23/11/2014 - Seu Liberato manda chuva
Seu Liberato, caboclo do mato, converse, por favor, com as nuvens pra chuva mudar o retrato dessa paisagem. Ocê que entende e fala a língua dos ventos, traz as nuvens negras, carregadas de água e sentimento. Vê o sofrimento do lavrador. Escuta o lamento das árvores que morrem à mingua nessa sequidão. Tem planta lá do morro que já nem grita mais por socorro tamanha rouquidão. Mas ocê, seu Liberato, que é feito do sangue do mato, pode ouvir o coração empoeirado, seco e atrofiado desses campos que não cansam de pedir chuva aos santos. É tanto pó que a estrada anda ruiva. A mina já não corre mais pras bandas do seu mundo. O poço da casa grande agora tem fundo. O desespero de bicho, planta e gente é profundo. Peça para Tupã que traga água para essas crias que ardem numa febre terça. Que venha a chuva antes que a terra do amanhã tenha olhos de viúva.
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