Daniel Campos

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Encontrados 167 textos. Exibindo página 8 de 17.

O que vai ser

O que vai ser
Do seu sorriso
Que de tão tímido
Já se escondia
Por detrás
Dos seus olhos
De areia.

Areia morena de noite
Areia revirada pelo vento
Areia sufocada pelo mar.

O que vai ser do seu sorriso
Se a noite não vier
Se o vento não soprar
Se o mar não se dar
Na areia
Dos seus olhos.

Será que o sorriso
Vai sorrir
Ou vai fugir
Até não se querer mais.


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O reino da mulher amada

O reino da mulher amada
É procurado pelos conquistadores
Que como bárbaros
Querem possuí-lo
E aprisioná-lo
E devastá-lo.

O reino da mulher amada
É uma terra rica
E fantástica
São construções
E ruas inteiras
Feitas de ouro maciço
E prata puríssima.

O reino da mulher amada
É o mito
De uma terra ilimitada
De sonhos e solidão
Uma pátria cheia de tesouros ocultos
A espera de quem os encontre...
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05/04/2015 - O sacrifício do coelho

E se o Coelho da Páscoa se apaixonasse
Numa paixão que o arrebatasse
Os ovos de chocolate seriam destinados
Todos, todos, todos, à coelha amada
Triste sina desse coelho
Que para levar a Páscoa ao mundo
Precisa negar seu sangue vermelho
Fugindo do amor raso e profundo
Porque nunca se sabe onde está
A paixão que o faria largar sua missão
De criar e entregar ovos à civilização
Simbolizando paz e ressureição
Quando seu coração está vazio...
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O sal e o sol

Nenhum
Nenhum de nós
É timoneiro
Desse mar de ilusão.

Nenhum de nós
Pode pegar as linhas
Dos trópicos
E imaginar
Que vão dar
Em algum lugar.

Nenhum de nós
Pode deixar
De ascender velas
E jogá-las a algum santo
Que descenda do mar.

Nenhum de nós
Sabe dos mistérios
Que rondam
Os faróis
As estrelas
E as sereias.

Nenhum de nós
Pode içar velas...
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14/12/2014 - O senhor da cidade

O senhor da tempestade
Chegou com pés de vento
À cidade
Tombou árvore, caiu casa
Anjo da guarda perdeu asa
Deu inundação
De terceiro grau
E muita destruição
Pelas mãos do senhor
Veio dor e solidão
Água virou punhal
Correu sangue, correu lama
Criança foi pra debaixo da gama
Gente feito gato foi pro telhado
E veio vento e veio raio e veio pedra
E veio grito e veio correria e veio queda
Foi como se o mar tivesse virado...
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O senhor do tempo

Hoje é o último dia
De tantos dias
Que ainda serão últimos

Hoje o dia nasce
Como um ultimato
Nasce como uma edição
Uma montagem barata
De tantos outros dias
Que não foram últimos
E quiçá primeiros

Hoje, e só hoje, violam-se as regras
E o ar carrega na dose
De licença poética

Hoje o tempo é verbo
E verbo subjetivo

Hoje eu nasço
Simplesmente passado
Vivo um presente do pretérito...
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O sol e a vela

A chama do sol
Aos poucos
Derrete a vela
Da espera.

Ando sem destino
Vago lentamente
Por não sei onde.

Ainda dorme?
Sonha com quem?
Sonhos, sonhos seus.

A separação
Iça o encontro
É momento
De ancorar no adeus.


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16/02/2016 - O sol se abriu

Hoje eu vi
O sol florir
E se abrir
Em gestos
Inteiramente
Para nós
Como se
Buscasse
Restos
Intermitentes
Da lua azul
Ao sul
Dos nossos
Lençóis
E avante
Achasse
Por ali
O melhor
E o pior
De nós
Dois
Sem antes
Nem depois
Num tempo
Onde a lua
Flutua
Ao vento sul
Num duo
Com criaturas
Da loucura...
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26/04/2016 - O sono

O sono
Chega como quem chega do fundo
De nós mesmos
E certeiro, firme e decidido
Leva-nos ao esmo
Dando nós e mais nós
No nosso mais profundo
Eu
Como se fosse dono
Do corpo
Que coloca para dormir
Como não se não existisse mais nada
Num sopro
O corpo fica só
E a alma dá de partir
Num ir e vir
Louco aos olhos descrentes
O corpo ali como uma casca
Ausente
De qualquer preenchimento...
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Comentários (1)

O sono da mulher amada

Não deve haver beleza maior que vê-la dormindo.
Seu corpo frágil sobre a cama.
A pele confundida com os lençóis nas cores pálidas de um anjo abajur.
Pernas dobradas como se abraçadas a um mundo qualquer.
A respiração tranqüila.
Algum pesadelo seria capaz de incomodar aquela cena?
Não, nenhum pesadelo seria tão insensível.
Os cabelos quietos no travesseiro.
Os olhos cerrados.
Os lábios como que desmaiados.
Podia ficar horas tentando decifrar seus sonhos. ...
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