Daniel Campos

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30/08/2013 - Nando "Super Chef" Cunha

Podem falar o que quiser, mas Nando Cunha é um prato tipicamente brasileiro. Um prato de raiz, que traz influências ancestrais e o tempero do dia a dia. É o Nando da feijoada, do ovo-frito, do arroz agulhinha. A nossa alma tupiniquim não fala a língua das iguarias rebuscadas, de mil talheres e de um visual gourmet contemporâneo. A nossa alma é das quitandas, dos picadinhos, dos comes e bebes, das comidas de boteco e de feira, das macarronadas de domingo, das frigideiras do samba. E nisso Nando Cunha é nota 10, legítimo representante dos nossos Joões e Marias em qualquer jogo de panela....
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29/08/2013 - Novo hóspede

Coloque mais um prato sobre a mesa. Bote mais água para ferver. Prenda o cachorro. Tire o pó do quarto de hóspedes. Arrume um sorriso, na verdade, uma galeria deles. Separe algumas roupas para ocasiões especiais. Mexa na agenda do dia a dia. Prepare-se para oferecer sua melhor bebida.

Prepare-se para fazer sala, muita sala. Leia um pouco disso, veja um pouco daquilo, atualize-se sobre todos e sobre tudo. Acostume-se a dormir mais tarde e a acordar mais cedo, ou a não dormir. E também não se importe se terá que mudar essa ou aquela receita para agradar quem vem por aí. ...
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28/08/2013 - Falando e falando de amor

Cruza a rua falando de amor. Aria as panelas falando de amor. Grita, murmura ou assovia falando de amor. Digita seu texto falando de amor. Acenda velas falando de amor. Vista-se e dispa-se falando de amor. Toma café falando de amor. Deita na cama falando de amor. Pague contas falando de amor. Arruma a casa falando de amor. Molhe as plantas falando de amor. Converse com o cachorro falando de amor. Tome banho falando de amor. Perfume-se falando de amor. Ande de um lado e do outro falando de amor. Abrace, beije e morda falando de amor....
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27/08/2013 - Esse bicho

É essa coisa no peito, revirando, moendo, torcendo. Muita gente fala de nó na tripa, mas o que eu tenho é nó no peito. E são vários nós. É uma coisa que ata, que embaraça, que aperta. Difícil explicar. Uma sensação de angústia, de agonia, de “nada vai dar certo”. Nós pessimistas. O coração bate como que machucado, como que sem espaço, como que açoitado. Fica difícil até para respirar fundo. E quanto mais raso se respira, mais difícil fica viver e conviver e reviver como se deve.

É como se tratores com aqueles implementos pesados que reviram tudo, deixando tudo fora do lugar, fossem e voltassem dentro do meu peito dia e noite. Por fora, demonstrações de cansaço, fadiga, desânimo. Por dentro, marcas e mais marcas. Falam de encosto sentado sobre nossas costas, mas eu quero falar de um encosto acomodado dentro do peito. Um encosto sem rosto e com tantos rostos ao mesmo tempo. Um encosto que não aceita reza, perdão ou rendição. ...
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26/08/2013 - Hoje acordei...

Hoje acordei e o jornal já tinha sido lido pelo cachorro, que latia das principais manchetes do dia até as previsões do horóscopo. Hoje acordei e o bule de café tinha já ido embora com a jarra de leite. Hoje acordei e o mundo estava de pernas para o ar, como se a faxineira se esquecesse de desvirar os móveis ao final do serviço. Hoje acordei e o pão estava com alergia à manteiga e brigado com o requeijão. Hoje acordei e minha roupa de trabalhar estava de folga.

Hoje acordei e a televisão insistia em me dizer o que era para ser feito e desfeito. Hoje acordei com a sensação de ter dormido de menos, mesmo sabendo que havia dormindo demais. Hoje acordei com o sol estapeando minha cara. Hoje acordei com o caminhão do lixo recolhendo o que até ontem era importante para mim. Hoje acordei com a caixa do correio abarrotada de más notícias. Hoje acordei com o destino martelando meus ouvidos. Hoje acordei e os santos não me disseram nada de novo.


