chuva
Seu Liberato, caboclo do mato, converse, por favor, com as nuvens pra chuva mudar o retrato dessa paisagem. Ocê que entende e fala a língua dos ventos, traz as nuvens negras, carregadas de água e sentimento. Vê o sofrimento do lavrador. Escuta o lamento das árvores que morrem à mingua nessa sequidão. Tem planta lá do morro que já nem grita mais por socorro tamanha rouquidão. Mas ocê, seu Liberato, que é feito do sangue do mato, pode ouvir o coração empoeirado, seco e atrofiado desses campos que não cansam de pedir chuva aos santos. É tanto pó que a estrada anda ruiva. A mina já não corre mais pras bandas do seu mundo. O poço da casa grande agora tem fundo. O desespero de bicho, planta e gente é profundo. Peça para Tupã que traga água para essas crias que ardem numa febre terça. Que venha a chuva antes que a terra do amanhã tenha olhos de viúva.
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22/11/2014 -
Saldo
Eu queria não contar moedas, mas contar estrelas. Eu queria só ter cartões de eu te amo. Eu queria me preocupar apenas com o que diz meu coração. Eu queria perder o sono por uma única causa: brincar de amor. Eu queria que minhas contas fossem as contas dos meus orixás. Que queria um banco de sentimentos. Eu queria ter crédito com deus. Eu queria receber meus sonhos à vista. Eu queria não ter hipotecado minha esperança.
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21/11/2014 -
Planta sonho, planta
Planta um pouco de sonho nessa sua vida, companheiro. Ara fundo as terras do seu coração, terras essas tão endurecidas pelo tempo. Semeia fantasia, joga essas sementes sonhadoras todo santo dia. Os corvos da realidade vão vir pra cima da sementeira, mas nada que um bom susto na dor não resolva. Suja suas mãos de sentimento, sim, coloca a mão no coração, pegue as emoções nem que seja a unha. Faça da sua vida uma razão a ser sonhada. Não pense em quanto tempo demorará a colher, mas no fato que é preciso plantar sem parar, pois a vida é cíclica, nasce, cresce e morre a todo instante. Planta, companheiro, uns bons punhados de sonho nessa sua existência. Tira as sementes do seu interior desse estado de dormência.
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20/11/2014 -
Dentro de mim moro eu
Pra onde quer que eu vá levo você nos meus porta-retratos interiores. São quadros e mais quadros pendurados nos vãos, nos corredores da minha alma. São pinturas enraizadas de memórias passadas, presentes e futuras. São resquícios de um tempo completo em mim. São sinais de uma vivência intensa propensa à eternidade. Tudo o que vivi e o que sonhei viver flutuam no oceano do meu sentimento. Muitas lembranças estão foram de ordem, mas se encaixam perfeitamente. Tudo o que eu tenho é o que eu fui e o que eu quis ser e o que eu achei que seria mais dia menos dia.
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19/11/2014 -
Final caprichado
Eu quero um final épico. Quero tudo o que me é de direito. Quero todos os olhos. Quero todos os aplausos. Quero todo o silêncio que puderem me dar. Quero um final apoteótico. Quero tudo o que não tive, e do que tive quero ainda mais. Quero o ápice, o auge, o apogeu. Quero todo sentimento, carga máxima mesmo. Quero uma enxurrada, uma tempestade, um tsunami de emoções. Quero o que há além dos limites. Quero toda licença poética. Quero os sentidos em carne viva. Quero doses e mais doses de fantasia, de sonho, de esperança. Quero fechar a conta em grande estilo. Quero quebrar as regras no tocante à imaginação. Quero adentrar as dimensões paralelas que já fazem parte mim. Quero meu tempo de ponta-cabeça. Quero ganhar na cartada final nem que for num blefe. Quero me lançar ao infinito perdidamente apaixonado.
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18/11/2014 -
Quase todos
Quase todos os caminhos são tortos. Quase todos os sonhos não se realizaram. Quase todos os heróis estão mortos. Quase todos os tempos estão no passado remoto ou no futuro distante. Quase todas as paixões estão prometidas ou comprometidas. Quase todos os fins saíram diferente do que se pensou. Quase todos os pecados foram perdoados. Quase todos os deuses caíram no esquecimento. Quase todos os planos deram n’água. Quase todos os mundos perderam seus fundos. Quase todos os poetas se perderam. Quase todos os papeis estão ao vento. Quase todos os sóis se apagaram. Quase todos os rios secaram. Quase todas as cores desbotaram. Quase todos os povos se esqueceram. Quase todas as estrelas se apagaram. Quase todas as frases foram quebradas. Quase todos os começos foram recomeçados. ...
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17/11/2014 -
Ninguém cala Seu Tupinambá
Seu Tupinambá não fala, brada. Seu Tupinambá é ouvido em toda estrada. Seu Tupinambá é de um coração ensurdecedor. Seu Tupinambá se expande por todo templo. Seu Tupinambá é a voz da razão do além-tempo. Seu Tupinambá é atroador. Seu Tupinambá chega de uma vez e não fica de ronda. Seu Tupinambá estronda. Seu Tupinambá é explosão. Seu Tupinambá é trovão. Seu Tupinambá não é de um povo silencioso. Seu Tupinambá é estrepitoso. Seu Tupinambá é troante. Seu Tupinambá é de uma voz destoante. Seu Tupinambá é retumbante. Seu Tupinambá é o grito da mata. Seu Tupinambá é som que não se mata. Seu Tupinambá é o canto fragoroso. Seu Tupinambá é estrondoso. ...
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