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25/08/2013 - Amor etc amor

O amor cresce de surra em surra como pão sovado. O amor gira como cata-vento. O amor aparece e some como truque de mágico. O amor é como uma roleta russa, com segredos e mistérios sobre morte e vida. O amor cai e levanta e volta a cair e a se levantar e gatinha e rasteja como criança aprendendo a andar. O amor luta como qualquer ser vivo para sobreviver, utilizando de instintos, crenças e trapaças. O amor é a carta que a cartomante esconde na manga por conveniência ou medo.

O amor é uma música sempre inédita, por mais cantada que seja. O amor é a fera que grita e a brisa que excita em sopros de criação, de ilusão, de uma falsa e bem-vinda mansidão. O amor é o ato impensado de construir o que está destruído e vice-versa. O amor é o nós que não desata e o pó que não solta e o curió que dança. O amor é sempre o que ainda não foi dito e, o que está para ser dito e o que precisa ser dito. O amor é o duelo sem vencedor e perdedor entre o bendito e o maldito que palpita em nós.


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24/08/2013 - De pés descalços

De pés descalços, ela passa por jardins de flores, de homens, de pedras. De pés descalços, arrasta sua túnica por reinos que lhe chamam de mãe, de rainha, de imaculada e também por reinos que negam sua existência, sua trajetória, sua importância para a humanidade. De pés descalços, canta canções de ninar como que querendo embalar o sono e os sonhos de seus filhos. De pés descalços, ela pula de estrela em estrela para chegar mais perto daqueles que a chamam.

De pés descalços, ela perfuma o chão de esperança, fazendo brotar sementes de um amor incondicional. De pés descalços, ela entra com simplicidade nas casas que a chamam de Auxiliadora, de Conceição, de Perpétuo Socorro, de Glória, de Apará. De pés descalços, ela percorre as estradas mais íngremes e doloridas sem emitir uma reclamação sequer. De pés descalços, ela deixa pegadas e indica caminhos. De pés descalços, ela se fere de espinhos e segue em frente, como se caminhasse em pétalas.


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23/08/2013 - Luminosidade

Se Iemanjá lhe chamar para o mar, mareie. Se Oxóssi lhe chamar para a mata, verdeje. Se Oxum lhe chamar para as águas, cachoeire. Se Xangô lhe chamar para ser seu machado, faça justiça. Se Preto-Velho lhe chamar para prosear, silencie e agradeça.

Se Nanã lhe chamar para o fundo dos rios, enlameie. Se Oxumarê lhe chamar para caminhar, serpenteie. Se Oba lhe chamar para combater, guerreie. Se Exu lhe chamar para qualquer coisa, respeite seu chamado. Se Oxalá lhe chamar para criar, criado seja. ...
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22/08/2013 - Bem-estar

Porque tudo nos leva a chorar é que devemos nos apegar com o que nos faz sorrir, com o que nos faz gostar, com o que nos faz esquecer da dor que nos sonda e ronda por todos os lados. É preciso se agarrar aos motivos que nos trazem contentamento, que colocam um pouco de unguento em nossas feridas que o mundo com essa gente doente e delinquente não deixa fechar justamente por não saber amar, por não deixar amar, não não querer amar.

Porque tudo nos leva a chorar é que devemos enxugar as lágrimas e seguir em frente, buscando novos ânimos, sonhos e desejos. Nada de viver a velar o que não deu certo. Nada de declarar luto eterno diante das fantasias caídas. É preciso ter o coração sempre aberto e por perto, independentemente se nosso caminho nos leva ao dilúvio ou ao deserto, se o que vivemos é o errado ou o certo, se o que pretendemos é provável ou incerto. ...
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21/08/2013 - Podridão humana

Andando por aí, eu conheci homens feitos da lama mais podre que o criador poderia encontrar. Homens feitos de ganância, de inveja e ciúmes. Homens que constroem seu mundo nos limites de seus próprios umbigos e que matam em nome desses reinos de mentira. E dá-lhe cinismo, trapaças e vinganças. São homens que fazem de um tudo para prejudicar, para atrapalhar, para enterrar a vida alheia. Homens de pouco ou nenhum caráter, que não conseguem olhar nos olhos e nem pronunciar a palavra amor com o mínimo de veracidade. ...
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